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— Sério? Ele vai mesmo ser membro do clube?— Apesar de concordar com a surpresa e, a pequena revolta de Yuri, eu estava irritada e com vontade de socar sua cara por perguntar novamente o que já havia lhe explicado três vezes.

— Tá legal Yuri, se caso tenha que explicar mais uma vez, a explicação vai vim com um soco — ele sorriu sem jeito.

— É difícil acreditar que alguém como ele participe de um clube como o nosso — entendo o que ele queria dizer. Por mais que Jungkook não fosse de fazer atividade em grupo, se caso ele resolvesse algum dia se juntar a um clube, não seria o nosso. Não mesmo.

Éramos em três, Tânia, Yuri e eu. Não contávamos Kris e Talles, ambos só fingiam estar no clube para poder faltar as última aulas e irem namorarem em algum canto escondido do colégio.

Nosso clube era como um belo grupo fracassado do colégio. Mas o que na verdade ninguém sabia era que usávamos o clube para fins lucrativos e de puro lazer. Todo clube do colégio ganhava uma certa porcentagem em dinheiro para que pudesse fazer melhorias, mas isso só era possível se cada clube tivesse mais que dez membros.

E aí entrava as palavras de Jungkook. Vamos aos fatos, a vice-diretora realmente apenas deixou com que fundasse o clube para que a deixasse em paz, e quem sabe assim, em suas palavras, eu me tornasse alguém melhor.

Então acaba que no final o clube era somente um lugar onde passávamos tempo estudando ou apenas ficávamos de bobagem olhando pro teto igual baratas tontas e gastando o dinheiro com comida.

— Está querendo me dizer que isso aqui não é um clube de verdade, e vocês faltam as aulas para ficarem aqui sem fazer nada? — Questionou Jungkook sentando-se na cadeira ao meu lado. Até mesmo seu jeito de sentar era folgado...e abertamente assumindo, tentador.

— Não ficamos sem fazer nada, grande parte das vezes estudamos — revelou Yuri, todo contente de seu bom comportamento. Jungkook o encarou com uma careta.

— Às vezes? Isso soa como quase nunca — murmurou irônico.

— Olha só, não somos como você, que faz questão em não fazer nada — tento dar alguma dignidade ao meu grupo de fracassado, mas Tânia não tinha o mesmo propósito.

— O engraçado é que mesmo sem fazer nada ele é um dos melhores alunos do colégio — se expressou inocentemente, e com entusiasmos por estar a par de tudo que acontecia naquele colégio. Mas ainda sim, tenho vontade em quebrar sua cara por estar vangloriando o idiota.

— O que você ia dizendo, Cooper?— Provocou ele mostrando-me um sorriso vencedor. Ordinário.

— Não gosto que me chamem pelo sobrenome...pelo menos não você —  jogo meu celular sobre a mesa e o encaro. Me pegando de surpresa com a mão debaixo do assento da minha cadeira ele me puxou para perto.

— Realmente, patricinha combina melhor com você. 

— Se me chamar de patricinha mais uma vez eu enfio uma caneta na sua perna — sorriu malicioso. Aproximando o rosto ele murmurou em uma voz baixa:

— Patricinha — ao tentar pegar a caneta sobre a mesa ele foi mais rápido, a pegando e a deixando o mais distante que podia.

— Não a provoque, ela tem fortes tendência á violência — comentou Tânia, mais uma vez aparentando estar distraída.

— Acho que o colégio inteiro sabe disso — provocou Jungkook.

— Ela só gosta de se proteger, não vejo nada de errado nisso — já Yuri era puxa-saco.

— Yuri, não fale mais nada, não importa para ele saber das coisas, ele não irá ficar aqui mesmo, eu vou fazer com que ele não fique.

— Hmm — o murmuro de Jungkook me deixou pasma. Seu olhar era direto em Yuri, mas ao se colocar de pé me encarou do alto, ainda com o sorriso em lábios. — Sinceramente, esperava mais de você, patricinha — É o quê?

Tudo bem, eu tinha um instinto estranho, algo como rivalidade e curiosidade excessiva. Era curiosa ao ponto de me tornar insuportável e agressivamente competitiva. E as palavras de Jungkook me fizeram sentir como se tivesse perdido algo. E eu odiava o pensamento de estar perdendo algo. Abro a boca para lhe questionar, mas ele já havia saído da sala.

— Hey! — Grito indo atrás dele. Ao fundo pude escutar Tânia e Yuri tentando me dizer para não fazer besteira, mas já era tarde, eu já havia o encontrado. — O que você quis dizer com aquilo?

Ele caminhava calmamente pelo caminho que vinhemos. Me olhando de relance por cima do ombro ele abriu mais um sorriso.

— Você não é bem o que eu achei que seria.

— E o que achou que eu fosse? — Parou subitamente, me obrigando a parar também. Virou-se, me deixando encarar seus olhos.

— Para alguém tão competitiva, não aguentar um simples aluno nem por duas horas é no mínimo...— por segundos avaliou meu rosto. — Desanimador. Sem contar que isso são fortes traços de uma desistente.

— Desistente? Eu? — Confirmou com a cabeça. — Eu juro por Deus que vou fazer você engolir essas palavras e seus dentes — me aproximando tento lhe intimidar, mas ele também teve a brilhante ideia de se aproximar. E ele sim, por segundos, conseguiu me intimidar.

— Duas semanas. Me aguente por duas semanas sem me expulsar ou tentar me fazer desistir, e eu deixo o clube.

— Espera aí, você está querendo...— nem mesmo consego raciocinar o que estava acontecendo ali de tão rápido que foi. Jungkook queria uma aposta? Era isso?

— Apostar.

— E o que te faz pensar que eu vou aceitar tal aposta?

— Começamos com o fato de que você odeia perder, então vai acabar aceitando para tentar ganhar, e existe o fato de que eu sei que você falsifica as notas nos boletins de alguns alunos — terminou com ar de vencedor. Cretino. Abro um sorriso malicioso, deixando claro que aquilo não me assustava.

— E caso eu não aceite a aposta você vai contar para a vice?

Ser chantageada não era o que mais me assustava. O que me deixava completamente desorientada era ser subestimada. O que ele fez sem medo algum.

— Não. Mas vou ter a certeza de que você teve medo de perder pra mim — sorriu por saber que ali havia conseguido o que queria.

— Okay, eu aceito a aposta, mas você sair do clube é pouco —  estreitou os olhos.

— E o que mais você quer?

— Se eu ganhar, como vou ganhar, você não só deixará o clube como também terá que desfilar pelo colégio somente de lingerie — achei que teria uma reação diferente, mas ele sorriu, demonstrando ter gostado da aposta.

— E caso eu ganhe, você não só terá que parar de falsificar os boletins, como também...— sua mão segurou em meu queixo, erguendo minha cabeça e deixando-me na posição perfeita para que ele pudesse me beijar.

— Como também?— Estava ficando estranhamente nervosa com a possibilidade dele me beijar.

Jungkook ficou em silêncio por um tempo. Até que então abriu um sorriso. Soltou meu queixo e ainda sem dizer nada se virou, voltando seu caminho interrompido.

E eu sabia que não era necessário palavras para descrever o que ele possivelmente queria, seu sorriso já deixava claro suas intenções. E de maneira alguma elas iriam acontecer.