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Lauana estava doente. Doente de raiva. De ódio. De inveja. De tudo que fosse negativo. A fúria corria em suas veias, deixando todo o seu corpo moribundo e sua alma apodrecida. Tinha escutado todo o sexo! Como? Estava no quarto ao lado, tinha corrido para ele quando viu Marília sentada na varanda com Maraisa. Agora estava assim... Morrendo.


Nunca tinha sido assim, Marília nunca tinha sido intensa com ela dessa forma no sexo, e nem se declarava depois dele. Nenhuma palavra de amor ou de carinho. Mas com a suburbana era totalmente o contrário.

Passou a mão trêmula em seu rosto, sabia muito bem que tinha perdido a guerra, mas no fundo, tinha um quê de esperança que a Marília tivesse falado tudo para atingi-la, para magoa-la. Achava que tinha sido de boca pra fora, mas tinha a confirmação que não. Que estava equivocada.

Estava perdida! O seu marido tinha avisado que não dormiria em casa e assim o fez. Era um presságio dos maus tempos que chegaria para ela.

Sentou-se na cama com a cabeça latejante. Não podia sair de mãos abanando. Não era justo!

Pegou o telefone no criado-mudo e fez uma ligação, esperou a pessoa atender.

— Estou perdida. — Lauana se lastimou, sentindo a sua garganta estrangular. — Marília me dispensou, e o Gustavo está á dois passos de me dispensar também. Você sabe o quanto me sacrifiquei para me manter aqui. Não posso sair da maneira que entrei.

— Qual é. Você não vai sair da maneira que entrou, sei muito bem que você tem uma conta muito gorda na Suíça. Por que choramingas? — Ele respondeu sem dá ênfase ao seu drama.

Lauana revirou os olhos ao se arrepender por contar sobre isso. Em todos esses anos de casamento, tinha desviado muito dinheiro da conta conjunta e também pessoal do seu marido. Ele não sabia que ela tinha a senha, mas ela tinha. Até porque o demente tinha colocado a mesma senha em suas contas. Não foi difícil roubar dinheiro do seu marido, ele estava tão focado em seu caso extraconjugal que não percebeu nada, achou que ele próprio que tinha gastado. Um tonto.

— Eu sei Caio! Mas não queria perder o sobrenome Mendonça e muito menos o prestígio que esse sobrenome me traz. Você acha que ficarei muito feliz em ser novamente Prado?

— E o que pretende fazer? Por que isso vai acontecer e não demorará pelo o que me contou no SMS hoje.

Caio era o seu confidente. Ele era o único que conhecia realmente á Lauana e sabia muito bem do que ela era capaz.

— Eu sei que vai. — Lauana respirou fundo, depois olhou para as suas unhas bem feitas.

— Mas já que irei sair... Por que não brincar um pouco?

Caio riu.

— O que essa cabecinha diabólica está planejando?

— Muitas coisas. Mas irei precisar de você aqui...

— Ah. Não demorarei á chegar. Tenho que prestigiar essa renovação de votos. Uma merda. Mas o que posso fazer? Não posso deixar os meus tios queridos sem a minha presença. Vai que o meu nome apareça no testamento? — Caio gracejou.

Lauana riu... Caio era o único primo de primeiro grau dos irmãos Mendonça. Era tão traiçoeiro e falso quanto Lauana, por isso que eles sempre se davam muito bem, sem contar que... Ter um cumplice não era nada mal...

• • •

A casa estava silenciosa... A cozinha mais ainda. Não acenderam as luzes. A luz da lua ultrapassava as paredes de vidros e iluminava o recinto. Marília suspendeu Maraisa e a colocou em cima do balcão. A morena riu, mas abraçou a loira e depositou um beijo casto em seus lábios.

Faz De ContaWhere stories live. Discover now