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1° dia de aposta.


O único problema de se estudar em um colégio interno, era estudar em um colégio interno.

Certo, era divertido. Era um grande gerador de lembranças vergonhosas e divertidas entre os alunos grande parte do tempo, mas um péssimo lugar para alguém que desejava fugir de outras pessoas.

Isso quer dizer que apesar de não ter nenhuma aula com Jungkook, eu ainda sim seria capaz de encontra-lo em qualquer lugar que pensasse em ir. Afinal não tinha muitos lugares desconhecidos pelos alunos em um colégio interno, mesmo o colégio sendo absurdamente enorme.

— Se concordou com a aposta, por qual motivo se esconde?—  Tânia me encarava do alto. Eu não tinha opção de fugir, mas tinha opção de me esconder. Pensando bem, acho que dava no mesmo esconder e fugir.

— Quanto mais longe fico dele, tenho menos chances de perder.

— Sua lógico é idiota.

— Não é não. Ficar perto dele me deixa com raiva, e como consequência eu sinto vontade de quebrar a cara dele. E isso vai ocasionar comigo o expulsando.

— Você sente vontade de quebrar a cara de geral — murmurou distraída. — E continua sendo uma lógica idiota.

— Mas eficaz.

— O que seria eficaz?

Não, minha lógica não era nada eficaz. Com a cabeça de lado, Jungkook, assim como Tânia, me encarava. Talvez ter me escondido debaixo da arquibancada não tenha sido realmente uma ideia tão brilhante assim. O sorriso nos lábios do garoto em minha frente dizia isso.

— Eu disse que não iria dar certo — comentou Tânia ajudando-me a sair do lugar. Resmungo um vá se ferrar e ela ri.

— Está tentando fugir, patricinha?— Foi a vez de Jungkook me provocar.

— Me escondendo — bato a mão em minha bunda, tentando limpar a fina camada de sujeira da saia. — E não volte a me chamar de...hey! Meus olhos são aqui em cima!—  Reclamo notando seu olhar em minhas pernas.

— São bonitas, acho que estou apaixonado por suas pernas — ele não tinha nem mesmo vergonha de dizer aquilo.

— Pervertido — sorriu satisfeito com o nome ao qual lhe xingo. Deus! Que cafajeste. — O que está fazendo aqui? Não tem aulas?

— E você, não tem aulas? — Rebateu minha pergunta com minha própria pergunta.

— Aula livre.

— Aula livre.

— Para de repetir o que digo, por que está fazendo isso?

— Gosto de te irritar — quando penso em dizer que não estava funcionando ele apontou para minhas bochechas. — Estão vermelhas, você está começando a ficar irritada. Me pergunto até onde conseguiria te irritar, e até onde você aguenta.

Não só bastava suas palavras serem maliciosas, ele subiu os únicos dois degraus que criavam uma boa distância entre nossos corpos. Respirando fundo tento me acalmar e não deixar sua provocação me afetar.

— Não vai funcionar — dou um passo para o lado, insinuando que iria descer. Ele seguiu minha direção, bloqueando minha tentativa.

— Quer mesmo duvidar da minha capacidade de ser irritante? — algo em seu olhar me alarmava sobre ele ser especialmente terrível na questão irritar. Por um tempo tive medo de provocar, afinal eu certamente perderia a paciência com ele e acabaria o expulsando do clube e consequentemente perdendo a aposta.

— Não importa o quanto seja insuportável, nada do que fizer vai me irritar — e mesmo assim eu me jogo de cabeça na provocação.

— E se eu fizer isso? — Sua mão pegou na minha e me puxou. Sou diretamente jogada para ele. Meu medo de estar encostada demais ao seu corpo só não foi maior porquê o medo de cair predominou.

No momento em que ele me puxou eu pude me ver caindo por toda arquibancada e quebrando no máximo uns trinta ossos.

— Você é maluco?! Eu podia ter caído! — Bato em sua mão, mas sem perceber segurava na barra de sua camisa com força.

— Se fiz isso, foi porquê tinha certeza de que iria te segurar — Se aproximou de meu ouvido e sussurrou: — Não seria louco em te deixar cair. 

Me arrepio.

— Não tenha tanta confiança, podíamos ter caído os dois, seu idiota! — Tento me soltar, mas estava tão medrosa com a possibilidade de me desequilibrar e cair, que acabo voltando atrás e segurando com firmeza em suas mãos.

Para minha vergonha ser maior ainda, nem mesmo estávamos tão alto. Mas os vãos entre os acentos eram bons o suficiente para me machucar em uma eventual queda.

— Me desculpe — suas desculpas vieram com um sorriso charmoso, mas com uma provocação desnecessária. — Vou me redimir — de repente sou pega ao colo.

Sua intenção talvez pudesse ser boa,  mas sou incapaz de me tranquilizar. Fico  ainda mais nervosa, mas não consigo fazer muito além de gritar assustada, passar meus braços por seu pescoço e deitar minha cabeça em seu ombro e fechar meus olhos, não querendo ver por onde andávamos.

Deixando claro que eu não tinha medo de altura, só tinha medo de cair. E naquele momento tudo indicava que qualquer passo falso iríamos ter uma bela queda. Pisando em solo Jungkook esperou até que abrisse os olhos para então me colocar no chão.

— Sã e salva — disse ele sorrindo satisfeito.

Ótimo. Ajeito minha saia, meu cabelo e respiro fundo. Lhe abrindo um sorriso me aproximo, aproveitando seu momento desatento chuto entre suas pernas.

— Isso foi por ter me deixado com medo — ele caiu de joelhos, gemendo em dor. Me inclino até sua bochecha, deixando um beijo rápido. —Isso foi por não ter me deixado cair.

Pego na mão de Tânia e a puxo para sairmos de lá. Olhando por cima do ombro observo Jungkook com dor, porém sorrindo.

E por cima o cretino era masoquista.

tweety • jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora