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Foram horas angustiantes para Marília. O seu corpo todo mordia, como tivesse um monte de bichos caminhando pela sua pele, sentia vontade de coçar, mas não queria que ficasse marcas e também, não queria parecer uma sarnenta diante as pessoas.

Olhou o apartamento e também o espaço para o SPA, ambos localizados em Boa Viagem. Deveria ter trazido Maraisa para olhar o apartamento, se a mesma aceitasse, também seria moradia dela.


Amou o apartamento. A beira mar. Amava o mar. O cheiro da maresia, a ventania... E também o som das ondas se quebrando. Era delicioso. Se imaginou compartilhando os seus momentos com Maraisa e a Lia.
O apartamento tinha três quartos. Em sua mente, a imagem estava bem clara: O quarto do casal, o quarto da Lia e um quarto ficaria de visita até os futuros bebês não chegassem.

Sorriu abobalhada. Era tão bom ter essa expectativa e o sentimento de que tudo estivesse caminhando em seu devido lugar, que o momento era apenas para felicidade.

O apartamento ainda ficou com reticencias. Iria trazer Maraisa para conhecê-lo, aí, então, fecharia negócio. O espaço para o SPA... Fechou negócio. A compra estava garantida.

Sentia-se radiante! Só não estava melhor pela coceira em seu corpo, estava se sentindo um pouco exausta, percebeu também que estava com um pouco de febre baixa. Mas não iria deixar que isso estragasse o seu dia.

Do carro. Ligou para a sua namorada.

— Alô? — Maraisa atendeu no terceiro toque.

— Oi meu amor. — Marília sorriu. — Já estava com saudade dessa voz doce.

— Ah... Oi. — Maraisa estava fria, para o estranhamento da loira. — Já resolveu as suas questões?

Marília franziu o cenho e olhou-se pelo retrovisor. Uma ruga estava fixa entre as suas sobrancelhas. Não estava acostumada com esse tratamento quase impessoal da Maraisa. Geralmente, era sempre carinhosa.

Alguma coisa estava errada.

— Mais ou menos. Ainda falta um pequeno detalhe... Aconteceu alguma coisa?

— Não... Eu tenho que desligar, Lia acordou. Nos vermos em casa. — Desligou.

Marília fez uma retrospectiva dos acontecimentos... Não tinha feito nada de errado, pelo o que lembrasse. Então, por que a morena estava tão indiferente com ela? Sentiu medo. E se por ventura, Maraisa tivesse decidido que não queria ficar com ela em Recife? Disse que nada mudaria entre elas, e tecnicamente não... Seria um relacionamento á distância com direito á muita saudade.

Não queria que Maraisa fosse embora. Queria que a morena ficasse com ela. Sempre. Bem juntinhas. Se possível, até respirando na mesma sintonia que Marília. A loira riu do seu pensamento, desde quando se tornou tão pegajosa e possessiva?

Ligou o carro e dirigiu lentamente pela Avenida de Boa Viagem, o trânsito estava lento, e tinha muitas galerias, lojas naquele local. Viu uma loja de joias, lembrou-se automaticamente da sua namorada.
Nunca presenteou Maraisa com nada. Aquele seria o momento.

Estacionou o carro, e adentrou na joalheira. A primeira coisa que viu foi: Um par de alianças. O seu coração se aqueceu, seriam elas!

Maraisa ainda estava com o pensamento envenenado pelo comentário do Caio. Estava melancólica, não podia evitar, parecia que uma maré estava á arrastando lentamente a sufocando. Caminhou na beira do mar para tentar controlar o sentimento ruim que invadia o seu ser. Estava com a sua pequena nos braços, sentia conforto com a sua filha tão quentinha aninhada em seu corpo. Lia era a sua força. Sem ela, não aguentaria muitas coisas que passou pela vida. E estava passando... Chorou na sua caminhada. Lágrimas angustiantes diretamente da sua alma.

Faz De ContaWhere stories live. Discover now