Faz De Conta

31

Lauana estava entediada. Tomar banho de sol, não estava mais sendo atrativo hoje como nos outros dias, então, resolveu que iria gastar um pouco de dinheiro. Quando o Gustavo entrou em crise financeira, o Mário ficou responsável de pagar as contas dos cartões, o que significava que continuava com o mesmo e adorável cartão ilimitado de sempre. Só que fazia uns dias que não se dava o luxo de tomar um banho de lojas. Estava com saudade das roupas e bolsas de grifes... Ah, de joias! Iria se presentear.

Com esse pensamento que foi para o seu quarto, a sua boca entortou ao ver o seu marido. Ele estava estupidamente feliz, mesmo calado, dava para ver a felicidade irritante em seu rosto. Desgraçado! Não era merecedor daquela felicidade. Não era mesmo! A única que deveria está muito feliz nessa história, era ela... Porém, ironicamente, era a única que não estava.

Desde quando o universo estava lhe dando as costas? Pois bem. Não deixaria que isso acontecesse por muito tempo. Iria virar o jogo, e as quedas dos seus inimigos será gloriosa.

— Ah, estava procurando você. — Gustavo disse assim que a viu.

— O que você quer? — Lauana perguntou, mas sem dar o trabalho de parar pra prestar atenção em seu marido, foi até o closet e procurou uma roupa para sair.

— Quero falar com você. — Gustavo respondeu sem sair do lugar. — Você poderia parar e me escutar, por favor?

— Não. — Lauana não tirou os olhos de suas roupas. — Escuto com o ouvido e não com o meu corpo, o que tiver que dizer, o faça. Só não me culpe se eu não prestar muita atenção em suas bobagens.

Gustavo respirou fundo. Entrosamento com a Lauana era algo quase impossível. Como conseguiu passar tantos anos com ela? Lembrou-se do Danilo... Ele sim era o homem perfeito.

— Quero o divórcio.

Lauana que estava analisando um vestido, parou. Sentiu o seu sangue gelar por alguns segundos, mesmo sabendo da possibilidade do divórcio, não achou que o bunda mole do Gustavo tivesse a coragem de fazer isso. Virou-se para ele, o seu olhar era frio, mortal... Mas isso não incomodou o seu marido, para o seu horror. Gostava da opressão que o causava, do medo... Ele era quase sempre obediente e agora nem titubeou com o olhar que recebeu se tornou indiferente. Era o caos.

— O que o faz acreditar que lhe assinarei o divórcio? — Lauana perguntou com a voz calma, mesmo que por dentro, estivesse apavorada.

— Tudo. — Gustavo deu de ombros. — Não somos felizes. Não nos gostamos. Não existe nada que nos prenda um ao outro, nem mesmo sexo fazemos. O nosso casamento é uma grande faixada e estou cansado de fingir que está tudo muito bem diante de todos e que somos um casal exemplar.

— Mas somos um casal exemplar. — Lauana retrucou sarcástica. — Boa parte da sociedade morreria para ser o que somos.

— Eles compram a imagem que vendemos.
Por Deus! Se eles soubessem o que acontece entre quatro paredes, não iriam querer um castigo deste.

Lauana apertou os olhos. Gostava de viver de aparência. Gostava de ser invejada pelas grandes damas da sociedade que a achava a esposa perfeita com o seu casamento de capa de revista.

— Depender de mim, continuaremos assim. — Lauana sorriu com o olhar irritado que recebeu do Gustavo.

— Você não pode fazer isso! — Gustavo gritou e levantou-se, mas a expressão de Lauama continuou intacta. — Não somos felizes! Alô! Acorda pra vida, Lauana! Esse casamento é um inferno, seja honesta uma vez na vida e assuma que você me odeia que não suporta ficar ao meu lado.

Lauana estralou a língua.

— Pra que confirmar algo que você já sabe? Sim. Eu o odeio com todas as minhas forças, ficar ao seu lado me deixa nauseada... O amaldiçoo todos os dias por amanhecer vivo. — Lauana falou friamente, o ódio cintilando em seus olhos. — Mas se você acha que vou abrir mão de tudo que tive que suportar nesses cincos anos, está muito enganado. Não vou largar isso... — Apontou para as paredes da casa. — Não vou largar o glamour, muito menos o prestígio do seu sobrenome para me reduzir á uma divorciada, enquanto, você — Apontou para o marido — viverá o seu caso de amor nojento! Eu não vou sair perdendo nessa história. Se eu perco, todos perdem.