08

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Marília dirigia lentamente, olhava as numerações das casas. Procurava a casa de Maraisa. Depois de um quilômetro, finalmente a encontrou. Apesar de ser relativamente pequena, era uma casa agradável. Ao menos por fora. Buzinou. Tinha informado por mensagem que estava se aproximando.

Aporta da casa se abriu e Maraisa surgiu com duas malas enormes que as deixou na rua e voltou para dentro da casa. Marília saiu do carro e deu á volta, parando do lado das malas. De duas, uma: ou a Maraisa tinha muita roupa, ou ela não sabia como arrumar uma mala.

Maraisa retornou com objetos que deixaram a Marilia bastante confusa: Um andador fechado, e um carrinho de bebê; Ela se arrastava até chegar próxima as malas. Deu um breve sorriso para Marília e colocou os objetos escorados na mala. Voltou para dentro de casa.
O cérebro de Marília estava queimando neurônios, tentando entender o que não precisava de explicação, quando Maraisa retornou com uma criança em um braço e uma cadeirinha na outra mão. O choque foi instantâneo.

Ela tinha uma filha pequena!

Criança.. Oh, meu Deus!

Marília sentia terror de criança. Nunca se dava bem com elas, sempre as achavam insuportáveis e melequentas. O seu histórico não era nada bom, meio que ficou traumatizada depois que o seu afilhado arrancou um sinal de carne de suas costas com a unha. Ela o desconsiderou como afilhado e desde então, se mantém bem distante de qualquer criança do universo.
E aí surge a Maraisa com uma criança.. Era bastante aterrorizante.

— O que isso aí? — Marília perguntou com o cenho franzido apontando para a menina.

Maraisa colocou a cadeirinha em cima das malas e olhou torto para Marília.

— É uma criança. — Respondeu o óbvio e revirou os olhos. — A segure, por favor, preciso fechar a minha porta e colocar a cadeirinha no banco detrás do carro.

— Não.. eu não.. — Antes mesmo de completar a sua frase, a criança foi colocada em seus braços.

Marília sabia muito bem como segurar, então, segurou a menina com os dois braços. O que foi uma péssima ideia, já que a criança ficou de frente para ela, cara á cara. As duas se encararam, Marília olhava Lia como se fosse um ser de outro mundo, e Lia a olhava com curiosidade.

Tinha que admitir que a menina era linda.. Branquinha como flocos de neve, com grandes olhos castanhos, e uma boquinha muito fofa. E as bochechas? Adoráveis! Os cabelos tão lisinhos, que a bandana com uma rosa estava quase deslizando. Ela era fofinha.. Opa.. Marília começou a ficar em pânico porque a menina levantou os seus bracinhos curtos e tocou em seu rosto com as mãos gordinhas. Ela tinha aquele típico cheirinho gostoso de bebê.

Visualizou seu rosto mentalmente, em busca de qualquer espinha ou sinal que pudesse ser arrancado, mas se lembrou que sua pele era impecável, fazia tratamento de pele em sua clínica. Mas, para a sua surpresa, Lia começou a balbuciar palavras estranhas e abriu um sorriso com apenas dois dentes. Uma parte do coração de Marília se derreteu com aquele sorriso tão aberto.

— Ela gostou de você. — Maraisa disse com um sorriso ao terminar de fechar a sua porta.

Marília olhou desconfiada para Maraisa. A morena apenas sorriu e foi se ocupar em colocar a cadeirinha no banco traseiro do carro.

— Você vai demorar muito? — Perguntou Marília. A menina estava começando a babar e ela não queria que aquela baba tocasse em seu corpo.

— Não.. Só tenho que prender essa cadeira aqui.. — Maraisa falou abafada com metade do corpo inclinado dentro do carro.

Marília estava dura, os seus olhos acompanhavam as gotas de babas deslizando pelo queixo pequeno da menina e deslizando do queixo para a blusinha branca que a mesma vestia.

Faz De ContaWhere stories live. Discover now