tweety • jjk

t h i r t y - f o u r

Jungkook se mantinha uns dois metros de distância. Eu aceitava a distância de bom grado.

Pela primeira vez em minha vida eu estava aceitando a culpa sem mesmo pensar em pestanejar. A irritação de Jungkook era aceitável nessa situação. Eu agi por impulso novamente, estava prestes a fazer algo que não queria, somente para provoca-lo.

Então dessa vez, e somente dessa vez, até porque não pretendia fazer mais merda nenhuma depois disso, iria dar o braço a torcer e me manteria quieta.

E olhe que a vontade de falar era gigante. Eu queria saber para onde estávamos indo, afinal depois que ele socou Brad e eu corri atrás dele, começamos a andar por uma trilha, e eu tinha toda a certeza que ele estava adando sem saber onde estávamos. Era a primeira vez que visitavamos aquele lugar, e assim como eu, ele também não tinha ideia para onde estava indo. 

E cada vez mais estávamos nos afastando do restante do pessoal.

Parei subitamente quando ele parou. Fiquei ali, esperando ele fazer algo, ou anunciar que estava diante de um animal feroz e gigante que iria nos matar em segundos. Deus, se for um urso, eu peço com toda gentileza que ele devore Jungkook primeiro, para que eu tenha tempo de fugir.

Olhando-me por cima do ombro eu entendo que ele apenas parou para que eu pudesse acompanhar seu ritmo. Ah. Rapidamente me aproximei dele. Jungkook parecia já estar mais calmo. Acredito que o soco que deu em Brad tenha melhorado seu humor.

— Sabe para onde estamos indo? — logo logo iria começar a anoitecer, e logo mais o rastro de lanternas iria acabar. Ele deu de ombros. Mas o quê?

— Não —  olhou em volta. — Como óbvio, nunca vim aqui antes. 

Sua calma me aterrorizava. Minutos atrás estava a ponto de afundar a cara de Brad no soco, agora estava calmo. Ao menos era o que eu achava.

— Ah...certo — minha teimosia irritante implorou para que mantesse minha boca fechada, mas a sensatez me obrigou a falar: — Acho que te devo desculpas. 

— Acha?

— Não complica tá — meus pés amassavam a folhagem seca e os gravetos no chão, e o barulho me irritava. — Não aja como se eu fosse a única a precisar se desculpar aqui...você tem tanto culpa quanto eu — o barulho junto com meu ego sendo quebrado estavam a ponto de me deixar chorona.

— Ah sim, eu que resolvi bancar a idiota, aceitar o desafio de um escroto e pular de uma cachoeira, sem mesmo saber nadar, só por estar irritadinha sem motivo algum — deu ênfase no sem mesmo saber nadar.

— Sem motivo?!... — tropeço em uma raiz grossa e velha de uma árvore. Jungkook segurou-me pelos ombros, me salvando de dar de cara com o chão.

— Sem motivo — argumentou ele olhando-me irritado. Me endireito apenas para ter pose de astuta. — Você claramente esconde algo que aconteceu entre você e ele no passado, e você não querer contar está tudo bem, mas sabe como eu me senti quando você resolveu dormir perto daquele babaca? Ou mesmo quando aceitou fazer essa merda? — a forma como sua voz soou baixa e levemente abalada me deixou sem reação.

— E-eu tenho uma boa desculpa por ter feito isso — envergonhada cocei o braço.

— Você sempre têm.

— Espera! — segurei em seu braço quando ele se afastou. Ao seu olhar um arrepio percorreu toda minha espinha, e a desculpa que tinha em minha cabeça se mostrou idiota e tosca. Até mesmo comecei a hesitar em lhe dizer.

— Se está hesitando é porque sabe que sua desculpa não é tão boa assim

— Não é mesmo! Mas sabe de uma coisa, você também é um idiota! Eu não queria te deixar irritado, eu só queria resolver o meu problema, nem mesmo pensei na possibilidade disso tudo acontecer! E sim, talvez fiz aquilo pra chamar sua atenção, porque eu gosto de você, e eu me comporto como uma idiota por isso. Além do mais, por gostar de você eu não quero que nada aconteça com você. E agora você arranjou confusão com aquele babaca por minha culpa! Eu sou uma idiota, fiz besteira... — solucei do nada. Merda, estragou meu momento. Jungkook quis manter a irritação em seu olhar, mas suavizou quando o sorriso traiçoeiro trilhou seus lábios. — Eu te odeio — e de um segundo para o outro comecei a chorar.

— E eu quero brigar com você por ter feito toda minha raiva passar em menos de um segundo — seus braços me puxaram para ele. Minha testa ficou contra seu peito, ele abraçou minha cabeça e apoiou o queixo sobre meus cabelos. — Eu também gosto, e muito. Talvez em uma intensidade que me assusta às vezes. 

— Me desculpa...eu odeio soluçar — choramingo sem muito sentindo. Minha voz manhosa foi abafada por seus braços. Senti seu peito vibrar com sua risada silenciosa.

— Merda — segundos após seu resmungo, ele segurou meu rosto com as duas mãos. Encarando-me com certo brilho no olhar falou: — Eu preciso ficar bravo com você, não com vontade de te beijar. 

Segurou em meu rosto com as duas mãos e então me beijou. Um pouco de raiva e necessidade envolvia o beijo, o deixando em uma intensidade perigosa para duas pessoas sozinhas em uma mata, e que se queriam como nunca.

Sou colocada contra uma árvore. Enquanto o beijo passava a envolver língua e pequenas mordidas, sua mão desceu por minha cintura, apertando-me contra ele. Em meio ao beijo solto um suspiro excitado.

— Rosellyn — desceu os lábios por meu queixo, pescoço e ali permaneceu. Deixando beijos e algumas mordidas que me faziam sobressaltar em seus braços. — Se não me dizer parar agora, eu não vou conseguir parar depois — avisou.

Com esforço redobrado eu o afasto. Meu peito subia e descia em uma respiração pesada, e minha cabeça continuava a fantasiar sobre o que poderia acontecer se caso eu não impedisse de continuar. Mas aquele não era bem o momento para deixar acontecer.

— Certo, não é momento para isso — imaginei que ele iria dizer algo do tipo: "com você nunca é", mas não o fez. Puxei um tanto de ar, e tento me manter focado no assunto. — Você bateu nele.

— Não o tanto que gostaria

— Isso não é bom. Aquele idiota é maluco — sorriu de canto.

— Tá me dizendo que está preocupada comigo? — Odiei assumir, mas precisei fazer.

— É claro que estou. Isso vai piorar a situação, Jungkook.

— Prefiro piorar a situação do que deixar ele se aproximar de você novamente — suspirei trêmula. Eu tinha medo disso. Tinha medo que ele dissesse isso.

Meu medo era de que Brad poderia tentar algo pior. Eu não sabia o que se passava naquela cabeça perturbada, mas sabia que ele não iria deixar isso impune. Já deixou claro que guardava rancor, e essa era a segunda vez que apanhava. A primeira foi de mim, agora de Jungkook. Não gostava de pensar no que ele seria capaz de fazer, e no que eu teria que fazer para impedir.

— E se ele tentar alguma coisa com você? E se ele conseguir?

— Aí cabe a você me vingar — brincou. Me aproximo apenas para lhe dar um tapa no braço.

— Para de brincar com isso. Ele é louco! Tem dinheiro suficiente para tacar fogo na Casa Branca e se safar numa boa — ele sorriu, sabendo que minhas palavras eram um tanto exageradas, mas ciquenta porcento realistas. Ergueu a mão para acariciar minha bochecha.

— Ele não vai fazer nada, fica tranquila. E mesmo se tentar algo, eu tenho algumas cartas na manga — fechando os olhos, deixo o calor de sua mão acalmar um pouco meus hormônios.

— Me diz uma delas — pedi um pouco irônica. Ele ignorou minha ironia e se aproximou por completo. Ergueu meu rosto, fazendo-me olhar diretamente em seus olhos mais uma vez.

Seu olhar estava sério, então sabia que suas próximas palavras seriam igualmente sérias.

— A motivação dele para fazer tudo isso é a mesma que eu tenho para bater de frente com ele — aproximou o rosto, deixando seus lábios tocarem os meus por segundos. — Você