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Quando a Lia foi vencida pelo sono, eram quase três horas da manhã e  Marília estava no décimo quinto sono. Deitou a sua filha entre elas, e deitou-se também. Apagou a luz do abajur. O seu corpo e sua mente agradeceram por finamente relaxar. Mas ao invés de dormir, ficou olhando para Marília ... Estava serena. Não parecia aquela mulher irritada de mais cedo.


Estava mais calma em relação ao ciúme. Não pensava muito para a raiva não voltar, mas teria mais cuidado com a Lauana. Não poderia que a mesma roubasse o seu... amor. Sim, amor. Estava completamente apaixonada por Marília, isso explicava o ciúme doentio, o encantamento exagerado e as batidas do seu coração que sempre acelerava quando a loira estava por perto. Sem contar que quando via a Marília, parecia que o mundo ficava mais belo e cheio de vida.

Que grande abacaxi que ganhou! O que iria fazer? Sabia que o sentimento não era recíproco. Nunca que a Marília iria se apaixonar por ela, e isso ficou bem claro ao vê-la na cozinha com a Lauana. Sabia que a Marília tinha desejo por ela... Isso sabia, existia paixão entre elas, mas tinha dúvidas se a Marília era a espécie de mulher que se deixava entregar. Suspirou. Ela sabia a resposta, seria muito difícil que Marília se permitisse á isso, sem contar que... Eram diferentes. Mundos diferentes. O fato de estar no mesmo quarto com a Marília era apenas uma eventualidade do destino, essas coisas não aconteciam com frequência. Tinha certeza que quando voltasse para Natal, a Marília iria esquecê-la de vez.

O que era muito triste. Porque esse sentimento que estava enraizado no coração de Maraisa ganhando imensas proporções nunca foi sentido por ninguém. E tinha certeza que esse sentimento tão distinto nunca mais seria sentido por outra pessoa. Suspirou tristemente, e fechou os olhos que ardiam. Sentiu as lágrimas deslizarem pelo seu rosto.

O amor era um sentimento muito lindo, mas também... Arrasador. E com esse pensamento que foi adormecendo.

• • •

— Eu não acho que deveríamos entrar assim, Ruth. — Mário murmurou para esposa na porta do quarto de Marília. — E se elas estiverem inapropriadas?

Ruth olhou para o marido.

— Não estão. Tem um bebê dormindo entre elas, se lembra?

— Lembro. Mas me sinto desconfortável entrar sem ser anunciado. — Mário olhou para mulher com um pouco de receio.

Revirando os olhos, Ruth deu três batidas na porta, depois voltou a olhar para o Mário.

— Satisfeito? — Não o deixou responder, abriu a porta e adentrou.

— Ruth! — Evandro ainda tentou impedir, mas a esposa já estava enfurnada no quarto de sua filha.

Mário foi atrás, e ficou aliviado ao constatar que elas estavam vestidas. As duas dormiam profundamente, e Lia estava no meio delas. A cabeça de Lia repousava na costela de Maraisa, enquanto, os pés estavam no rosto de Marília, toda atravessada.

— Oh que bonitinho. — Ruth sorriu carinhosamente para o marido. — Está vendo? Sem sexo, não dá pra fazer sexo com uma criança no meio. — Então, se debruçou um pouco e tocou no pé de Marília.

— Filha... — Depois tocou no pé de Carla.
— Maraisa... — Como nenhuma das duas acordaram, ela começou a balança-las. —
Queridas...

Maraisa estava no sono tão gostoso que se assustou ao se sentir balançada. Mas o que é que estava acontecendo? Sentou-se abruptamente ainda sonolenta. O corpo de Lia deslizou até o seu colo. Ela segurou a sua filha.

— É terremoto? — Perguntou apertando os seus olhos, meio desnorteada.

Nisso, a Marília também acordou. E assim que abriu os olhos, quis morrer. Não tinha noção de hora, mas sabia que era cedo. Antes de levantar, sentiu os pés de Lia em seu rosto, os tirou com cuidado e se sentou, deparando-se com os seus pais.

Faz De ContaWhere stories live. Discover now