Capítulo 42

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Neurotípico: são aquelas pessoas que não estão dentro do espectro do autismo.


– Oh, isso é fantástico! – Natã sorriu, aproximando-se do corpo de Gael para olhar bem em seus olhos e mostrar o quão doce ele poderia ser. – Eu estou feliz por você ter conseguido ganhar bolsa para seu mestrado. Isso foi mais rápido do que eu imaginei.

– Obrigado, Natã. Eu estou finalmente desenvolvendo material em cima das minhas pesquisas.

Alan bufou, irritado. E lá vai ele de novo: para aquele dia na sua cidade natal onde aquele loirinho filho da puta se jogava para cima de Gael como se estivesse com fogo no rabo.

Gael teve a ideia de irem para o observatório para ouvir Natã palestrar novamente. Ele mesmo não tinha se tocado que Alan odiava isso, mas era uma troca: já que ele saia com Alan onde o ômega desejava, então o ômega tinha a obrigação de aceitar o próximo encontro.

E ele topava qualquer coisa: porque era Gael. E ele estava completamente apaixonado por Gael.

E justamente por isso que se sentia tão ciumento: porque sentia medo de Gael se encanta mais com aquele ômega do que consigo.

Natã era muito atraente: ele tinha um gingado típico de ômegas que faziam alguns alfas caírem de joelhos. E o mais assustador para Alan era que ele sempre sabia o que fazer e como agir com o autismo de Gael. Entendia que não podia gritar; sabia que não podia tocá-lo e nem usar determinadas expressões; e sabia que Gael adorava falar sobre ciência, então abusava disso.

Natã era a porra de um ômega perfeito. E Alan tinha medo de Gael escolhê-lo.

– Eu adoro como você diz coisas inteligentes, sabia? – Natã disse com uma voz melosa.

Alan revirou os olhos, sentado nos bancos acolchoados enquanto via Gael abaixar a cabeça, agradecido.

– E eu aprecio como você é inteligente.

Alan engasgou-se, e Natã também pareceu ficar surpreso. Mas um surpreso muito diferente do que Alan, porque ele ronronou baixinho, antes de perguntar:

– Você quer ficar aqui comigo?

– Como?

– Podemos ficar no observatório a noite. Eu tenho a chave e tenho todas as instruções necessárias para mexer no telescópio.

Alan suspirou aliviado, mal sabendo que sua respiração estava presa sob a hipótese de Natã encostar aquelas mãos adoravelmente delicadas em Gael. Mas o pior estava por fim, quando Gael disse:

– Eu adoraria.

– Você fica, mesmo? – Suas pupilas dilataram.

Natã estava se derretendo como a porra de um ômega no cio, então Alan interferiu, pigarreando:

– Eu estou interrompendo?

– Está.

Natã pareceu se divertir com a resposta de Gael, mas Alan teve uma reação muito diferente: rosnou irritado, fazendo o alfa se encolher um pouco, pensando no que tinha falado de errado.

Natã percebeu o clima tenso, então logo tentou deixar a atmosfera suave, mesmo que Alan tivesse um olhar duro e selvagem.

– Perdoe-me, eu não o cumprimentei apropriadamente. Você é o alfa que veio junto com Gael naquele dia do seminário, não é?

– Eu sou um ômega – Respondeu seco, e a sua voz grave e ameaçadora fez Natã estremecer um pouco.

Puta que pariu. Ele era enorme, e poderia fazer um caralho de estrago em seu rosto.

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