Capítulo 15

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– Converse comigo – Alan disse, olhando para Gael que tentava permanecer acordado.

Depois que ele tomou pílulas estranhas, seu cérebro começou a funcionar, mas as memórias tinham se apagado por conta dos devaneios do sono. E Alan ficou grato com isso.

– O quê?

– Você vai dormir de novo e não é isso que você quer, é?

Gael assentiu, puxando as mangas de seu moletom de modo que cobrisse suas mãos. Era desconfortável estar no carro de Alan, mas ao mesmo tempo reconfortante: ele criava uma atmosfera segura e serena.

– Então me conte sobre sua vida.

Esse não era o tipo de coisa que gostava de fazer.

– O que deseja inteirar-se?

– Por que você fala tão difícil? É para as pessoas não entenderem? – Perguntou irônico, mesmo sabendo que Gael não era bom com sarcasmo.

– As pessoas não costumam me entender, e eu também não sou bondoso o suficiente para facilitar esse caminho.

– E como você consegue pensar em tantas palavras?

– Eu leio em demasia. Eu aprendo muito e começo a praticar cotidianamente.

– Você gosta que as pessoas pensem que você é inteligente?

Gael ergueu uma sobrancelha para Alan, mas respondeu:

– Não é esse meu propósito, contudo, fico satisfeito quando especulam sobre minha inteligência. É a única coisa que eu valorizo, e eu trabalho muito pelo conhecimento.

Alan percebeu de cara que Gael sabia que tinha um Q.I alto e que não se preocupava de esconder isso. Assim como ele que não se importava de esconder sua arrogância.

– Você está cansado desse jeito por causa dos estudos?

Assentiu, se lembrando de novo o quanto estava acabado comparado a Alan que sempre parecia estar nos seus melhores dias.

– Você estuda quanto tempo?

– Faculdade na manhã, pesquisas e estágio à tarde e à noite eu estudo mais. Pode-se dizer que da aurora até o crepúsculo.

– Caralho! – Exclamou assustado. Alan nunca se imaginou se poupando de diversão para encher seu cérebro de informações. – Como você vive?

– Eu durmo cinco horas diárias. Eu sei que não é saudável e natural, mas é o que eu consigo fazer.

– Por que você se dedica tanto?

– Quero fazer doutorado em breve.

– Então você é ambicioso – Concluiu, sabendo que era anormal ter tanta persistência.

– Pode-se dizer que sim.

– Isso não soa ganancioso para você? 

– Eu me negligencio, eu sei – Suspirou, lembrando-se dos anos perdidos de sua infância quando passava cada segundo do dia estudando. – Entretanto, não é só por conta dos meus objetivos. Como eu citei anteriormente, eu valorizo muito o aprendizado. A única coisa que me dá prazer é descobrir coisas novas e fazer experiências.

Alan refletiu sobre a ideia de Gael ser virgem. Ele era, certamente. Não tinha margem para dúvidas. O jeito que ele repelia toques e dedicava sua vida toda aos estudos só servia para deixar claro que ele não sabia ser sociável. Achou uma graça a pureza de Gael, e seu espírito pecaminoso adorou a ideia de um virgem.

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