AFTER 2 (Tradução Português/BR)

Capítulo 190

Está quente. Muito quente, minha consciência começa a voltar. O Harry está deitado em cima de mim, quase todo o seu peso está sobre mim no colchão. Estou de costas e o Harry deitado de barriga para baixo, a sua cabeça está no meu peito, um dos seus braços está envolvido em volta da minha cintura e o outro está esticado do seu lado. Estava sentindo saudades de dormir desse jeito, e até tive saudades de acordar suada por causa do corpo do Harry me cobrindo. Quando olho para o relógio são sete e meia, o meu alarme vai tocar em dez minutos. Não quero acordar o Harry, ele parece estar tão calmo, até tem um pequeno sorriso de lado nos seus lábios. Geralmente ele está sério, até quando dorme.

Em uma tentativa de me mover sem acordar ele, levanto o seu braço da minha cintura.

"Mmm..." Ele choraminga e o seu corpo se
move, me agarrando com mais força.

Olho para o teto, decidindo se tiro ele de cima de mim ou não.

"Que horas são?" Ele pergunta, a sua voz está grossa por causa do sono.

"Quase sete e meia." Digo calmamente.

"Merda. Você quer faltar as aulas hoje?"

"Não, mas você pode." Sorrio e passo gentilmente os meus dedos pelo cabelo dele, massageando suavemente o seu coro cabeludo.

"Podíamos ir tomar o café da manhã." Ele vira a cara para olhar para mim.

Ele desliza um pouco o seu corpo para baixo para o seu queixo ficar em cima do meu peito.

"Você dormiu bem?" Pergunto para ele.

"Sim, muito. Não dormia assim desde..." Ele pensa.

"Fico feliz por ter dormido." Digo sinceramente.

"Posso te dizer uma coisa?" Ele ainda não parece estar acordado, os seus olhos estão úmidos e a voz dele está mais rouca do que nunca.

"Claro." Volto a massagear o coro cabeludo dele.

"Quando eu estava na Inglaterra, na casa da minha mãe, tive um sonho... bem, um pesadelo."

Oh, não. O meu coração se aperta. Eu sabia que ele tinha tido pesadelos, mas ainda me magoa ouví-lo dizer isso.

"Lamento que os pesadelos tenham voltado."

"Não, eles não apenas voltaram Tess. Foram piores." Juro que senti o corpo dele tremer, mas o rosto dele não demonstrava nenhuma emoção.

"Piores?"

Como é que podiam ser piores?

"Era você , eles estavam... estavam fazendo com você." Ele diz e o gelo substituiu o sangue quente das minhas veias.

"Oh." A minha voz sai fraca, patética.

"É. Foi... foi foda. Eu fiquei muito pior do que antes porque eu estou acostumado com a minha mãe, você sabe?"

Assinto com a cabeça e levo a minha outra mão ao braço nu dele, para acariciá-lo como estou fazendo com o coro cabeludo dele.

"Nem tentei dormir depois disso, fiquei acordado de propósito porque não aguentava ver aquilo outra vez. A ideia de alguém te machucando me deixa maluco."

"Desculpa." Os olhos dele estão escuros e os meus cheios de lágrimas.

"Não tenha pena de mim." Ele me segura e pega as lágrimas antes delas caírem.

"Não tenho. Me deixa triste porque não quero que você se magoe, não tenho pena de você."

É verdade, não tenho pena dele. Me sinto terrível por esse homem quebrado que tem pesadelos sobre a sua mãe ser violentada e abusada, e a ideia do meu rosto substituindo o da Anne me mata. Não quero que esses pensamentos persigam a sua mente que já é angustiada.