Capítulo 5

3.7K 396 73
                                    




– Eu quero meu copinho – Reclamou Ícaro quando Alan entrou no estoque depois de atender um cliente.

– Está na sua bolsa? – Perguntou.

Ícaro assentiu.

– Tá, espera ai. Eu já volto.

Depois que Alan se foi, Ícaro se virou para trás para ficar olhando para Gael que tirava o pó de algumas móveis.

O menino tinha achado curioso a aparência de Gael, vendo com olhos brilhantes tudo o que era diferente. Ele tinha aprendido com seu pouco tempo de vida que nem tudo que era estranho era assustador. Ícaro, inclusive, achava surpreendente: o albino parecia uma boneca de porcelana para ele, mas sem maquiagem e vestido.

O garotinho suspirou entediado, surpreso pelo alfa não puxar assunto com ele. Normalmente às pessoas sempre o olhavam com simpatia, mas Gael não se encaixava nesse modelo.

Começou a andar pelo espaço, puxando algumas coisas do lugares. Encontrou em cima de uma das cômodas uma garrafa grande de vidro e foi logo pegando, vendo que tinha um líquido cor-de-rosa atraente dentro.

Achou impressionante e elevou aos lábios.

Gael olhou para o menino ao ouvir o som oco do vidro, vendo o garoto com sua garrafa. Seu sangue gelou na hora.

– NÃO! – Tirou com brutalidade a garrafa da boca de Ícaro que se assustou e cambaleou para trás, cortando seus lábios no canudo metálico.

Ícaro caiu sentado no chão, sentindo o gosto amargo de sangue. Olhou para Gael, confuso, antes de seus olhos se encherem de lágrimas.

Gael começou a entrar em pânico ao ouvir os rosnados baixos do garotinho que esfregava os olhos chorosos, se encolhendo.

– O que você fez, imbecil?! – Alan gritou e Gael prendeu sua respiração. Ele não tinha ideia de que o ômega estava ali.

– Perdoe-me. Eu não aspirava feri-lo – Sussurrou, se encolhendo quando via Alan pegar o garotinho no colo; uma briga já se formando em seu interior.

– Caralho, é só uma criança! Não é como se ele fosse destruir sua garrafa! – Grunhiu irritado, seus olhos parecendo chamas.

Gael não entendia como ele e Alan desferiam golpes verbais um no outro mesmo que não se conhecessem direito. Mas ele não estava surpreso: pessoas como Alan sempre eram responsáveis pelo caos.

– Você não compreende... – Fechou os olhos, buscando se acalmar. – Compartilharemos germes e parasitas se ele tocar na minha garrafa.

– Grande coisa. Você está com germes nesse momento. Ícaro não é cheio de doenças – Alan reparou que sua voz soava acusadora, o que ele sabia não ser justo. Mas Alan nunca foi justo.

– Crianças usam o palato para nutrir novas experiências. Ele, literalmente, coloca tudo na boca.

– Tá, e precisa machucar? – Revirou os olhos.

– Eu já afirmei anteriormente que não foi meu intento.

– Você tem alguma porra de doença que te deixa assim tão chato e perturbado? – Era óbvio que era Alan que estava sendo maldoso, mas ele não se importava: seu lado irracional sempre falava mais alto, e era exatamente esse seu lado que se incomodava com Gael de um jeito que ele não conseguia entender.

Alan sentia mais do que pensava, então suas palavras sempre eram pura raiva.

– Eu tenho TOC, Alan – Confessou, brando.

StrangerHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin