Faz De Conta

12

Maraisa estava atordoada. Nunca tinha se sentido daquela forma com um beijo, era como se o mundo tivesse parado e ela tivesse a consciência de todos os seres presentes na terra. As suas pernas estavam bambas, e os seus pulmões ainda trabalhavam para regularizar a sua respiração. Um redemoinho tinha passado em si, e a deixou de cabeça para baixo... Mas esse redemoinho tinha um nome:

Marília.

Como queria continuar o beijo, sentir novamente os lábios quentes da loira, o calor do seu corpo... Ela tinha uma pegada tão firme!

Estava loucamente excitada.
Como Marília podia estar entre beijos e abraços com os seus familiares... Quando a Maraisa estava sentindo dificuldades em sustentar o seu próprio peso? Então, se deu conta... Marília não tinha ficado afetada com o beijo. A beijou simplesmente para exibir para sua família. E isso lhe deixou com muita raiva!

Raiva de Marília, raiva de si mesmo por ter sido tão fraca e ter ficado amolecida com um simples beijo.

O tremor do seu corpo mudou completamente. De desejo se transformou em raiva. Quando estivesse ás sós com Marília, iria dizer com todas as letras que beijar não fazia parte do plano!

Sentiu a mão de Lia em seu braço e virou-se. A sua filha estava com o rosto todo vermelhinho de choro e fazia biquinho com os braços estendidos, querendo sair daquela cadeira. Maraisa a soltou, e a abraçou.

— Pronto meu amor. Não precisa chorar a mamãe está aqui. — Murmurou baixinho para que a filha escutasse, e respirou fundo várias vezes tentando se acalmar.

— Oh meu Deus! É um bebê! Mário, querido é um bebê! — A voz estridente, fez com que Maraisa se virasse.

A mulher vinha em sua direção com um sorriso aberto. Ela era muito bonita, alta com um corpo impecável, e andava como se estivesse desfilando na passarela. Os seus cabelos eram cortados na altura dos ombros de uma tonalidade escura.

— Deixe-me pegar essa gracinha! — Ela disse já estendendo os braços e pegando a Lia em seu colo. — Oh que coisa mais linda! E essas bochechas? Meu Deus, vou mordê-las! — Os seus olhos eram bastante amáveis.

Maraisa abriu a boca para falar... A sua filha provavelmente iria estranhar, porque já estava fazendo uma caretinha que foi interpretada pela mulher como um gracejo.

— Você vai assustar á Lia, mamãe. — Marília disse, se aproximando.

— Lia, que nome diferente e adorável! — Ruth exclamou com um sorriso. Olhou de Marília para Maraisa. — A propósito, sou Ruth Mendonça. — Ela se aproximou mais de Maraisa e deu dois beijinhos em seu rosto. — A desnaturada da minha filha não apresentou, mas suponho que você seja á sua namorada e esse pedacinho de céu é a sua filha, correto?

— Prazer, senhora Mendonça. Sou a Carla Maraisa. — Maraisa disse sem graça, mas forçou um sorriso, aproveitou o ensejo para lançar um rabo de olho para Sarah. — E sim, sou namorada de sua filha, e mãe dessa gracinha.

— Não me chame de senhora! Sou tudo, menos uma senhora. Oh que louvável! — Ruth disse. — Sempre quis ter uma netinha. — Deu um beijo na bochecha de Lia que sorriu.

Um homem também alto, muito bonito também se aproximou. Ele tinha os cabelos grisalhos, apesar de sua aparência ser de um quarentão. Era muito charmoso.