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Marília estava almoçando e surpreendeu-se com a invasão de Maraisa em seu escritório. Depois que a olhou, ficou mais surpresa ainda com o estado dela. Naiara surgiu de repente, e agarrou o braço de Maraisa, a puxando para fora do escritório.

- Deixa-a. - Marília falou para Naiara que a olhou inconformada. - Eu falarei com a Maraisa. Quando sair feche a porta, por favor.

Naiara a olhou contrariada por alguns segundos, mas acatou a sua ordem. Soltou o braço de Maraisa e fechou a porta.

Maraisa ajeitou a sua blusa já tão estragada, e caminhou até a poltrona tão agradável, sem conter o alívio por sentar em algo tão convidativo ás suas costas. Estava apreensiva, e também envergonhada, não sabia muito bem como iria abordar o assunto, aliás, o preço seria alto.. E se a Marília não concordasse?

- Houve um avanço científico e as vacas começaram a falar? - Marília perguntou, olhando com bastante interesse para figura apática de Maraisa.

- Perdão? - Maraisa perguntou confusa, então, se lembrou do que tinha dito antes de sair do escritório com o orgulho inflamado. Observou o sorriso provocativo de Marília se formando nos atraentes lábios, apertou os olhos. - Vai ficar de graça? Por que se for, eu vou embora. - Disse, ameaçando se levantar.

Marília levantou a mão para que ela ficasse no mesmo lugar, ao ver a Maraisa voltando a se sentar, o sorriso se desfez dos seus lábios. Pegou um guardanapo e limpou a sua boca, mas sem tirar os olhos de Maraisa.

O estado das roupas de Maraisa estava deplorável, não passou despercebido o machucado do joelho. A curiosidade a invadiu, queria saber o porquê de ela estar assim, e claro, por ela ter aceitado a sua proposta.

- O que aconteceu com você, francamente? Por que está toda suja e machucada? - Marília questionou, colocou o guardanapo na bandeja e afastou de sua frente.

- Eu caí. - Respondeu Maraisa dando de ombros. - Nada demais. Podemos falar no que realmente interessa?

- Claro. - Marília ficou ereta na poltrona. - Será uma semana, em Recife. - Maraisa ficou surpresa, mas não questionou nem reclamou. - Os meus pais irão renovar os votos, será um grande evento social. Passaremos esse tempo na casa deles, então, é imprescindível que nos tratemos da melhor forma possível. Quero que a minha família acredite que estamos apaixonadas.

Maraisa ficou pensativa.

- Por que quer enganar a sua família com um relacionamento falso? Por que não arranja um relacionamento de verdade?

- Isso não vem ao caso agora. - Marília bateu as unhas na mesa. - Quero que seja carinhosa e amorosa comigo na frente dos meus familiares.

Maraisa riu. Na realidade, ela soltou uma gargalhada que fez a Marília arquear a sobrancelha, estava começando a questionar a sanidade da morena.

- Imagina um caminhão, um dos maiores que tem.. E atrás do volante, tem uma caminhoneira. Eu sou essa mulher, a caminhoneira. Não sou dada a melação sentimental nem com uma calda de mel escorrendo pelo meu corpo. - Maraisa disse ainda rindo. - Não sou romântica.

Marília considerou a calda de mel percorrendo pelo corpo de Maraisa nua. Foi uma imaginação bem fértil e que ficaria em sua mente. Também registrou em sua mente como Maraisa era linda rindo.

- Eu também não sou romântica. Mas fui uma ótima atriz nas peças de teatro do colégio. - Marília sorriu. - Você só precisa fingir estar apaixonada. Acha que será difícil? - Marília perguntou piscando os olhos. Maraisa ficou uns segundos olhando para Marília... Ela era tão linda, que não seria nada difícil fingir isso, principalmente se ficasse em transe sempre que a olhasse.. Como dessa forma. Percebendo o que estava fazendo, ficou corada. O que arrancou uma risada rouca de Marília. - É eu acho que não.

- Prepotente. - Resmungou a Maraisa. - Fingirei até que você é a única mulher da face da terra. Mas antes quero o meu dinheiro. - Maraisa se sentiu suja por dizer isso, mas não teria sexo no meio, era apenas uma farsa.

- Justo. - A expressão do rosto de Marília não se alterou, ficou impassível. Ela pegou a sua bolsa e tirou um talão de cheque, o abriu e buscou uma caneta. - Quanto vai querer?
Moída de coragem, e afastando a vergonha de si, disse:

- Dez mil reais.

Maraisa manteve o queixo erguido, mesmo quando Marília levantou a cabeça para olhá-la. Não soube dizer o que a mais velha estava pensando, mas não queria saber.

- Muito bem. - Marília preencheu o cheque e o puxou do talão. - Dez mil reais. - Maraisa estendeu a mão para pegar o cheque, porém, Marília levantou a mão e o balançou, recebendo um olhar questionador de Maraisa. - Posso confiar realmente em você? E se der para trás? Como vou saber que não vai me enganar?

Maraisa cruzou os braços, o seu rosto ficando bastante vermelho. Poderia ser tudo, menos mentirosa.

- Eu honro com a minha palavra. Se eu disse para você que irei fazer, eu vou. - Maraisa retrucou. - E outra você tem todos os meus dados na minha ficha. Quer saber? Por que não rediz logo um contrato?

- Isso me parece bastante atraente. Não me leve á mal, eu sou uma empresária, sou precavida.

- Não á levo mal nem bem. Faça logo esse contrato, isso é apenas um negócio. - Maraisa deu de ombros, estava mais preocupada em pegar o cheque e se livrar daquele homem.

Marília estudou a Maraisa por um momento.
Tinha algo de errado com ela, os seus ombros estavam pesados como se ela carregasse algum peso muito grande, ás vezes, os seus olhos ficavam aflitos. Definitivamente, alguma coisa muito errada.

Não querendo prolongar essa aflição em Maraisa, entregou o cheque. Viu o alívio no rosto da morena. Pelo modo que a mesma saiu do seu escritório revoltada e depois voltou resignada.. alguma coisa tinha acontecido de muito sério. Não se surpreendeu com a quantia, podia pagar, e nem a julgou. Se fosse o inverso, talvez, tivesse pedido mais.

Sabia que Maraisa era uma boa pessoa. Bastava olhar em seus lindos olhos para saber disso.

- Eu posso ir embora, agora? Quero dizer.. para casa, e não voltar á trabalhar. Pode até descontar o dia do meu salário. - Maraisa disse em tom cansado.

- Melhor. Por que não tira os dias que antecedem á viagem de folga para se organizar?

Maraisa quase se desbulhou em lágrimas de felicidade ao escutar isso. Então, uma questão pairou em sua mente.

- Quando é a viagem?

- Daqui á três dias, no meu cálculo, Domingo viajaremos. Algum problema para você, querida? - Marília com amabilidade.
"Querida". Era uma palavra bastante simplória, usada no dia-a-dia, ás vezes, usada em pura ironia, mas Marília pronunciou de uma forma tão doce que foi quase.. Íntimo.

- Três dias? Não.

- Ótimo. Organize tudo que tem para organizar, arrume as suas malas e descanse. A quero bem disposta e bem humorada no domingo. - Marília olhou em seu relógio. - Passarei em sua casa de manhã, em torno de dez horas. Iremos de carro, ok?

- Ok. - Maraisa murmurou, de repente, ficando bem consciente da dor do seu joelho. Queria á sua filha, a sua casa, e um banho. - Mas tem um problema.

- Qual? - Marília perguntou com atenção.

- Como vou justificar as minhas folgas para a Naiara? E como você sabe onde fica a minha casa? - Maraisa perguntou o óbvio, depois que fez a pergunta, soube rapidamente da resposta.

Marília deu um sorriso travesso.

- Por que sou a patroa, eu sei de tudo. - Marília se levantou. - Venha comigo. - Ela caminhou em direção á porta.

- Para aonde? - Maraisa se levantou rapidamente, sentindo o seu joelho reclamar.

Marília olhou para trás, os seus cabelos acompanharam o movimento, deixando o seu rosto sexy, e selvagem. Os seus olhos brilharam numa intensidade hipnotizante.

- Vou cuidar do seu joelho - Marília respondeu com um sorriso quente que foi capaz de arrepiar cada centímetro da pele de Maraisa.

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Faz De ContaWhere stories live. Discover now