𝟑𝟗 | 𝐃𝐎𝐈𝐒 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐒

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ISABELLASão Paulo — capital no dia seguinte

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ISABELLA
São Paulo — capital
no dia seguinte

— VAI, MÃE! É SÓ PUXAR. — Tom avisa, fechando os olhos e já prevendo o pior, afinal há um fio dental preso a um dos seus dentes no intuito de arrancá-lo. É só puxar e pronto. O problema é que eu sou uma medrosa covarde. — 'Tô, pronto, mãe. Eu aguento.

— Anda, Isabella — Tini bota pressão, me vendo hesitar. Claro que estou hesitando, minha função agora é arrancar o dente de uma criança. Desde quando isso se tornou uma tarefa fácil?

— Calma, mano! — bufo, secando minhas mãos suadas. Estou nervosa. Aflita. Com medo de acabar machucando meu filho. Por que ninguém sente o mesmo? — Eu vou arrancar, mas sem pressa.

— Ah, larga a mão de ser frouxa. Deixa que eu puxo — minha irmã começa a me empurrar pro lado, querendo roubar meu lugar, mas eu rapidamente a impeço.

— Não, não! — Faço com que ela fique onde está e não me interrompa. — Deixa comigo. Eu consigo!

O primeiro dentinho do Tom caiu e nem foi eu quem arrancou. Foi minha mãe. Eu estava no estúdio quando esse evento ocorreu. Agora eu quero poder ser a pessoa que irá arrancar esse e os próximos. É o que uma mãe deve fazer.

— Mamãe, tudo bem não conseguir. — Tom me consola como se pudesse ler a minha mente e ver o meu desespero. — A vovó arrancou rapidinho, a gente pode ir pra casa dela.

— Não! — Nego de imediato, achando um absurdo essa sugestão. — Quero arrancar, Tom. Eu consigo.

— Não consegue, não.

Olho com cara feia para Martina. Ela não está me ajudando em nada jogando essa chuva de desmotivação pro meu lado.

— Então vai, mãe. — Tom fecha os olhos de novo e fica todo tenso esperando o momento que eu irei puxar aquele fio e arrancar seu dente. — Tem que ser agora se não eu vou arregar.

— Sua mãe 'tá com mais medo que você, Tomtom.

— Cala boca, Tini — bufo, fixando os olhos naquele fio e me concentrando. — Vou dar conta. Espera. — Respiro fundo, alongo os ombros e ganho foco. — Agora eu vou. Depois do três. Um... dois... Merda. Calma. — Seco minhas mãos, sentindo que estão escorregando e começo de novo. — 'Tá, agora vai. Um...

— Ô, mãe! — Thomas abre os olhos e os arregala. — 'Cê 'tá me deixando com medo assim. Dá aqui.

Ele rouba o fio da minha mão, pula pra fora da cama e fica de frente para o espelho.

— A melhor técnica — vai falando Tini se colocando ao lado do menino e oferecendo sua grandiosa sugestão sem noção — é amarrar o fio dental na maçaneta da porta e bater com tudo. Sacou?

— Eu acho que você tem uns parafusos a menos, Martina — me coloco em pé, mas não ouso em me intrometer nas decisões de Thomas.

Tenho que admitir que tenho medo de arrancar dente de criança, eu não gostava nem quando arrancavam os meus. Peguei trauma.

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now