Capítulo 61

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        Filipha estava a caminho de sua cidade natal, mesmo sem ter certeza do que iria encontrar. Em um ônibus de viagem, ela fazia o percurso sentada em uma poltrona sozinha, tendo um lugar livre ao seu lado. A Vamp não sabia ao certo porque estava indo para lá, mas quando Stevan a convenceu, parecia o mais certo a ser feito. Ele precisou voltar a Chicago, para resolver problemas no hospital. 

        Ao chegar na pequena rodoviária da cidadezinha, Filipha ficou surpresa. Estava muito diferente do que ela lembrava. Era claro que ela tinha vindo um outra vez, depois de ter ido de vez. Mas fora há oito séculos atrás, ou seja, 800 anos. Ela fitou com bastante atenção o local, tentando guardar com carinho cada detalhe daquela rodoviária. Para ela parecia mais um celeiro de cavalos do que um lugar considerado moderno que ela conhecia. A rodoviária tinha apenas três ônibus, que saiam um por dia fora da cidade. Obviamente, haviam poucos passageiros. Junto com ela, desceu nove pessoas humanas. Na bilheteria, uma fila de cinco pessoas para comprar uma passagem. Ela ouvia o marido desesperado implorando a ela, um outro meio enquanto a mulher do ticket lhe dizia: Lamento senhor, só temos ônibus para fora para daqui dois dias. 

     A Vampira chamava atenção, com suas roupas sociais bonitas e salto alto. A maioria ali, usava jeans, bota de cobói , chapéu e camiseta xadrez. Filipha estranhamente, sentia que pertencia aquilo. Embora fosse tão estranhamente comum para ela. Fez sinal de que queria uma carona e não demorou para um senhor de idade em uma carroça parar. 

- Olá senhorita, onde océ vai moça da cidade? 

- Oi senhor, vou para frente. Ao centro, perto da figueira. Cê tá indo lá? - Perguntou ela, recordando a gíria maravilhosa do lugar. 

- Arre que océ sabe fala que nem carroceiro! Cê é daqui ou já viveu aqui minina? 

- Já morei sim sinhó, mas faz tanto tempo que até a sombra disconfia! - Brinca ela, fazendo o velhote rir. 

- Hihi, essa fazia anos que não ouvia. Meu vó falava era muito. Benha, que te trago lá onde cê precisa. Surba! - Disse ele, falando tranquilamente seu sotaque da cidadezinha. 

-Cosa boa! Obrigadinhu! - Agradeceu ela, entrando na parte de trás onde tinha palha. 

- Má. se vai ai Fia? Vai surja tudu sua ropa bonitona! Benha pra frente que eu lhe promete não morder. Nem que cê peça! Sou casado, oia aqui minha china veia. - Falou o senhorzinho de seus setenta anos, abrindo a carteira para pegar uma foto desbotada. 

- Orra que ela é uma lindeza que só! Cê tem é sorti, sim sinhó! - Brincou ela, tentando resgatar suas raízes. 

- Ela sempri foi linda, só tá é veia memo! Xiriiiri, má num diga pra ela viu minina? - Disse ele preocupado, sem pensar que ela nem faria ideia. 

- Tranquilinhu, vou me aqui memo caso que eu faz é tempo que não sinto cheiro de feno! - Falou ela, se deitando na palha bem arrumadinha. 

- Cê tem saudade de feno? Cê deve ser da cidade grande memo hehe! Bamo lá Vivianit ! - Falou o velho, dando uma chicotada na égua que grunhiu e correu, levando eles para longe da rodoviária. 


            Por mais que a carroça fosse uma lerdeza, Filipha se sentia bem ali atrás. Ela não negava, sentia-se em casa. Era bom falar puxado, sentir a natureza mais presente e o vento. Por mais que Chicago ventasse e fosse frio, nada comparava-se a uma cidadezinha rural. Sua bolsa de mão guardava tudo considerável necessário. Ela nem ligava para o que os humanos pensavam. Conforme o tempo passava, ela sentia o galopar do cavalo. Ouvia seu chiado e sua patas batendo na terra seca. O barulho da madeira relinchando e das rodas gastas aguentando a pressão. Não havia muito feno, mas o suficiente para deixa-la deitar-se confortável. Ela podia esquecer as preocupações que tinha e as vozes do passado em sua mente pareciam abrandar. 

Vamp: O INÍCIO  - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora