f o r t y - s e v e n

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Poxa vida, eu estava só de blusa e calcinha.

De todas às vezes que imaginei um encontro com seu pai, nunca pensei que estaria só de calcinha e blusa. Mas acredito que isso era o de menos naquela situação. Sem dúvidas era o de menos.

— Você deve ser a...— o homem começou, com a voz rouca e levemente preguiçosa. Mas não teve tempo de terminar o que pretendia. Jungkook apareceu atrás de mim, pegando em meu braço, me puxando para trás e então fechando a porta na cara do pai. Assim do nada, e também sem dizer nada. Eita caceta.

— Eu quero que você vá para o quarto e me espere lá — disse apontando para o andar de cima. Ainda meio espantada pela situação em si respondo no automático:

— Não.

— Como é que é? — confesso que fiquei com um pouco de medo de sua voz que de repente se tornou baixa. — Rosellyn, eu não estou de brincadeira, vai para aquele quarto agora. — já disse que preferia ele me chamando apenas de Rose? Pois é, o Rosellyn soava como se ele estivesse me repreendendo por algo muito estúpido que eu fiz.

Respirei fundo e voltei a dizer:

— Não posso —  certo, como iria explicar para ele que sua tia basicamente me implorou para que quando ele por acaso se encontrasse com seu pai, não deixá-los sozinhos em hipótese alguma? Ela realmente havia dito com todas as letras que eu NÃO podia de forma alguma deixar Jungkook sozinho com o pai. E isso ativou um grande medo em mim, então ele poderia dizer o que quiser, eu não sairia dali.

— Rosellyn...

— Eu sei! Olha, não fala meu nome inteiro, quando você fala eu sinto que está super bravo comigo. Além do mais, eu não vou sair daqui, não importa o que você diga, eu quero e vou ficar aqui — passou a mão nervosamente pelo cabelo. Observei cautelosamente ele respirar fundo e ficar por alguns segundos em silêncio, talvez pensando se devia me levar para o quarto a força e me amarrar na cama.

De repente resmungou algo bem baixo, o que eu acreditava fortemente ter sido um belo de um palavrão, e foi para o sofá, pegando em seu casaco.

— Vista isso — colocou o casaco em meu corpo e me segurou pelos ombros. — Antes de mais nada, eu já peço desculpas — disse.

— Pelas onfesas que ele vai me fazer?

— Não, pelo soco que eu vou dar na cara dele se caso ele pensar em te ofender — Ah sim, agora entendia muito bem a razão pela qual sua tia me implorou para não deixa-lo sozinho com o pai. Seria briga física na certa. — O que você está fazendo aqui? — foi a primeira coisa que disse ao abrir a porta.

Só consegui imaginar que se caso falasse assim com meus pais, eu possivelmente estaria ferrada. Talvez iria conhecer o demônio interno da minha mãe, e meu pai iria me vender.

Minha perna esquerda deu uma leve falhada quando o homem me encarou. Seu olhar desceu por meu corpo, agora coberto pelo casaco de Jungkook. Me senti julgada quando ele ergueu uma única sobrancelha. Ele podia não ter muito semelhança física com o filho, mas o jeito sarcástico de olhar era o filho inteirinho. O homem apenas desviou o olhar quando Jungkook me puxou para ficar atrás dele. Soltando uma risada baixa e visivelmente sarcástica, ele disse:

— Não seja arrogante, eu ainda continuo sendo seu pai — Entrou na casa, olhando atenciosamente cada canto ali — E eu já a vi, não precisa tentar esconde-la de mim —

— Fala logo o que você quer aqui — Jungkook parecia incomodado com o jeito que o homem olhava a casa. Confessava que até mesmo eu fiquei. Não sabia como explicar, mas era parecido com um olhar de desprezo.

tweety • jjkWhere stories live. Discover now