Capítulo 10

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Gael vomitou quando chegou em casa, de nojo e raiva de si mesmo.

A sensação da língua de Alan ainda formigava em seus dedos. Gael esfregou fortemente sua pele até que achasse que a saliva de Alan tivesse saído de seus dedos. Sua mão ardia: ele havia arrancado sangue no intuito de se livrar dos germes e principalmente das memórias do heat de Alan.

Talvez a dor o ajudasse a se esquecer do pior dia de sua vida: naquele onde ele havia quase se perdido em um estranho, que fez com que todas suas emoções, que ele teve trabalho tanto em escondê-las, emergissem sem qualquer filtro.

Parecia que quando Gael ficava ao lado de Alan, seus sentimentos governaram seu corpo e ele permitia que o pior filho da puta do mundo o tocasse, e principalmente, que ele retribuísse.

Rosnou agressivo, socando com força o espelho do banheiro, quase o quebrando.

-Idiota! Idiota!

Ele odiava Alan. Alan o odiava. Por que pareceu isso não tinha sentindo naquele momento? Ele só conseguia focar seus olhos nos do ômega, enxugar suas lágrimas e fazê-lo seu durante aqueles minutos. Era como se Gael tivesse perdido sua própria identidade e não importava mais se Alan era a personificação de tudo que já o machucou na vida.

Ele só queria senti-lo naquele momento.

Seu autocontrole morria quando ele estava perto de Alan.

Ele fazia seus neurônios explodirem e se transformassem em pulsações de ira. E Gael sabia muito bem que se ele sentisse alguma coisa, mesmo a mais negativa, significava que ele estava se importando com Alan. E essa era definitivamente a coisa que mais o incomodava. 


– Judith! A senhori...

– Não me chame de senhorita. Eu me sinto como uma mulher do século XIX – Interrompeu, sem esconder sua surpresa de ter Gael ao seu lado, puxando assunto sem ninguém o obrigar.

– Desculpe-me, as formalidades me sufocam esporadicamente.

– Você quer se sentar comigo? Podemos conversar – Puxou uma das cadeiras da biblioteca para que ele se sentasse.

Gael aceitou, hesitante.

– É sobre Alan? – Disparou, fazendo o albino se sentir tonto. Nem ele mesmo sabia o que estava fazendo. – Eu imagino que não tenha sido fácil vê-lo daquele jeito. Você é um alfa, apesar de tudo.

Judith tentou olhar para o rosto de Gael, mas ele estava se escondendo, não querendo que a garota o visse corado.

– Ele está bem? – Quase gaguejou, sabendo que era bem mais fácil discutir com Alan do que ser gentil com ele.

– O segundo supressor ajudou muito.

– E onde ele está agora? – Perguntou de vez, antes que perdesse a coragem.

– Na última sala do corredor.

– Têm muitas pessoas?

– Não, todos os alunos já foram.

Depois que Gael foi embora correndo, Alan ficou chorando e implorando para que ela o chamasse de volta. Mas era claro que ele não a ouviria, então Judith propôs chamar Elias, mas Alan negou, querendo de todo jeito Gael.

Ela estranhou. Elias e Alan tinha uma ligação mais forte do que o ômega tinha com Gael. Era o que ela imaginava, afinal os dois eram amigos, ao passo que Alan e Gael se odiavam. Mas ela já não tinha mais certeza disso. O jeito que Alan suplicava por Gael, e a maneira como Gael parecia preocupado com o ômega fazia Judith duvidar.

– Obrigado. Eu irei solicitar o meu casaco – Se justificou.

– Apenas pergunta se ele está bem. Alan se importa com sua opinião, embora não pareça. 

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