Capítulo 36

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– Judith, Alan está desperto novamente? – Gael perguntou, fazendo a ômega suspirar do outro lado da linha.

Era a vigésima vez que ele ligava. Em apenas três dias.

– Ainda não – Sua voz soou rude e ela tratou logo de mudar isso – Mas agora está liberado acesso para a família. Eu não posso entrar, mas minha alfa pode. Então, eu repito: qualquer coisa que aconteça, até a mínima, eu te ligo. Ela está me mantendo informada.

– Como pode ter certeza disso? – Cortou, com a voz ansiosa. – Você não tem acesso aos pensamentos dela.

– Eu confio em Aline – A verdade era que Judith estava irritada com as ligações constantes de Gael. Seu emocional já estava frágil pelo coma de Alan e por seu heat estar próximo. E Judith não era a pessoa mais amável no cio. – E você deveria fazer o mesmo comigo. Eu sei quando alguém não confia em mim, e eu sinto isso em você.

Gael respirou fundo, pensando consigo mesmo se ele tinha feito algo errado ao notar o tom de Judith.

– Oi, Gael. Aqui é a Alina – Uma voz amável dominou a linha, e era perceptível que ela mesma tinha tirado o telefone de Judith. – Ela está num dia ruim. Então, você pode conversar comigo.

– Por que eu faria isso? – Perguntou, sem maldade. Poderia enraivecer outro, mas Alina sabia muito bem como lidar com autistas. – Nós não somos amigos.

– Eu acho que amizades surgem do nada. De conversar banais até eventos importantes. E eu posso ser muito útil para você.

– útil?

– Eu visito Alan todos os dias. Você pode ligar para mim em vez de Judith.

– E qual seria sua recompensa?

Alina se calou, se perguntando o que ele queria dizer. Então, Gael explicou:

– Pessoas constroem elos umas com as outras por algum estímulo específico. Ninguém se relaciona com alguém por acaso. Quando aspira-se estar com um indivíduo, seja por coleguismo ou amizade, há algum interesse por trás. Não ter o despertar de pontos nevrálgicos e a liberação de neurormônios que te façam sentir-se sozinho, ou manipular o outro para que você mesmo se beneficie posteriormente, por exemplo.

A alfa ficou muda por um tempo, antes de suspirar. Fazer Gael destruir alguns pensamentos irregulares seria mais difícil do que ela imaginava.

– E se eu te dissesse que existe outras coisas por trás disso tudo para alguém se relacionar com o outro. Você acreditaria?

– Depende da capacidade de persuasão da senhorita e de seus argumentos.

Alina riu, e o som foi muito semelhante ao de Alan quando ele sorria com sinceridade. Tinha um ponto açucarado e infantil, e Gael se perguntou se ela também corava como o ômega fazia quando ria. E se ela fizesse, o alfa teria certeza que suspiraria em satisfação.

– Eu sou muito convincente. E você vai notar quando visitar meu consultório.

– O quê? – Perguntou, franzindo o cenho.

Onde ela estava querendo chegar?

– Minha mãe acha que seria legal se você fizesse uma consulta comigo. Pelo menos uma vez.

Ah.

Então era isso que ela queria? Alina tinha muito de Alba: enrolava muito até chegar em seu destino.

– Agradeço pela oferta, entretanto devo refutá-la, porque eu não vejo necessidade de me submeter novamente a terapias e...

– Ela só quer conversar. E se tem alguém que pode dizer se você vai precisar de terapia ou não é ela, não você – Alana gritou no fundo, fazendo a irmã mais velha chiar.

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