Nada nos deterá...

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Por Megan

Queria ser uma mariposa para ver a cara de meu marido ao perceber que não fiquei esperando por ele.
Afinal, ele não defendeu a amiguinha e, provavelmente, deve tê-la consolado, ficando contra mim? Minha raiva foi de não ter batido na cara daquela foca.
Que raiva daquela fulaninha de tranças!

Depois de tomar um banho maravilhoso, e me perfumar toda, ponho minha camisola vermelha para esperar o touro. Hoje a coisa ferve!

Com a autorização de minha obstetra, vou até a adega e escolho um ótimo Bordeaux, mesmo que sejam apenas três dedinhos, para completar a minha noite.
De vez em quando, olho para a janela e através da cortina, posso ver toda a frente do lugar e nada de Oliver.
A chuva aumenta e começo a ficar com dó de Oliver. Deve estar com frio até a alma ou com fogo, movido pela fúria de tê-lo deixado sozinho. Não nego que um sorriso maroto escapa de meus lábios... mas isso só saberei quando ver sua linda carinha!

O tempo parece se arrastar e, mais uma vez, olho pela janela e é quando o vejo chegando. Volto à minha poltrona e tento parecer o mais relaxada possível e a mais feliz das mulheres, como se nada tivesse acontecendo!

Ouço a porta principal se abrindo e pelo vão da porta da biblioteca, olho seu aspecto encharcado e sua cara amarrada. Ele sobe as escadas rapidamente e, na certa, imagina que eu esteja no quarto.

Doutor Windsor terá que me achar aqui! Essa é umas das vantagens de se hospedar em um castelo tão grande.

Um tempo depois, ouço-o descer e me chamar. E eu, a mais desentendida das criaturas, o respondo.

-Estou bem aqui, na biblioteca!

Ao entrar, vejo que ele tomou banho e trocou sua roupa. Usa um roupão azul marinho e seus cabelos molhados e penteados para trás. A sua cara não é das melhores, mas vejo que quer uma trégua. Mesmo assim não deixo de admirá-lo. Ele está lindo!

-Posso saber porque não me esperou, Meg? - pergunta, com as mãos na cintura.

Coloco a taça em um aparador e me levanto. Seus olhos correm por meu corpo, como se pudessem enxergar o que há por debaixo dessa seda.

-Não queria atrapalhar sua amizade com sua amiguinha. Agora que já chegou são e salvo, posso ir dormir!

Ao passar por ele, sinto sua mão segurando meu braço.

-Quer me soltar, por favor? - digo olhando dentro de seus olhos.

-Por favor, me responda! Por que não me esperou, Meg?!

-Acho que você não está em condições de exigir nada hoje! Saiba que estou com muita, mas muita raiva de sua atitude naquele maldito bar e espero que nunca mais me apresente a nenhuma de suas outras amigas, ok? - digo com a voz baixa, mas não sem o meu famoso sarcasmo.

-Quero dizer que estava certa, Meg. Eu acho, mais uma vez, feito um idiota e queria que me desculpasse. - o tom de sua voz é suave.

-Eu ouvi bem? O quê? Você me pediu desculpas e ainda disse que eu estou certa? -coloco minha mão junto ao meu ouvido.

-Sim, me desculpe, por favor. Isso não irá se repetir!

-Bom pode, soltar o meu braço, Oliver?

Solta de imediato e dou dois passos em direção à escada.
Num movimento rápido, ele me puxa novamente.

-Eu pedi desculpas e estou admitindo o meu erro, Meg. Vai ficar com essa cara a noite toda, é isso?

-É a única que eu tenho no momento e será com essa que eu dormirei!

EntrelaçadosWhere stories live. Discover now