Capítulo 2

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         O departamento de polícia de Chicago estava prestes a mudar de turno e a Detetive Decker finalmente largaria o turno do trabalho, mas algo lhe dizia que hoje ficaria de plantão

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         O departamento de polícia de Chicago estava prestes a mudar de turno e a Detetive Decker finalmente largaria o turno do trabalho, mas algo lhe dizia que hoje ficaria de plantão.  Ela era a melhor em sua função como detetive\ Agente especializada em crimes por assassinato e homicídio. Sua intuição dificilmente errava e passou o dia com uma sensação agonizante. Quando o chefe acompanhado de dois agentes, entrou na sua sala com uma prancheta já sabia que sua intuição estava certa. Arrumou a postura, levantou se e cumprimentou lhes. Pela cara do chefe, não era um caso fácil.

- Decker, estes são os agentes da agência de polícia de Detroit. Pessoal, essa é a agente especial Decker.
- Boa noite chefe, agentes, o que lhes trazem aqui?
-Um caso é claro, mas é melhor sentar-se. - O chefe Tom fez sinal para que ela se sentasse.

       A policial Decker agia normalmente, afinal, era só mais um trabalho. No entanto, seus colegas pareciam nervosos de certo ponto de vista. Claro que não eram seus colegas de fato, mas generalizava para qualquer policial. Estranhou o silêncio do patrão que geralmente é muito impaciente, então perguntou logo para dar fim aquele silêncio inquietante:

- Tom, sobre o que se trata o caso?
- Bom, não há como dizer isso em outras palavras Decker. - O chefe da agência de polícia de Chicago respirou fundo e disse de uma vez só:
-Seu irmão foi encontrado em Detroit. Ele foi assassinado. Sinto muito. - Ele olhava a policial profissional, sem desesperar-se pela notícia.
- Meu irmão? Tem certeza? Quando foi isso? - Decker segurou se para não entrar em desespero, mas na verdade ela estava travada e tentava aceitar a informação.
- Está tudo explicado na ficha, o que não entendemos é o porquê de tamanha violência.
-Vocês disseram assassinado? Podem falar enquanto leio. -Disse ela pegando a prancheta.

       A mulher apesar de estar chocada, manteve-se firme e abriu o relatório do caso. Ao abrir a pasta, o choque foi imenso com as fotografias do corpo dilacerado daquele que um dia fora seu irmão. Levando a mão a boca, seus olhos corriam em uma velocidade absurda pelas entre linhas, em busca de respostas para milhões de perguntas que lhe bombardeavam a mente (Quem? Por quê? O que você fez Finn? Nossos pais já sabem sobre isso? Qual a arma do crime?) mas a nenhuma pergunta ela conseguia responder. Os policiais esperavam que ela desse uma lida na ficha ou reagisse.

- Pela forma que ele foi encontrado, parecia ser alguém com necessidade de esconder o corpo. Tentou queima-lo, mas a umidade do ar  impossibilitou de queimar totalmente. Notasse que se trata de um profissional, alguém frio, calculista pela forma como os cortes são precisos. Parece que o assassino conhecia a sua vítima. - Disse o agente Oliver, esperando um sinal qualquer para dar continuidade. 

- Bom, sei que isso será muito difícil para você. Se não quiser ficar com o caso, não sei o que fazer. - Disse Tom com sinceridade preocupada com o estranho comportamento da policial.

- Não mesmo. Eu fico com o caso. Preciso saber quem foi o responsável pelo assassinato do meu irmão. - A policial parecia convicta do que dizia.
- Certo. Agradeço por isso Decker e sei o quanto será duro para você.
- Se fosse eu, iria até o inferno atrás do desgraçando que fizesse isso com alguém da minha família. - Admitiu Oliver, nada discreto.
- Acho que ela não precisava ouvir uma coisa dessas agora... - Falou Noah, olhando com repressão o colega.
- Está dispensada. Quantos dias precisar. Mas volte assim que possível e entre em contato com os detetives Oliver e Noah.
- Obrigado.
- Nossos números estão aí no formulário ou ligue para nossa central. Sinto muito. - Oliver Levantou-se e foi até a porta.
- Qualquer coisa estamos à disposição detetive. Lamento sua perda. - Noah esticou a mão para um breve cumprimento. E a detetive aceitou.
-Meus pêsames Decker. - O Cherife levantou se com pressa e abriu a porta para os outros dois detetives que lhe acompanharam porta a fora até o corredor.

          Allie sente o peso do mundo nos seus ombros e se debruça sobre a mesa. De cabeça baixa, ela chora baixinho a perda de seu irmão mais velho, Finn. Com os pensamentos a um milhão, a detetive especial Allie Decker recompõem se e lembra que está em seu escritório, no seu trabalho, e não pode demonstrar fraqueza. Recolhe com pressa seus pertences, e sem mais nem menos, joga tudo na bolsa. Levantou se, pegou sua bolsa, sua maleta de documentos e o dossiê que lhe promete insônias. Saiu do escritório e deixou que a porta se fechasse sozinha.

         Provavelmente a notícia ainda não tinha se espalhado pela delegacia, mas não quis se demorar a confirmar isso. Caminhou apressadamente pelos corredores, e saiu da delegacia em sentido a sua vaga de estacionamento. Ao longe, viu seu carro na vaga que lhe pertencia, 029. Com as chaves, destrancou o carro. Abriu a porta do passageiro e colocou suas coisas ali. Levando com ela apenas a bolsa e o dossiê para frente. Fechou a porta e entro no lugar do motorista.

          Respirou fundo antes de pensar para onde iria a seguir,  decidiu por fim ir para casa. Enquanto dirigia, seus pensamentos voavam e se tornavam uma confusão. São vinte e sete anos não esperava nada de emocionante do trabalho, ela mesma havia presenciado coisas horríveis das quais outros policiais se recusaram a permanecer, mas isso era diferente.

         Ela não precisava pensar no caminho que faria para casa, era como se seus pés e mão agissem por conta própria. Allie não podia acreditar nisso, não queria. Mas era inevitável. A foto da tatuagem na mão, a digital, o sêmen e o DNA comprovaram que era seu irmão, por mais que seu rosto não conseguisse ser identificado. Tentou se lembrar da última vez que viu seu irmão, foi na sala de interrogatório de Chicago. Ele havia cometido alguns crimes, roubo, arrombamento e invasão ao domicílio.

       Sua mãe lhe implorou que fosse ver seu irmão e o ajudasse. E por mais que não quisesse, ela foi pelo choro e apelo da mãe.

    Mas ao conversar com Finn, percebeu que ele estava acabado pelas drogas e que de fato cometeu tais crimes e não se importava com a família, nem mesmo com sua mãe que estava extremamente preocupada com ele. Allie não ajudou Finn.

      Pelo contrário, ela testemunhou contra e sua declaração no tribunal, uma semana antes daquele encontro, incentivou a sentença de cinco anos para seu irmão. Finn disse que a odiava, e esperava que ela fosse baleada e para o inferno. Aquilo atingiu Allie mais do que gostaria. Para onde foi aquele garoto que aos 14 anos, era seu protetor na escola? Mas ela era rígida,  não pediu desculpas, nem foi visitá-lo desde então. Nunca ligou para ele na prisão. Não porque quisesse seu mal, mas porque Allie sabia que Finn não lhe atenderia e também que ele não iria mudar. Nem entende-la para desculpa-la. Ela estava certa e era seu trabalho. Mas sua mãe pagou a fiança e visitava seu irmão com regularidade, implorando que ele tivesse um bom comportamento.

      Finn acatou o que a mãe lhe pediu em troca de dinheiro e acabou saindo por boa conduta e serviços prestados a comunidade quando fez dois anos. Assim que saiu, pegou o carro do pai, o pouco dinheiro que tinha no banco e foi embora. Deixando sua mãe arrasada, e Allie e seu pai ainda mais preocupados com o que ele faria a seguir.

      Virou a esquina e pouco depois estacionou na casa número 1313. Pegou suas coisas no carro, e abriu a porta de casa. Foi até a mesa da sala de estar, e deixou suas coisas em cima da secretária. Abriu todas as janelas e deixou a casa ventilar com o ar fresco do fim da tarde. Ainda era verão, mas a estação estava a pouco de mudar e já fazia alguns dias que a noite se tornava fresca com o vento que passava por Chicago, a cidade dos ventos até no verão. Foi até a cozinha e colocou para passar um café na cafeteira. Voltou para entrada, e trancou a porta. Desabotoou a camisa, tirou o sutiã e foi para o banheiro.

       De frente ao espelho, fitou seu rosto pálido e cansado. Banhou o rosto em água corrente, estava fria. Despiu se enquanto a banheira enchia. Jogou sais e sabão líquido na água, verificou o celular. Dezessete chamadas não atendidas de sua mãe e quatro do seu pai.

(Eles sabem) Pensou ela nervosa.

      Decidiu tomar banho, comer algo e só depois retornar. Seria uma ligação longa e tensa. E ela estava exausta, precisava relaxar e comer antes de tornar ao mundo real, ao seu papel de filha, irmã e policial.

      A banheira já estava cheia, entrou e sentiu a água morna beijar sua pele nua. Allie agradeceu por estar em casa. Esfregou o corpo com uma bucha de esponja, lavou o cabelo,  então se recostou na parte larga da banheira. Virou se de lado e sem querer, pela exaustão, pegou no sono.

Vamp: O INÍCIO  - Livro 1Where stories live. Discover now