Faz De Conta

26

Sozinha no quarto, Marília olhou para Lia. O que iria fazer agora? O pânico a invadiu, mas tentou se acalmar. Não devia ser muito difícil cuidar de uma criança. Olhou no relógio em cima do criado-mudo. Eram nove da manhã, poderia dormir mais um pouco...

Uma hora depois, acordou com um choro bem fraquinho. Abriu os olhos, e deparou-se com dois grandes olhos castanhos que brilhavam em lágrimas.

Lia tinha acordado e estava sentada com um biquinho muito fofo e o rosto todo vermelhinho. O seu coração se encheu de meiguice.

— Chora não, bebê. — Falou, e sentou-se. Pegando a Lia no braço. — A mamãe vai voltar.

O choro de Lia aumentou. A loira se levantou, e ficou a balançando pra se acalmar, até que avistou a chupeta. Pegou a chupeta e deu para menina que se calou. Sentiu o peso da fralda em seu braço. Ih, estava cheia. Provavelmente, a Lia também deveria estar com fome.

Se fosse Maraisa. O que faria? Ela sempre dava banho em Lia assim que ela acordava. Ótimo. Foi no banheiro, e encheu um pouco a banheira. Colocou Lia deitada e começou a tirar a roupinha dela. Hesitou na hora da fralda, não sabia o que iria encontrar...

— Que mato eu fui me meter! — Falou baixinho, Marília a olhava com interesse. — Prometa que não terá nenhum submarino dentro de sua fralda...

Certo. Era hora. Em cima da pia, tinha um pacote de lencinho umedecido, e outros itens de higiene da Lia. Pegou alguns lencinhos, e abriu a fralda. Fez uma caretinha ao ver o que tinha, respirando fundo, ergueu as pernas de Lia com uma mão, e limpou com a outra, soltando os lencinhos na fralda mesmo. Quando a menina estava limpa, fez um pacote na fralda e jogou no lixo.

— Não foi tão difícil assim, não é? — Sorriu para Lia e deu um beijinho na cabeça.

Verificou a temperatura da água e colocou a Lia na banheira. A menina bateu as mãozinhas na água. Era um peixinho. Na borda da banheira, tinha um patinho, deu a ela. Lia segurou e soltou a chupeta, colocando o patinho na boca. Ótimo, isso iria a distrair.

— Deixe-me ver... Shampoo, condicionador e sabonete Johnson. Vamos ficar bem cheirosinha pra conquistar o coração das meninas. — Piscou pra Lia.

O banho foi tranquilo. Depois, Marília a vestiu. Enrolou-se um pouco porque tinha se esquecido de colocar a fralda, então, teve que tirar a parte de baixo, passar a pomada e colocar a fralda. Vestiu uma roupa bem simples na menina. Um conjunto de moletom levinho em cor marrom, junto a uma tiara com laço. Penteou o cabelo de Stella, e passou o perfume de bebê. Estava pronta.

— Vou colocar uma sandália em você. — Avisou e procurou até encontrar. Afastou-se para olhar a menina. — Pronto. Está uma mocinha. Você vai ficar aqui... Enquanto, eu tomo banho. Ok?

Lia apenas a olhava e mantinha-se ocupada em chupar a sua chupeta. Marília correu no banheiro, porque não confiava muito com a menina sozinha na cama, mesmo tendo colocado a barreira de travesseiros.

Foi o banho mais rápido de sua vida. Não se importou muito com a roupa. Vestiu um macacão curto, e prendeu o seu cabelo no coque. Quando voltou para o quarto, seu coração quase saiu pela boca. Onde estava a menina? Tinha caído?

— Lia? — Chamou com voz trêmula em desespero. Maraisa iria mata-la!

Andou pelo quarto e quase morreu do coração ao ver Lia engatinhando na direção de uma tomada. Gritou o nome da menina que se assustou, se sentou e começou a chorar.

Marília a pegou nos braços, e abraçou carinhosamente.

— Não chora não, princesa. Desculpa... Não queria te assustar. — Deu vários beijos na cabeça cheirosa de Lia.