Capítulo 29

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– Ele vai ficar bem? – Alba entrou na brincadeira, perguntando ao alfa que assentiu, sorrindo com a mesma naturalidade que ela.

Depois que prometeu a Gael que o levaria a um veterinário, ela realmente o fez: levando-o com seu próprio carro até a clínica de seu irmão. Seus filhos mais novos costumavam ficar lá pela tarde enquanto a esperavam depois da escola nas sextas-feiras. Normalmente eles ficavam quietos e nos seus próprios mundos no escritório do seu irmão, ou brincando com os pets mansos. Ele costumava ficar ocupado nesse hora, mas quando Alba explicou que não tinha com quem deixar seus filhos e que agora tinha uma criança autista preocupada com seu suposto animal de estimação, ele teve que ajudar. Crianças eram um assunto que deixa-o sensível.

Alba só conseguia agradecer ao lembrar que nem todos eram como Eva.

– Claro que vai – Assentiu, fingindo ouvir os batimentos da pelúcia. – Eu fiz exames e está saudável. Provavelmente foi algo que ele comeu.

Deu uma piscadela para Alba que sorriu, se inclinando para ouvir o que a criança falava:

– Não vai morrer?

– Não mesmo – Prometeu, vendo Gael relaxar os ombros e rosnar baixinho, na sua maneira de expressar alívio.

Ele quase partia seu coração quando fazia isso. Alba queria pegá-lo em seu colo e consolá-lo como fazia com seu pequeno ômega. Mas Gael não era como Alan que gostava de carinho e atenção. Gael odiava toques e abraços, em parte por causa da sua síndrome, mas por outro lado Alba sabia que era por falta de estímulo. Talvez apenas não conhecesse braços calorosos.

– Como se diz? – Insistiu, vendo os olhos de Gael brilharem quando olhou agradecido ao alfa.

– Obrigado? – Perguntou inseguro e Alba assentiu, o incentivando. – Eu estou... feliz?

– Sim! Você está! – Bateu palmas alegres, antes do alfa lhe entregar o lobinho, olhando-o bondosamente quando viu Gael esfregar sua bochecha na pelúcia. Alba já tinha ouvido várias vezes as longas conversas que ele tinha com seus próprios brinquedos. Ela não poderia cortar isso com tanta insensibilidade como Eva.

– Mamãe! – Uma garota gritou, fazendo Gael se arrastar para trás de Alba, sem encostá-la. – Alana não quer me dar a bone... Oi!

Uma cabeça apareceu na porta, sorrindo simpaticamente para Gael que fechou os olhos, se virando de costas.

Ele tinha um pânico que o fazia ter ânsia de vomito quando tinha que interagir com outra criança. Essa com certeza era a parte mais difícil de trabalhar em Gael.

– Ei, querido. Aquela é uma das minha filhas. Cumprimente – Alba pediu, cutucando o garotinho até que se virasse e cumprimentasse timidamente.

– O-oi...

– Oi! Eu sou Alanis! Tenho onze anos, e você? – Caminhou entre pulinhos até a mãe que beijou sua têmpora, acariciando seu cabelo que ainda não era cor-de-rosa.

– Ele tem seis – Alba respondeu por ele, guindo as crianças para fora para que não atrapalhassem seu irmão.

– Ele é especial?

– Alanis! – Repreendeu, mesmo que soubesse que Gael não se ofenderia.

Mas ele sequer prestava atenção no assunto. Gael só conseguia se arrepiar ao ver várias pessoas transitando pela clínica enquanto o sons de latidos e miados pairavam no ar. E tudo desmoronou quando seus olhos alcançaram o final do corredor e viu duas crianças brincando no chão.

StrangerWhere stories live. Discover now