Capítulo 17

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– Gael! – Alan gritou, vendo o alfa se jogar de joelhos no chão do banheiro, enfiando dois dedos na garganta e começando a regurgitar.

Alan se retraiu de nojo, vendo Gael retorcer seus músculos e vomitar o pouco que tinha em seu estômago. O barulhos úmidos, os gemidos e a tosse, fizeram Alan se afastar, pensando que talvez Gael estivesse expelindo sua alma.

– Idiota! Você me ofereceu carne! – Ofegou, antes de se inclinar novamente e vomitar, sentindo bile lhe subir pela garganta.

Alan piscou confuso, olhando para como Gael se ele fosse louco.

– O que você... – Se silenciou, lembrando do dia que Gael comentou banalmente que era vegetariano.

Puta que pariu. Ele sabia que Gael preferia a morte do que colocar na boca aquilo que jurou nunca mais comer. Ele era metódico e regrado. Gael poderia ter uma Crise só porquê as coisas fugiram do controle.

Alan elevou as mãos as lábios e suspirou, começando a ficar nauseado.

– Eu sinto muito... – Se acuou quando viu o alfa lhe desferir olhares assassinos, as pupilas dilatadas enquanto a respiração ficava irregular.

Gael se levantou do chão, procurando seu celular freneticamente, antes de puxar Alan pelo pulso, fazendo-o cambalear. Ele sabia usar a força quando queria.

O ômega gemeu de dor quando foi imobilizado pelo braço por Gael, que praticamente fincava as unhas em sua pele para que Alan ficasse parado. Gael lhe apertou o maxilar, fazendo Alan grunhir e inclinar seu rosto para frente, para que pudesse ver na tela o que o ele mostrava.

– Observe uma das partes do ciclo torturante que você participa.                              

Alan rosnou, tentando se afastar, mas o som de guinchos e gritos animalescos fizeram com que seus olhos se voltassem para o smartphone de Gael. Paralisou um gemido quando percebeu o que era.

Eram uma sequência de vídeos que mostravam os maus-tratos em criadores de bovinos, suínos e ovinos.

Primeiro viu a morte de um boi que sucumbiu a um disparo na testa com uma pistola de ar que o atordoou, então o animal foi erguido por uma argola na pata traseira e um dos funcionários lhe cortou a garganta, mesmo que que ele ainda estivesse se remexendo e consciente. Sangue e sons de dor do animal abatido que ainda continuava vivo, mesmo que sua garganta estivesse mutilada, preenchiam a tela. Alan tentou empurrar Gael, mas ele ainda o segurava com firmeza.

– Vamos, pare de ser hipócrita. Você sabe como funciona – Na sua voz não tinha maldade, apenas uma indiferença que arrepiou Alan.

A segunda sequência era de abate de suínos, que eram eletrocutados na cabeça, o que lhes servia para matar, mas isso não acontecia com alguns que eram jogados ainda vivos em tanques de água fervendo após o sangramento, o que ajudava na retirada da pele. Os que continuavam vivos gritavam, fazendo aquele som miserável e angustiante que porcos reproduziam quando sentiam sua pele ser descolada dos ossos.

–TIRA ISSO DE PERTO DE MIM! – Rosnou agressivamente e Gael o soltou, olhando para seus olhos enquanto balançava a cabeça para lá e para cá, vendo Alan tremer sob os sons da morte e da tormenta.

– Câncer, enfartos, crueldade com animais e problemas ecológicos. Isso me soa como algo muito convincente para se livrar de carnes.

Deu de ombros inocentemente, sem reparar nos olhos arregalados de Alan.

– 2 bilhões de bois e vacas, 1 bilhão de ovelhas e 14 bilhões de frangos e galinhas são a população mundial que se dedica a morte para a alimentação e caprichos humanos – Continuou, mesmo quando Alan tampou seus ouvidos. – Se todos fossem vegetarianos não haveria tanta fome no mundo. Os rebanhos consumem grande parte dos recursos do planeta. A pecuária ocupa um quarto da área terrestre, e a maior parte dos vegetais que produzimos vai para animais, e a outra parte é putrefata e jogada no lixo quando preço de frete não compensa. Contudo, a cada 3 segundos uma pessoa morre de fome – Alcançou se celular novamente, mostrando imagens e vídeos de crianças desnutridas que choravam e gritavam de fome, e outras caiam no chão pedregoso, por não conseguirem mais andar, enquanto abutres sobrevoavam o que já estava prestes a morrer. – Ah, e tam...

StrangerWhere stories live. Discover now