Acordos

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N/A: It has been a long time... Deixei as considerações para o final, não deixem de ler o recado.

— Os médicos disseram que não há muito o que se fazer no estágio que eu me encontro — continuou Andrade de forma tão tranquila que nem parecia que deu um choque no coitado do Chumbinho que ficou estático no sofá

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— Os médicos disseram que não há muito o que se fazer no estágio que eu me encontro — continuou Andrade de forma tão tranquila que nem parecia que deu um choque no coitado do Chumbinho que ficou estático no sofá.

Chumbinho se virou para Magrí e Crânio com o rosto vermelho.

— Vocês sabiam, né? Há quanto tempo sabiam?

— Desde semana passada — Crânio respondeu tentando soar frio e calmo.

Chumbinho parecia que ia explodir.

— Vocês... vocês sabiam e não me conta—

— Não queríamos estragar a visita, Chumbinho — Magrí o cortou secamente — Mas pelo jeito, falhamos.

— Não briguem, não briguem — Andrade interveio — Está tudo bem. Agora você sabe, Chumbinho e o resto não tem tanta importância.

Chumbinho não tinha vergonha de chorar, e a ironia foi que o próprio Andrade se levantou e deu tapinhas nas costas do rapaz para consolá-lo. Magrí deitou a cabeça no ombro de Crânio e limpava os olhos com um lenço. Longos minutos se passaram e a senhora era a única que não estava entendendo o que realmente estava ocorrendo ali e murmurava para o filho pedindo explicações.

Andrade respondia às indagações da mãe de forma distraída e com pequenas mentiras para não perturbá-la. Chamou a enfermeira e pediu que levasse a mãe para o quarto para descansar enquanto ele dava atenção às suas visitas. A enfermeira crispou os lábios e olhou de forma feia para os três amigos — como se os culpasse por toda aquela comoção que atrapalhava a tranquilidade da casa — mas sem dizer nada, levou a senhora para o quarto.

Magrí estava mais calma e secava os olhos delicadamente com um lenço. Sem dizer nada, sendo observada pelo noivo de forma preocupada, ela serviu mais chá para eles contendo a mão trêmula.

— Magrí, deixe que eu sirvo... — insistia Andrade, mas a moça apenas balançava a cabeça e continuava a encher as xícaras.

Quando por fim ela se sentou de novo no sofá com um leve suspiro, o silêncio caiu de vez na sala. Andrade fitava a cada um daqueles garotos — espera, eles não eram mais crianças... Com espanto, percebeu pela primeira vez as mãos largas de Chumbinho, o rosto recém barbeado de Crânio e os saltos de Magrí. Não, como foi que isso aconteceu?

Lá no fundo, o velho ex detetive sentiu uma pontada de tristeza (por mais absurda que fosse). Ele nunca pensou muito no fato de os "seus meninos" iriam crescer, virar adultos e assumir responsabilidades. De repente se sentiu mais velho e se tivesse ainda cabelo, mais grisalho. Desde o dia que descobriu a sua doença, Andrade vinha pensando no pouco tempo que lhe restava, na brevidade da vida... Em muitas coisas, desde arrependimentos até momentos felizes.

Canção Vintage (Crânio & Magrí - Os Karas)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora