Capítulo 41

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– Mãe, eu posso andar e falar de novo. Eu não vou cair, e se alguém tentar qualquer coisa, eu posso ligar para a polícia porque como eu já disse EU CONSIGO FALAR DE NOVO – Gritou entusiasmado, dando giros e Alba riu do outro lado da linha.

– Tudo bem, querido. Só se cuide, por favor.

Alan parou na calçada, sentindo o tom da voz desapontada. Depois da sua recuperação pós-overdose, o ômega sentiu o impacto da fúria de Alba. Quando estava internado, ela o tratava como um bebê, mas foi só ele dar seus primeiros passos para fora do hospital que o pau comeu solto. Alba e as filhas brigaram tanto que Alan jurou que elas partiriam para a agressão.

Seu cu trancou quando a de cabelo rosa disse:

– Nada que um soco na boca não resolva.

Ele se sentiu péssimo depois disso. Se o arrependimento matasse, Alan já estaria a cinco palmos debaixo da terra.

Não foram só as dores terríveis e a perca da dicção, foi sua família. As garotas passavam noites e dias consigo, mesmo que estivessem esgotadas. Era culpa dele. Alan sempre fazia escolhas erradas. Ele pensava que seria um pequeno erro, mas quando percebeu já era tarde demais.

Mas talvez com Gael não fosse tarde demais. O alfa tinha passado madrugadas com Alan, lendo, conversando e ajudando-o a escrever seus trabalhos universitários atrasados. Gael tinha sido doce e cuidadoso consigo.

Tão doce que se sentiu em abstinência quando voltou para casa e não o viu por duas semanas.

Tinha sido uma experiência viciante e única saber quem Gael era o primeiro alfa quem se importou realmente consigo. É claro que Alan teve relacionamentos com alfas, mas com Gael era diferente. Ele ouvia com atenção cada palavra e parecia recordá-las até nos momentos mais banais. Ele sempre dizia "eu sabia que você gostava disso" ou "se você quiser eu posso fazer isso por você". Ele ouvia Alan com atenção e, diferente dos outros, ele se importava mais em ouvir do que falar.

Ele não tinha se preocupado com a geografia do seu corpo. Ele tinha decifrado a película fina de sua complicada personalidade.

Alan estava cansado de alfas asquerosos que sempre tinham uma piada sobre sexo na ponta da língua. Ele queria carinho e palavras gentis, inocência e toques infantis às vezes.

E não tinha se dado conta que sentia falta disso ao perceber que estar perto de Gael agora era uma necessidade.

E lá estava ele: indo para a casa da última pessoa no mundo que pensou que correria atrás. Gael, de fato, tinha conseguido fazer Alan cair de quatro por ele.





Alan tinha sentido uma fagulha de esperança quando um de seus amigos entrou no quarto hospitalar e sentiu no ar cheiro de feromônios. Ele riu da situação e disse que o alfa de Alan deveria ser muito possessivo para deixar seu cheiro em seu corpo para que os demais alfas sentissem. Seu coração pulsou sob a possibilidade de Gael querê-lo só para si. Sua parte passiva ansiava por isso.

Quando tocou a campainha seu sangue começou a correr mais rápido. Tudo poderia dar errado. Essa era a verdade. Gael era autista. Alan um babaca de vida vulgar.

Mas era difícil desistir, porque aquele maldito alfa estava sendo tão eficaz quanto uma droga.

– Só um momento, por favor! – Gritou Gael lá de dentro, estranhando a ansiedade de quem quer que estivesse batendo na porta. Com certeza a pessoa estava impaciente. – Alan?

Piscou confuso, olhando-o de cima a baixo e percebendo que o ômega estava com os ombros encolhidos e o olhar baixo enquanto respirava fundo, como se estivesse tentando manter o controle.

StrangerWhere stories live. Discover now