𝟒𝟓 | 𝐓𝐇𝐎𝐌𝐀𝐒 𝐂𝐑𝐀𝐐𝐔𝐄 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀

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RAPHAELSão Paulo — no colégio do Tomdurante a tarde

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RAPHAEL
São Paulo — no colégio do Tom
durante a tarde

ME AJOELHO DE frente pra minha criança e ajeito o meião em suas pernas, deixando o mais alto possível pra que o proteja bem durante o jogo.

— Você pode arrumar o meião durante a partida quando tiver dado uma esfriada, filho — informo a ele, ficando em pé de novo. — Se achar que 'tá caindo, você arruma rapidão e sucesso.

— 'Tá! — Ele concorda praticamente gritando.

Thomas está olhando freneticamente para a grade ao lado onde envolve a quadra em que irá jogar daqui a poucos minutos.

Percebo o jeito como meu filho fica abaixando a camisa amarela que veste diversas vezes e compreendo aquele tique de ansiedade. Eu faço a mesma coisa quando estou tão ansioso quanto.

— Vai dar tudo certo — digo com confiança, fazendo meu filho desviar os olhos pra mim imediatamente. — O seu time é bom, filho. E você joga muito bem, não esqueça disso.

— Papai, o time que a gente vai enfrentar não perde já faz dez jogos!

Consigo ver o desespero nos olhos deles. O pânico.

— Para com isso. 'Cê sabe que seu time é melhor. — Tento trazer a esperança que ele precisa. — E o seu não perde a quanto tempo?

— A gente perdeu semana passada contra a turma B que nem se classificou pro campeonato.

Puta que pariu, assim fica muito difícil abraçar as esperanças quando elas mal existem.

— Tom, olha pro pai — peço e o menino, todo inquieto, ansioso, me olha. — Você é o camisa nove desse time, não é? — Ele assente, balançando a cabeça, concordando. — Então você vai marcar os gols. Você. Porque você consegue.

— Mas pai...

— Não pense que eles são melhores e nem que eles são mais fortes. Pense que você é capaz independente da situação do seu adversário. Você vai lá, vai jogar com garra e vai dar o seu melhor pra que a vitória seja de vocês. Entendeu?

Tom respira fundo e não consegue concordar comigo porque está com muito medo e já acredita na derrota. Tão pessimista esse menino.

— Filho, você entendeu?

— Entendi, pai — ele diz, respirando fundo mais uma vez, mudando a postura e ficando sério. — Vou ganhar essa bagaça nem que eu tenha que chutar a cara do goleiro!!

— Isso mesmo! — Digo já feliz da resposta confiante dele. Mas logo me dou conta do que disse e fico confuso. — Espera, como assim chutar a cara do goleiro, Tom? 'Tá doido?

— É jeito de falar, pai. Foi assim que a tia Tini me motivou semana passada. A gente perdeu, mas eu marquei um gol e o Enzo... — Tom começa a rir. — Não marcou nenhum.

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now