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Maraisa deu banho em Lia. No início, sentiu dificuldade porque não sabia muito bem como encher a banheira, depois que aprendeu a controlar a temperatura da água, o banho foi realizado com sucesso. Preparou a filha e a deitou na cama, deitando-se ao seu lado. Ficou fazendo carinho no rostinho de sua filha que se virou para ela, olhando com os seus olhinhos sonolentos.

— Dia cansativo não é meu amor? E nem são cinco horas da tarde ainda. — Murmurou para filha.
Lia estava com a chupeta na boca e o seu travesseiro favorito na cabeça.
— É uma casa muito bonita. Sabia que o nosso quarto tem uma varanda de frente ao mar? Amanhã, vou levá-la para tomar banho de mar. O que acha? Incrível não é? — Sorriu para a menina.

Segurou a mão de sua filha e ficou fazendo carinho em sua mãozinha. Adorava o cheirinho de bebê. Sempre ficava impregnada no quarto, e era algo que gostava muito.

— Seria muito fácil viver numa casa desta como rainha. Mas em todo reino, tem uma bruxa má. — Lembrou-se de Lauana. — E se essa bruxa vier mexer com você...

Não responderia por si! Ninguém mexia com a sua filha. Ficou divagando em pensamentos, tinha espiado pela varanda quando estava ninando a Lia para dormir, e tinha visto a Marília e Lauana com as mãos dadas.

Sabia muito bem que não era a namorada de Maraisa, mas isso não a impedia de se incomodar. Ficava pensando sobre... Mesmo sendo uma farsa, que estava sendo paga, a sensação de ser corna não era agradável. E nunca seria. Talvez, a Lauana fizesse o estilo de Marília: Mulher bonita, mas oca.

Isso era uma enorme pena. Tanto livro com capa bonita, mas sem conteúdo. Esses eram o que chamavam mais a atenção dos leitores. Lastimável.

Fechou os olhos, sentindo-se esgotada. Tanto fisicamente como emocionalmente.
Teve um sonho bastante inusitado...
Estava no alto do Empire State com o corpo no ar, tentava não se debater mais o medo da altura, a fazia entrar em pânico e sempre se movimentar. O vento forte assoprava em seus cabelos e o coração batia violentamente. Iria cair. Iria morrer! Podia sentir toda a gravidade massacrando o seu corpo. A única coisa que a mantinha presa era a mão gigante da orangotango que tinha a fisionomia de Lauana.

— Você vai morrer! — A orangotango Lauana gritou, assustando a Maraisa
Quem diria que no seu sonho, as macacas eram evoluídas á ponto de falar!

— Não me mate, por favor. — Pediu com a voz chorosa, as suas pernas balançando e ela sentindo o seu corpo deslizar ainda mais da mão.

A orangotango Lauana mantinha a outra mão no arranha-céu do Empire, e fazia alguns sons derivados de um macaco. Maraisa começou a chorar compulsivamente.

— Por que você está fazendo isso comigo? Eu nunca fiz nada contra você. — Choramingou Maraisa com o coração na boca.

— Ela é minha! MINHA. — Lauana berrou furiosa.

Maraisa ficou sem entender. Sua? O que era sua? Mas pelos olhos treslouco de Lauana, dizia claramente que não acreditaria em nenhuma palavra que Maraisa dissesse.

— Você vai cair. — Avisou Lauana com uma gargalhada sinistra, soltando-a até que apenas a sua mão ficasse presa.

O grito de Maraisa foi ensurdecedor, ficou tonta, a bile chegou a sua garganta, mas ela engoliu, impedindo-a de golfar. Tinha pavor de altura! E a Lauana parecia que tinha descoberto isso, ficou a balançando pra lá e pra cá. O frio tomou conta de Maraisa, suas entranhas estavam congeladas de medo.

Ela começou a implorar. Dane-se a sua dignidade. O importante era que saísse com vida! Se caísse, antes mesmo do seu corpo chegar ao chão, morreria com a força da gravidade e não queria ser pedacinhos de alguém.

Faz De ContaWhere stories live. Discover now