Capítulo 9

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           Já eram sete da noite quando tinha acabado de arrumar tudo

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           Já eram sete da noite quando tinha acabado de arrumar tudo. Estava cansada. Sua cabeça bombardeava e suas costas doíam por tantas horas sentada. Pegou o celular e visualizou uma mensagem. Era de seu pai. Dizia-lhe que a amava muito e pedia que perdoasse sua mãe, pois ela estava fragilizada e não entendia que aquilo tudo não era responsabilidade de Allie e sim de Finn. Pedia também que ela viesse lhes visitar assim que possível.

    A detetive suspirou sem saber o que responder. Sabia que seu pai preferia ligações a SMS, mas se ele mandou, significava que sua mãe estava por perto. Respondeu que estava tudo bem, que lamentava não ter ido, mas que achou melhor assim. Mandou um beijo e disse que pensaria sobre o assunto, terminando com uma boa noite pai.

    Fechou a casa, certificando-se que estava tudo muito bem trancado. Abriu o congelador e tirou dele um pote de comida caseira congelada. Ligou no micro-ondas no modo descongelamento, pois sabia que demorava muito para descongelar por completo.


      Arrumou a sala e a cozinha rápido, apenas dando uma variada e tirando coisas do lugar errado e colocando no certo. Foi para o quarto e o micro-ondas ainda apitava. Viu as horas no celular e colocou no modo silencioso. Escolheu o pijama, meias quentinhas e sua pantufa. Deixou do lado da cama, e foi em direção ao banheiro da suíte. Enquanto a banheira enchia, seus pensamentos lhe sufocavam. Despiu se e entrou na banheira.

       Jogou loção de banho espumante no chão da banheira. Conforme a água caía sobre o produto, esse borbulhava e se espalhava pela área da banheira. Allie de braços ao redor das pernas encostava a cabeça nos joelhos suspirando. Queria ser forte, não podia chorar mais. Sabia que não adiantava nada ficar assim. Precisava demonstrar que estava bem para seguir com a vida, com a rotina e trabalhar.

     Sem o trabalho, era apenas Allie. A detetive Decker estava ausente. Mas a verdade é que ela se sentia solitária em casa. Por isso gostava do que fazia. Gostava de ficar até tarde no trabalho. Soltou o cabelo, e quando seu longo cabelo loiro escuro se soltou, parecia que estava segurando barras de ouro.

      Seus ombros pesavam, seu pescoço doía e tudo que queria era avançar no tempo. Ou recuar, e tentar mudar o destino de seu falecido irmão. Ela não se culpava pelo seu assassinato, mas achava que podia ter tentado mais com ele. Talvez sua mãe tivesse um pouco de razão em meio ao seu chilique. Ela devia ter tentado mais com Finn.


       A banheira estava com água pela metade quando Allie se deitou finalmente. Seu corpo agradecia por poder se esticar e descansar. Diminuiu a pressão da água, e pegou o sabonete líquido e a bucha. Espalhou um pouco do produto nela, e esfregou devagar em sua pele. A bucha parecia lavar não apenas o suor, mas também um pouco da sensação de peso nos ombros.

      A água quente era deliciosa, mas sentia que estava ficando quente demais. Tirou a torneira para o frio e esperou um pouco para desligar de vez. Tomou seu banho e desligou a água antes de lavar o cabelo. Enquanto passava o creme no cabelo, pensava o quanto havia se desleixado um pouco com o tempo. Não se arrumava com tanta empolgação e a maquiagem estava esquecida na prateleira junto com os perfumes.

      Pensou no colegial, nos amigos e amigas que teve. E percebeu que nunca se importou muito com isso. Socialização não era um problema, mas ela sempre dava tudo de si para o trabalho, e simplesmente esquecia o restante.


       Fazia muito tempo que não tinha uma relação com alguém, nem intimidade. Ao pensar nisso, sua mão deslizou entre suas pernas e então, realmente relaxou.Um tempo depois, lavou-se novamente e saiu da banheira. Esvaziou e se enrolou na toalha. Estava frio fora da banheira com água quentinha. Vestiu-se rápido e foi para a penteadeira. No closet, tinha uma penteadeira onde arrumava o cabelo e tinha suas coisas femininas. Penteou e secou com o secador. Depois de escovado e seco, fez um coque solto e foi para cozinha.

      O micro-ondas apitava no último dos quinze minutos programados. Ligou a televisão no canal investigação Discovery e ligou o micro-ondas novamente, mas dessa vez era para aquecer a comida. Arrumou a mesa rapidinho com uma toalha, talheres e uma caixa de chá gelado. Mas ele estava em temperatura ambiente, então até desceu bem com a porção de arroz, batata cozida, bife e salada de grãos. Comeu e arrumou tudo. Lavou a louça e tirou a mesa.


       O programa "Amizade.com" tinha acabado e em cinco minutos depois da propaganda começaria "MULHERES ASSASSINAS". Foi até o quarto apressada, pegou seu travesseiro mais confortável e uma coberta bem fofa.

       Deitou-se no sofá com pantufa mesmo, e ligou o aquecedor central da casa no baixo. Enquanto assistia, fazia anotações no seu caderno especial do ID (Investigação Discovery) e tomava chocolate quente.


      Depois de quase três horas assim, desligou a televisão, verificou a casa e pegou um dos seus livros favoritos na estante "A garota sem passado" e voltou para o sofá. Embolou-se na coberta, ficando confortável. Ligou o abajur e começou a ler pela quinta vez aquele livro que comprou quando tinha dezoito anos em uma feira de rua.

      Seus olhos cansados deslizavam pelas palavras no papel e a cada página que virava, o sono se tornava maior. Quando percebeu que iria dormir, colocou o marcador no meio do livro e deixou-o em cima da mesinha de centro da sala, na frente do sofá onde estava. Mas antes de desligar o abajur, o sono veio e a pegou.

E aconteceu o que mais temia: Sonhou com ele. Seu irmão assassinado, Finn.

Vamp: O INÍCIO  - Livro 1Where stories live. Discover now