Certificado de coragem...

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Por Oliver

No caminho de minha sala até a recepção, vejo um e-mail da equipe de biomédicos, me lembrando que o hoje é o dia da coleta de sangue dos funcionários e o meu também. Desde que eu assumi a presidência do hospital, informei a todos os funcionários que, de quinze em quinze dias fizessem exames laboratoriais, para checar se está tudo bem. E eu me incluo nisso também.

Respondo-os, confirmando minha coleta e me encaminho para a recepção. Optei por colocar meus óculos escuros, para tentar camuflar o vazio que existe em mim, o vazio que somente Meg pode preencher.

Ao me encaminhar para a recepção, vejo Meg ao lado de Mariah e Harry. Percebendo minha presença, sinto que a deixei incomodada, então prefiro não deixá-la à vontade e não tento falar com ela. Parece uma atitude infantil, mas é apenas uma tentativa de não incomodá-la. Apenas as cumprimento e vejo que apenas Mariah me responde.

Meg mal olha em meus olhos e está calada. É a primeira vez, em quinze anos que vejo Meg em algum lugar não falo com ela. Uma dor imensa invade meu peito, por imaginar que, talvez, seja esse o rumo de nossas vidas. Mas eu coloquei em minha cabeça que se Meg está se sentindo pressionada, eu deixarei as coisas como estão. É melhor assim.

Em dado momento, meus olhos se cruzam aos de Meg, o que faz meu coração acelerar e a vontade de abraçá-la é imensa. Eu consigo ver dor e angústia em seus olhos. Meg não está tão diferente de mim. Mas a conhecendo, ela vai optar por sentir suas dores à falar comigo e admitir o que sente, sem dar ouvidos para os outros.

Vejo quando elas saem, em direção ao estacionamento do hospital.

-Meg não está bem e você também não. Isso não é uma coincidência, não é Oliver?

Parece que Harry entendeu o que se passa.

-Não! Não é coincidência, Harry.

-Vamos para um pub aqui perto.

-Certo.

No estacionamento, vejo que o carro de Mariah ainda está aqui. E meu carro está mais a frente do dela.

-Rolou, não é?

Pergunta Harry.

-Sim, Harry. Mas acho que acabou e posso lhe afirmar que eu estou me sentindo pior do que um pedaço de merda!

-Calma, brother. Vamos conversar. Me dá a chave que eu dirijo!

Dou a chave à ele e vejo quando o carro de Mariah sai. Espero que Mariah consiga deixar Meg bem. Em outras épocas, era eu quem estaria consolando Meg, mas hoje eu sou o culpado por sua dor. Mas eu também não sei qual é o motivo de Meg ter ido almoçar com Mariah. Meg não contaria sobre nós dois com ninguém. Seu medo é maior do que aquilo que ela sente por mim!

O caminho até o pub foi em silêncio. Harry me conhece e sabe que quando não estou bem com alguma coisa, eu me silencio. Por esse motivo, ainda estamos em silêncio.

Chegamos ao Pub e Harry pede duas limonadas.

-Sou todo ouvidos, meu amigo.

Solto uma lufada e preciso colocar pra fora aquilo que me aflige.

-Harry, Meg e eu nos envolvemos na nossa última viagem à Virgínia. E até hoje de manhã estava tudo bem entre ela e eu. Mas acho que acabou.

Conto tudo à ele, que me escuta e, prestando atenção em tudo, sem me interromper, sinto que algumas lágrimas fogem dos meus olhos. Logo trato de limpar meus olhos, me recomponho e coloco meus óculos.

-Chorar não te faz mais fraco, Oliver. Foi tudo muito intenso o que aconteceu com vocês dois e é normal que você esteja sentido. Bem, na minha opinião, eu acho que Meg errou, mas todos nós erramos. Leve em consideração que é a primeira vez dela em um relacionamento sério e além disso, vocês são amigos há anos e a família de vocês também.

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