Entrelaçados

Minha escolha sempre será ela!

Por Oliver

-Isla, quer me dizer o que foi aquilo? - digo com a voz mais rude.

Caminho até ela e me sento em uma cadeira próximo à sua cama.

-Oliver, me desculpe! Foi mais forte do que eu. Oliver, eu te...

Por um momento, penso em tudo que se passou nesse bar e, mais uma vez, fui um completo imbecil com minha esposa. E se Isla acha que é hora de revelar alguma coisa em relação ao que sente, acho melhor deixar as coisas bem claras à ela. Se um dia ela nutriu algum tipo de sentimento por mim, que não fosse amizade, terá que guardá-los ou esquecê-los de uma vez.
Nesse momento, só penso no quanto eu magoei minha esposa e o quanto ela deva estar chateada comigo. E com toda a razão!

-Nem se dê o trabalho de terminar sua frase, Isla... - solto uma longa lufada. -Está melhor? - pergunto, olhando duro em seus olhos.

-Foi só um susto... - respondeu, parecendo envergonhada.

-Um susto... - acabo rindo, disfarçadamente, imaginando o que possa ter acontecido nesse quarto com a Meg aqui. -Vou indo, minha esposa deve estar me esperando no carro. Adeus, Isla. Espero não vê-la tão cedo!

-Oliver, espere...- diz a vejo seus olhos cheios de lágrimas.

-Não, Isla. Eu realmente achei que fosse minha amiga e fiquei feliz em poder trazer a mulher que eu amo, a mulher que eu escolhi passar o resto de minha vida, a minha esposa, Isla! Eu a trouxe para que você pudesse conhecê-la e a sua reação foi a pior coisa que poderia ter acontecido. Não passou pela sua cabeça que a magoando, me magoaria o dobro? E o que mais me irrita é saber que você tinha noção do que isso poderia acarretar entra ela e eu e, ainda assim você persistiu naquele show ridículo. Sinceramente, não vejo mais motivos para que eu fique ou que mantenhamos mais contato, Isla.

-Oliver, espere... Por favor!

-Isla, entenda uma coisa: entre ela e você, ou melhor, entre o mundo e Meg, minha esposa sempre será a minha escolha.

-Oliver, eu só estava no modo defesa... - a interrompo.

-Modo defesa, Isla? -me exalto. -Em que momento a minha esposa lhe atacou para que pudesse entrar em "modo defesa", hein!? Meg se defendeu dos seus comentários absurdos e descabidos.
Você perdeu o direito de se defender no momento em que você começou esse show de horrores, Isla! Você não a conhece e deu sorte dela ter se controlado. Meg não é do tipo de mulher que leva desaforo pra casa. -pela sua cara, tenho certeza que Meg deve ter tido uma conversa bem calma com ela, mas não julgarei minha esposa por isso. - Seu maior erro foi ter magoado a pessoa que eu mais amo. Não nego que a situação me cegou, mas consegui abrir meus olhos e perceber que minha esposa estava certa desde o momento em que ela pisou aqui!

-Vai mesmo virar as costas pra mim por causa dela? - Isla não mais segura o choro.

-Não é "dela", apenas. É minha esposa! E eu viraria as costas para qualquer pessoa, sem exceção, que tentasse me colocar contra a minha ela. Eu já disse: entre o mundo e ela, minha escolha sempre será a minha esposa! Não tenho mais nada a falar com você. Com licença, estou indo!

Saio do quarto de Isla e encontro com Leon na saída do bar.

-Oliver, já está de saída? -pergunta Leon.

-Já era pra eu ter ido há muito tempo, meu caro! -digo soando um pouco grosseiro.

-Desculpe pelo que ocorrido. Não era a intenç...-não espero que ele termine.

-Não era a intenção, mas desde o momento em que minha esposa pôs os pés aqui, Isla e você a trataram com indiferença. Eu fui um tolo por não perceber o que tava rolando aqui.

-Oliver, desculpa. Mas é que Isla gosta muito de você e... - o interrompo novamente.

-Guarde seus argumentos, Leon. Se vocês trataram minha esposa com total indiferença, não há motivos para que eu fique nem mais um minuto nesse lugar. Onde minha esposa não é bem vinda, eu também não sou. Com licença!

Com tudo muito mais claro em minha mente, vejo que Meg teve razão em tudo que disse. Ela não errou ao pensar que aqueles que eu chamava de amigos, estavam olhando torto para ela. Devo desculpas à ela e, caso ela não me perdoe, ela estará no direito dela.
Pisei feio na bola...

Na calçada, olho para todos os cantos e não vejo sinal do meu carro e muito menos de minha esposa. Meg resolver me dar o troco muito antes do que eu imaginava.
Não acredito que ela fez isso, ainda mais a essa hora da noite.
Não encontrarei nenhum carro e muito menos carona que até aquele castelo.

O jeito é caminhar, a chuva cessou e o vento também. Caminho pela estrada e penso em nossa trágica noite.
Meg estava certa e acabei por tratá-la mal, mas isso não é motivo para que ela me deixasse a pé nessa estrada. Poderia ter me esperado e conversaríamos no caminho.

Para piorar a situação, a chuva volta com força total e, em instantes, minha roupa fica encharcada.

A água gelada bate em meu rosto e esfria meu corpo.
Minha roupa está encharcada e ainda tenho uma bela caminhada pela frente.

Este é o meu castigo por ter agido feito um idiota com minha esposa?

Com a raiva que estou sentindo, meu corpo nem sente a água fria que me atinge.

Apresso o passo e continuo minha longa caminhada...

Depois de longos minutos, chego ao castelo e vou direto para o nosso quarto.
Meg não se encontra aqui, o melhor que posso fazer é me livrar dessas roupas e tomar um banho, para ver se tiro toda essa tensão que se apossa sobre mim.

Embaixo do chuveiro, penso em nossa lua de mel até aqui. Já briguei numa boate e fomos "convidados" a nos retirar. Hoje, pisei na bola mais uma vez.

(...)

Enquanto observo as gotas de chuva deslizando pela janela do castelo, sinto um peso em meu coração. A briga naquele ainda ressoa em minha mente, como um eco persistente de minha própria tolice. Afinal, como pude duvidar dela, minha esposa, e dar créditos à Isla?

Agora, aqui estou eu, sozinho com meus pensamentos e arrependimentos. Eu magoei Meg profundamente ao questionar sua desconforto e desconfiança quanto aos "meus amigos".
A confiança é a base de qualquer relacionamento, e eu a quebrei.

Enquanto a chuva continua a cair lá fora, percebo que não podemos fugir dos problemas. Não podemos simplesmente ignorar nossos conflitos e esperar que desapareçam. Precisamos enfrentá-lo, com coragem e honestidade e ter a humildade de admitir nossos erros. E sei que errei!

Meg e eu estamos apenas começando nossa jornada juntos como marido e mulher.
A lua de mel deveria ser um momento de alegria e conexão, mas eu estraguei tudo com minha falta de confiança e comunicação.

Eu amo Meg mais do que tudo, e é por isso que meu coração dói tanto com a ideia de tê-la magoado. Precisamos aprender a amadurecer juntos, a superar nossas diferenças e a confiar um no outro plenamente.

E é com essa determinação renovada, que decido que vou à procura de Meg para pedir seu perdão.
Preciso mostrar a ela o quanto estou arrependido por minhas ações e prometer que farei tudo ao meu alcance para reconstruir sua confiança em mim.

Enquanto me preparo para ir ao encontro de minha esposa, prometo a mim mesmo que nunca mais permitirei que a dúvida e a desconfiança façam morada entre nós. Porque, no final das contas, nosso amor é mais forte do que qualquer tempestade que possa surgir em nosso caminho!

❤️