Capítulo 60: Hormônios

408 36 36
                                    

Dedicado aos meus dois amores, Rafa e Letícia que fazem aniversário essa semana!

___________________

Caitríona

O tempo dela não estava mais funcionando para mim.

Quando seria o meu tempo?

O tempo em que eu poderia finalmente enxergar os meus pés de novo, que eu poderia usar saltos ou até sapatos de novo. Já que hoje em dia, nem mesmo eles cabiam mais em meu pé extremamente inchado.

O tempo em que eu poderia dormir em qualquer posição ou ao menos dormir, sem ser acordada no meio da noite por conta da minha bexiga minúscula e pressionada pelo peso ou por sentir desconforto em qualquer posição que eu me deitasse.

O que eu não faria para que essa criança – minha criança – simplesmente sair de mim?? Era uma questão muito tendenciosa. Eu estava a ponto de seguir aquelas receitas malucas da internet que prometiam ajudar na indução do parto! Já estávamos chegando a 42° semana de gestação e meu colo do útero continuava intacto. Nenhuma dilatação, nenhuma contração... Nada. Minhas consultas semanais apontavam apenas que minha ervilhinha estava tãoooo confortável dentro da barriga que simplesmente não queria sair. Parecia tortura. Minha filha, essa pequena meliante, estava me torturando.

Eu queria que ela saísse! Eu precisava que ela saísse! Minha opinião não valia de nada pra essa mini ingrata? Já não bastava ela claramente preferir o pai, ela ainda me torturava no processo! Não era eu que estava literalmente carregando todo o peso????

— Vamos, ervilhinha! — pedi, cutucando a minha barriga e ela chutou em resposta. Ela odiava quando eu fazia isso e sempre me respondia com um chute que podia ser visto como um "me deixa em paz". — Mamãe quer conhecer você!

E não aguento mais carregar você. Minhas costas doem em todos os pontos; meus pés estão tão inchados que nem os sinto mais na metade do tempo...

— Vamos, filha!!! — a cutuquei de novo — Mamãe promete que mantém você quentinha e segura aqui fora também! — abaixei o volume da minha voz — Se você sair... eu prometo que compro todos os ursinhos que você quiser! Eu compro a loja toda, querida... Apenas saía.

Ouvi a risada de Sam e joguei uma almofada nele, fazendo com que ele apenas risse mais.

— Você perdeu o amor a sua vida?

— Você está tentando comprar a nossa filha para ela sair de você?

— Não. — Neguei para ele e então olhei para a minha barriga — Só se funcionar...

Nada. Dessa vez ela nem me deu um chute, apenas me ignorou com se já tivesse entrado na fase rebelde da adolescência.

— Traidora. — Murmurei e então ela me chutou em resposta, revirei os olhos e eles repousaram em Sam a minha frente e tive uma ideia — Talvez se você falasse com ela...

— Já tentamos isso, lembra? Não deu muito certo...

Bufei.

Sam fez um gesto para que eu me movesse para abrir espaço para ele, sabendo que eu ficava muito mais confortável com o seu apoio. Abri espaço para ele, mas antes dele se posicionar, ele deu um beijinho na minha barriga e disse "Oi, Ervilhinha" recebendo um chute em retorno, como sempre. Pequena traidora.

Depois de dar a atenção devida a sua filha, Sam subiu no sofá e se sentou bem atrás de mim. Eu me encostei nele, descansando minha cabeça em seu peito, enquanto ele posicionou sua cabeça na curva do meu pescoço e suas mãos se posicionaram bem em cima da minha barriga, onde nossa filha fez a festa ao reconhecer o toque do pai.

One More NightWhere stories live. Discover now