t w e n t y - s i x

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Afinal havia esperança para mim.

Depois de meses vendo meu nome enfeitar o último lugar no quadro de pontos, naquela manhã descobri que meu nome agora estava em octogésimo sétimo lugar. Posição aceitável para quem passou muito tempo no fundo do poço.

Como milagres eram reais, eu estava bem o suficiente para aceitar que minha posição alta só se dava ao fato de ter recebido ajuda de Jungkook. Caso contrário ainda continuaria no fundo dos fundos. Então, na busca de me tornar alguém melhor, lá estava eu, sentada há bons minutos na arquibancada, esperando o treino chegar ao fim.

E isso com a intenção de presentear o garoto que, apenas internamente assumindo, foi a escada da minha saída do fundo do poço. Só esperava que ele não reclamasse do presente, caso contrário chutaria sua cara com minha tala.

Sendo insuportável da maneira que sou, aquilo estava sendo bem mais difícil que o normal. Esperar por ele estava deixando-me estranhamente incomodada. Não pelo fato de ter que esperar em si, mas por estar o observando tão atentamente como estava.

Mesmo que procurasse, meus olhos olhos não conseguiam encontrar coisa mais interessante para observar a não ser ele. Merda. Odiava ter que assumir que ele era incrível jogando. Seus movimentos além de ágeis eram rápidos e bem calculados. Jungkook verdadeiramente era um excelente jogador. Me irritava um pouco, vergonhosamente assumia. Mas me irritava por ele ser bom, porém, grande parte das vezes fazer corpo mole para jogar sério em competições.

— Ah, ele é incrível — um suspiro excitante vindo de uma das duas garotas na arquibancada acima da minha chamou minha atenção, até então presa no idiota tatuado. Pelo canto dos olhos observo as duas garotas.

— Ouvi dizer que ele tem uma namorada fora do colégio —  murmurou a outra.

— Sério? Me disseram que sua namorada era aqui do colégio.

— Mas o colégio proíbe namoros. E sabe de uma coisa... — era feio escutar conversa de terceiros, mas estava até que interessante a discussão entre elas. — Eu duvido que esses boatos sejam verdadeiros, Jungkook não namora.

— Ninguém pode afirmar isso, ele não é de deixar sua vida exposta para qualquer um saber — queria me intrometer, dizendo que o cretino de quem elas falavam e suspiravam apaixonadas era um grande babaca.

Mas de uma coisa elas tinha razão, Jungkook não era de deixar os detalhes de sua vida pessoal espalhados aos quatro cantos do colégio. Eu nunca ouvi falar nada demais dele. Nem mesmo sabia se ele tinha pais, bom, provavelmente tinha, mas a existência deles ainda era um mistério. Ninguém nunca viu os pais do garoto ou testemunhou ele falando sobre eles.

— Ficou sabendo do boato recente? — pretendia parar de ouvir a conversa alheia, mas fui proibida pela súbita curiosidade com aquelas palavrinhas. E por alguma razão, mesmo não estando vendo, sinto olhares queimarem minha nuca.

— Não, me conta.

— Alguns alunos acham que ele e a assistente do time estão tendo...

— Rose! — eu só tive reação para proteger meu rosto quando notei a bola vindo direto em direção. Ergo os braços, deixando a bola bater contra eles ao invés de meu rosto. Merda! Aquilo doeu. — Porcaria! Me desculpe, eu não queria te acertar — declarou Natanael pedindo desculpas mais algumas vezes.

— Não foi nada demais, eu tô...— Natanael foi tirado de minha frente, dando lugar para um Jungkook preocupado.

— Machucou? — pegou meu braço acertado pela bola.— Tá doendo? — sem controle meus olhos ficaram vidrados nele. No suor escorrendo por sua testa e pescoço. Nas pontas de seus cabelos molhadas com o suor, em suas tatuagens expostas no começo de seu ombro para o braço, com a leve camada de suor escorrendo sobre elas...ah, merda, ele é incrível.

tweety • jjkWhere stories live. Discover now