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2° dia de aposta.

Eu estudava em um colégio interno. Por aí já dá pra se imaginar que não tinha muito o que se fazer ali. Claro que tínhamos as atividades entre os times de esportes, o clube de teatro, de dama, xadrez e por aí vai. Com isso os alunos se mantinham entrertidos, mas tudo relacionado à estudos e exercícios.

Eu não escapava dessa.

Eu era recém presidente de um clube. Acredite se quiser, mas quando resolvi ingressar nessa loucura de fundar um clube, imaginei que seria mais interessante e teria mais o que fazer em meu tempo livre. Mas na verdade meu clube era uma merda, razão pela qual só tinha cinco pessoas. Seis, se contar o nosso mais novo infeliz membro, denominado como Jeon Jungkook.

Então, por meu clube não ser nada além de seis esquisitos se reunindo para comer e olhar o teto, eu era assistente do time de basquete do colégio.

Era uma coisa também recente. Eu estava lá desde o começo do ano. Mas era algo que eu gostava. Meu pai antes de se tornar médico foi treinador de time de basquete, e foi de onde surgiu minha certa paixão pelo esporte.

E para meu azar, papai sempre sonhava com um filho homem, para que ele seguisse seus passos de jogador e logo depois treinador. E para o azar de meu pai eu nasci.

Claro que até uma certa idade meu pai desejou que eu crescesse o suficiente para me tornar jogadora de um time feminino. Para a infelicidade do homem eu não cresci mais que meus 1,60. Dava para me tornar uma jogadora? Até dava, eu poderia ser ala-armadora, mas eu não queria. Nunca gostei de jogar, mas sim de assistir e comandar.

Meu pai aproveitando meu interesse, fez de mim uma mini versão dele. E não era me gabando não, mas eu era muito boa no que fazia, não era à toa que desde o momento em que entrei para o time nos reerguemos novamente e passamos a ser um time decente.

Ok, claro que isso não se dava somente à minha entrada. Eles eram um time forte até o ano passado. Antes do time se tornar desanimador eles tinham um excelente jogador, nosso camisa 11, que deixou o time em outubro do ano passado. O jogador que elevava a fama do time. Sem ele estávamos conseguindo continuar, os garotos voltaram a ter um pouco mais de animação quando entrei com estratégias novas de jogadas para testar.

Mas mesmo assim o jogador 11 deixou um belo de um buraco bem difícil de fechar.

Porém, naquela manhã surgiu a esperança. Para os outros integrantes do time foi como a luz no fim do túnel. Nosso jogador número 11 havia, sem uma explicação plausível, voltado para o time. E sim, era uma boa notícia para os jogadores e o treinador. Para mim foi como receber uma notícia do inferno.

Eu estou de volta.

Foram poucas palavras, mas foram o suficientes para me causar um arrepio por todo o corpo. Eu sabia que Jungkook fazia parte do time, mas como relatado, ele pediu para sair no final do ano passado, quando perderam o torneio de inverno para o colégio rival. Então, sabendo que ele não fazia mais parte do time, resolvi pegar o cargo de assistente.

Mas o destino resolveu ferrar minha vida mais um pouco. Não estava bom o suficiente ele fazendo parte do clube, ele precisava mesmo voltar para o time.

— Isso só pode ser brincadeira, onde está o treinador?— Jogo a prancheta que segurava para Greg, um dos jogadores.

— Precisou sair — Jungkook já tirava a blusa de frio para começar a se aquecer.

— Hey! O que pensa que está fazendo?

— Não vamos dar corda nisso, você mesma disse que odeia enrolação, então apenas aceite que eu estou de volta — ele era convencido, e isso era só mais uma das coisas que eu odiava nele.

E a razão dele estar certo me deixava ainda mais irritada. Seria cansativo prolongar aquela discussão dele estar de volta, eu iria me irritar à toa e ele continuaria com seu sorriso de razão. Então me dei por vencida.

— Isso é completamente ridículo...nem tamanho ele tem — esperava que meu resmungo tivesse sido despercebido, e foi, pelo restante dos alunos, mas não por ele.

Jungkook se colocou em minha frente, e por mais que ele não seja tão alto quanto os outro alunos, ele continuava sendo muito mais alto que eu.

— Nem sempre o tamanho é importante.

— Em certas ocasiões é sim — minha intenção era que aquilo tivesse sido direcionado ao esporte, mas tanto eu quanto ele percebemos que meu tom de voz fez parecer que eu estava provocando com duplo sentido.

O sorriso malicioso que esperava não tardou a surgir em seus lábios. Se aproximando ainda mais ele esticou o braço com intenção de pegar uma bola na cesta que estava atrás de meu corpo. Mas foi intencional, já que seu braço estava exatamente perto da minha cintura.

— Não importa o tamanho, e sim a força com a qual ele entra.

Percebo que havia parado de respirar só quando ele se afastou e meus pulmões reclamaram pela falta de ar. Fico estática no lugar, observando suas costas enquanto ele se aproximava do restante dos alunos.

E assumia que daquela vez ele conseguiu instalar um grande nervoso em meu corpo.

tweety • jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora