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Maraisa estava encantada com o sorriso de Marília. E em duas horas de viagem, a loira tinha sorrido bastante, só para deixa-la com o coração mais encantado. As duas ainda estavam conversando, tinham compartilhados algumas informações que seria de total importância para a semana.


Nem tinha percebido o tempo passar. Olhou em seu relógio de pulso, e já era quase meio dia e meia. O seu estômago roncou de fome, olhou para trás, Lia estava dormindo, tinha dado o seu travesseiro favorito e ela o abraçava docemente. A sua filha era mesmo uma princesa muito linda.

Voltou a olhar para frente. Estavam quase saindo do Rio Grande do Norte para entrar na Paraíba quando um odor não muito

agradável invadiu o carro.

As duas se entreolharam, mas a Marília torceu o nariz.

— Eu sei que temos necessidades, mas você bem que podia segurar um pouco. — Marília retrucou.

Maraisa olhou para ela como se não tivesse acreditado no que tinha escutado.

— Tá de palhaçada? — Perguntou irritada. — Esse cheiro significa que temos que parar porque a fralda da Lia está cheia.

— Ah, mesmo? —  Marília arregalou os olhos e riu. — Eu pensei que você tinha soltado um pum.

— Fracamente! Você não sabe mesmo de criança. — Maraisa falou com exasperação.

— Não sei mesmo, nunca tive filho e nenhum contato á mais com qualquer criança.

— Percebe-se. Terá uma semana para aprender a arte de criar uma criança. —
Maraisa sorriu ao terminar de falar.

Marília estremeceu com a possibilidade de ter que ficar muito tempo com a menina. Não que ela fosse irritante, até agora, Lia não tinha feito nada demais, além de incensar o carro.

— Eu vou parar no próximo restaurante, assim você a troca e aproveitamos para almoçar. Tudo bem?

— Perfeito.

O estômago de Maraisa quase rasgou a sua barriga e saiu de tanta felicidade ao escutar isso. Não tinha colocado lanche na bolsa, apenas as coisas de Lia: suquinhos e papinhas.

Marília parou o carro no estacionamento do restaurante. Não era extremamente chique, mas aconchegante. Para Maraisa estava ótimo, mas tinha dúvidas sobre o que a outra pensava do recinto.

Maraida tirou o cinto e saiu do carro. Depois, abriu a porta traseira. Lia ainda dormia.

Não querendo acordá-la, a soltou da cadeirinha e a pegou nos braços. Deitou a cabecinha dela em seu ombro, e depois se esticou para pegar a bolsa, sentia em seu braço o peso da fralda, estava realmente cheia.

Encontrou Marília parada na frente do carro.

— Você vai ao banheiro trocar a Lia, e eu vou olhar o cardápio. Certo?

A morena apenas balançou a cabeça e foi para o banheiro.

Depois de ter trocado a Lia, voltou para o restaurante. A sua filha já estava acordada e reclamava de fome. Encontrou Marília sentada numa mesa tomando uma água tônica com bastante limão e gelo.

— Não sabia o que você queria, então, pedi uma jarra de suco de laranja, para você e a bebê. Algum problema?

Maraisa sorriu, e ficou feliz por ela ter pensado também em sua filha.

— Não. Eu acho ótimo. — Respondeu ainda sorrindo. Recebeu um olhar significativo de Marília.

— Pedi frango cubano. É bom, gostoso e tem verduras como acompanhamento. Não sei muito bem o que você dá para Lia no almoço, mas achei mais saudável. — Marília disse dando um gole em sua água tônica.

Uau. A forma mais fácil de chegar num coração de uma mulher que é mãe... É se preocupando e tendo cuidados com o seu filho. E Marília estava fazendo as duas coisas. No início, achou que ela não tinha gostado de Lia, pela maneira aterrorizada que a pegou na primeira vez, depois o pequeno surto no carro. Mas, talvez, Maraida estivesse equivocada.

Não conseguiu evitar que um suspiro saísse dos seus lábios.

— Perfeito.

Marília a olhou... Os olhos verdes caramelizados encontraram com os olhos castanhos. Sustentaram o olhar sem nem ao menos piscar. Os seus olhos diziam o quanto estavam encantadas uma com a outra por motivos distintos, mas confirmando algo que foi instantâneo desde o primeiro dia que se falaram: Existia uma tensão sexual gritante. Tão gritante que mandava arrepios para os seus corpos e fazia com que o mundo ao redor sumisse e ficassem apenas as duas, e os seus olhares expressivos.

Porém, o momento foi distraído quando Lia pegou um garfo e atirou longe. Por reflexo, Maraisa segurou a mão da filha.

— Não! — Disse para filha a olhando séria.
Lia fez uma carinha de choro pela reclamação, mas não chorou. O garçom que estava próximo pegou o garfo do chão,
Maraisa murmurou um obrigado para ele.

— Ela vai ser uma grande jogadora de beisebol. Adora tacar as coisas. — Marília brincou.

— Tenho que ficar de olho nela. O meu celular quase foi para a UTI depois de uma arremessada certeira na parede, semana passada. — Maraisa disse, e deu um beijo na cabecinha da filha.

Lia ficou observando as duas. Mãe e filha eram idênticas, a diferença eram as bochechas.

— Por isso que não tenho filhos. Não teria paciência de cria-los.

Foi a vez de Maraisa a observar.

— É por isso que nunca casou e pensou em construir uma família?

Marília segurou o seu copo e ficou mexendo o gelo e o limão, por um breve momento seu olhar ficou perdido no liquido transparecendo, a morena achou que ela não iria mais responder, quando os seus olhos se encontraram.

— Pensei em casar uma vez. Ela era uma mulher muito especial e me fez querer tudo que antes nunca pensei que queria. — Os olhos de Marília estavam mais escuros. — Mas não deu muito certo. A vida tinha um plano diferente para nós, e hoje... Estou aqui, pagando uma funcionária para ser a minha namorada. Mas por hora, está valendo a pena. — E piscou.

Maraisa não sabia se ficava lisonjeada ou ofendida pelo último comentário, mas decidiu relevar... Não tinha porque ficar tão geniosa com Marília, o problema é que a mulher com uma única palavra, já acendia uma chama de raiva dentro de si. Não podia ser rude com Marília, principalmente na frente da família dela. Foi por Marília que tinha conseguido pagar a dívida do pai, e tirou tanto a sua vida, como da Lia de perigo.

Percebeu que não tinha tanta importância assim o “por hora”.

Alguns clientes olhavam em direção da mesa delas, alguns, até sorriam em busca de uma paquerada bem sucedida, porém, não eram capazes de atrair a atenção delas.
Lia batia as mãozinhas na mesa, e falava o que ninguém entendia. Estava pedindo comida. Felizmente, não demorou muito para chegar. Elas almoçaram tranquilamente. Demorou mais um pouco, porque foi preciso a Maraisa alimentar a filha, para depois almoçar. Marília pagou a conta e voltaram para o carro... Estava mais próximo de Recife, e uma expectativa às invadia.




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Faz De ContaWhere stories live. Discover now