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Maraisa estava na casa do seu pai. Nunca tinha precisado dele. Até o exato momento. Estava uma porcaria a sua vida. Todos os dias, todas as horas, todos os minutos, sentia muita falta de sua esposa, mas se convencia de que foi melhor assim. Estava sofrendo todos os sintomas de saudade. Chorava todas as noites. As noites eram os únicos momentos que podia amargar a sua dor.


Fechava os olhos, e imaginava a Marília com ela. Podia até sentir o beijo, o cheiro da pele... O calor. Queria tudo novamente, mas não podia. Estava com muito medo. Ainda estava com a cabeça cheia de coisa. Mesmo com o seu coração pedindo sempre que voltasse para os braços de Marília, a sua mente pedia para não fazer isso.

Razão x Coração.

Tudo que queria era que Marília tivesse uma chance de achar uma mulher de classe. Uma mulher ideal para ela. E sair do caminho de sua esposa para que ela fosse feliz, corrompia a sua alma e lhe causava muita dor. Mas tentava não ser egoísta, mesmo morrendo á cada dia um pouco.
Lia também estava sofrendo de saudade. Tinha tido febre emocional. A pequena tinha se acostumado com uma família. De uma casa repleta de pessoas que amavam, de ter um pai. Uma casa cheia de vida. Diferente da casa do seu pai, tão mórbida... A tristeza era ingrediente principal.

Estava tentando compensar Lia de alguma forma. Mas sabia que não poderia aplacar aquela saudade. Assim, como também não conseguia aplacar a sua. A única coisa que lhe dava forças para se levantar era a sua filha, caso o contrário, a morte seria acolhedora. Pelo menos, não sentiria essa dor em todo seu ser.

Não era vida. Era um pesadelo. E só restava á esperança de que um dia, a dor fosse menos forte. Por que esquecer, nunca iria...

Quinze dias depois...

A campainha tocava insistentemente. Era até um desaforo alguém ir incomodá-la no momento tão delicado como esse. Abriu a porta do jeito que estava: Cabelos assanhados e emaranhados. Os olhos inchados, o nariz bem avermelhado, e um pijama surrado. Tinha um lencinho em sua mão.

— Meu Deus. Você está lastimável. — Maiara informou ao passar por ela e adentrar no apartamento.

Maiara passou no hall e parou na sala. Ficou surpresa com o estado daquela sala. Estava uma zona! Lençóis e travesseiros espalhados, algumas embalagens de comida, latas de refrigerante. Podia jurar que tinha resto de comida enfurnada em algum lugar por baixo dos lençóis.

Marília fechou a porta. Estava surpresa com a presença de sua irmã!

— O que está fazendo aqui? — Perguntou Marília, se aproximando.

Maiara se virou. O estado de sua irmã estava horrendo. As olheiras debaixo dos olhos indiciava o quanto a mesma não estava dormindo.

— O que aconteceu com você? — Respondeu com uma pergunta, sabendo muito bem o que tinha acontecido com a sua irmã, por isso que tinha voltado imediatamente.

Marília fungou e os olhos encheram de lágrimas. Antes mesmo de responder, a mais velha caiu no pranto, assustando a mais nova. As lágrimas de Marília pareciam uma cachoeira, fazia um som estranho e por muitas vezes, parecia que a sua respiração iria se perder entre os seus soluços.

— Ela me deixou. — Marília gritou de repente, entre soluços. Depois voltou á chorar.

— Ok... venha cá.

Maiara puxou a irmã para os seus braços. Ela não era afetuosa, mas tentaria ser no mínimo gentil com Marília. A loira caiu nos braços da irmã, molhando o ombro da mais nova com lágrimas e também babá. Maiara batia nas costas de Marília como um bebê e pedia para a mesma ter calma.

Faz De ContaWhere stories live. Discover now