Capítulo 8

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Gael estava sentada com as pernas cruzadas, seus olhos rolando ao longo de uma apostila de estudo. Ele parecia indiferente ao que acontecia a sua volta, mas estava atento aos detalhes, principalmente os que envolviam Alan, que direcionava olhares zangados para sua pessoa.

– Por que eu tenho que viver no mesmo espaço que o esquisitão?

– Por que ele é o sobrinho dos nossos chefes – Respondeu Elias.

– Não confunda trabalho com vida pessoal, Alan – Alertou Judith.

Depois do que tinha acontecido no corredor da universidade, Alan e Gael não se encontraram mais. Qualquer possível local que pudesse ter uma colisão, os dois evitavam. Mas no trabalho não tinha como fugir.

– Eu não entendo como ele consegue ficar tanto tempo estudando – Elias comentou.

– Ele é inteligente. Esse é o segredo – Disse Judith. – Ah, e eu andei pesquisando sobre autismo e descobri que ele estava certo quando disse que poderia te denunciar. Tome cuidado, isso me parece uma coisa que ele faria com gosto.

– Aquele filho de uma...

– A partir de que momento vocês começaram a se odiar? – Elias interrompeu, se aproximando sutilmente de Alan como se quisesse relaxá-lo. Por alguma razão, nas últimas horas, o ômega estava lançando no ar feromônios mais intensos, e para um alfa estava sendo difícil não notar.

– Ele é escroto pra caralho. Esse é o segredo – Lançou olhadelas para Judith. – E ela tem a ousadia de defendê-lo.

– Pela milésima vez, eu não o defendo! Sua irmã Alina ficou desapontada quando eu disse que você estava maltratando um autista. Ela disse que você deveria tratá-lo com gentileza, não com desdém.

– Não é só por ele ser um autista – Alan se justificou, tocando seu braço fechado por tatuagens. Estranho. Sua pele estava febril. – Ele é uma pessoa horrível, é por isso que eu o odeio.

– Eu acho suspeito – Judith cortou. – Você não pode odiar alguém que não conhece.

– O pouco que eu conheci já me zangou.

– Você está se tornando escravo do ódio. Isso não fará bem a você – Elias insinuou, sua voz tornando-se mais protetora; roçando propositalmente a mão na coxa de Alan.

Judith viu isso e ficou com asco.

– Ah, não! Vocês estão se pegando de novo! – Emburrou, se metendo entre os dois. Elias quase gemeu de irritação. Estava sendo impossível ficar sem o contato de Alan, coisa que não acontecia fazia muitos anos. – Se eu ver vocês se comendo eu vou...

– Por que está gritando tanto? – Alan massageou as têmporas. – Eu estou com dor...

– Você está sentindo o quê? – Elias perguntou gentilmente, acariciando a bochecha do ômega que se inclinou sob seu afago.

Elias e Alan transavam quando lhes era conveniente. Desde o primeiro ano da faculdade os dois se enrolavam quando se desejavam, mas no dia-a-dia ambos eram só amigos. Nada de romantismo, apenas inclinações sexuais. Nenhum dos dois se tocava em público, só quando eles sentiam tesão, o que era raro já que cada um se envolvia com quem quisesse.

– Meu corpo está estranho – Alan sentiu suas pálpebras ficando pesadas.

– Você quer ir para casa? – Perguntou com indiretas. – Meu expediente já está acabando.

– Depois... – Gemeu sem fôlego quando Elias roçou seus lábios no canto de sua boca.

– Parem com isso! – Gritou Judith e Alan olhou preocupado com o escândalo para os clientes que rondavam o lugar, mas principalmente para Gael. Foi um susto quando seus olhos se encontraram e Gael tratou logo de desviar. Mas era claro que ele espionava Alan, e o mais estranho era que ele corou.

StrangerWhere stories live. Discover now