Monólogos de Magrí

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N/A: Olá queridos leitores! Espero que todos tenham passado bem a virada do ano. Acho que todo mundo que escreve já lidou ou vai lidar com a chatice dos bloqueios de escrita. Tive minha dose nessa última semana, por isso que o capítulo demorou para sair rs.

Esse conto é diferente dos outros, porque ele é todo no ponto de vista da Magrí durante os primeiros capítulos de Pântano de Sangue. O que ela fez e pensou enquanto Crânio se perdia no Pantanal? Teria ela ficado de braços de cruzados...?

Boa leitura :)

A chuva caía pesada pelas ruas de São Paulo naquele fim de tarde

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A chuva caía pesada pelas ruas de São Paulo naquele fim de tarde. O trânsito que já era ruim em um dia de sol, estava caótico no horário de pico da cidade.

Carros buzinavam e passavam pelas faixas de ônibus para o desgosto dos motoristas e passageiros; fileiras de carro tentavam acessar as marginais de saída da cidade numa verdadeiro ritmo de tartaruga e muita paciência. Quem vinha no sentido interior querendo chegar a centro, também não estava com muita sorte.

Magrí havia deixado o carro na garagem já prevendo que pela chuva, seria um dia difícil para dirigir. Resolveu voltar de ônibus do hospital para casa. A viagem era muito longa e com o trânsito, ficou desnecessariamente longa. Dormiu e acordou várias vezes e parecia que não tinha saído do lugar.

Por fim, a jovem desistiu de ficar no ônibus, pois estava com muita fome e desceu no próximo ponto, ainda longe de casa.

Estava ainda no bairro do Bixiga, pois reconheceu as ruas e as casas antigas que tanto gostava. Entrou no restaurante favorito que sempre lhe trazia boas recordações. Era um pouco doloroso entrar naquela "cantina" como dizia nome, que aparentemente não tinha nada de muito especial. Era aconchegante e estilo família, com mesas e cadeiras de madeira e toalhas de piquenique como decoração. Estava com alguns poucos clientes e uma TV sem som no jornal da cidade.

Magrí pediu o risotto à moda da casa que sempre lhe dava água na boca e se acomodou numa mesa afastada, sem perceber que tinha sentado no mesmo lugar que ela e Crânio sempre ficavam quando vinham comer ali, tantas e tantas vezes, principalmente nos primeiros anos de namoro.

Quando percebeu, a moça balançou a cabeça com um sorriso triste. Havia tantos locais naquela cidade que foram marcantes para os dois e aquele humilde restaurante não era diferente.

O clima familiar típico das famílias de imigrantes italianos que comandavam o Bixiga sempre fascinavam os dois. Mas a moça sabia que o namorado tinha um apreço especial pelo bairro por uma vaga lembrança da infância, de quando visitou alguns parentes distantes que moravam na região da Sicília há muito tempo. Crânio, apesar das vagas memórias daquelas férias, sempre dizia que pensar no local lhe deixava feliz. Foi mais de uma vez que disse à Magrí que queria levá-la para conhecer a região.

A lembrança de Crânio feliz comentando sobre o lado italiano da família trouxe um leve sorriso mais alegre à moça.

Porém, uma memória, já um tanto esquecida, a respeito deles ressurgiu, apagando o sorriso como o soprar de uma vela.

Canção Vintage (Crânio & Magrí - Os Karas)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora