Capítulo 61: O começo

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Para chegar ao fim, é preciso voltar ao começo...

Espero que gostem 💖

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Novembro de 2013
Glasgow – Escócia

Eu nunca fui uma pessoa de muitos medos.

Quando criança, eu era... Curiosa. Exploradora. Destemida. A única coisa que realmente me apavorava era quando meus pais me castigavam, mas isso era só no momento, porque depois eu sempre acabava aprontando de novo. Eu não conseguia evitar. Mas no fundo, o meu maior medo era o mesmo que de o da maioria das crianças: perder meus pais.

É claro que quando somos crianças, nossos medos estão essencialmente ligados aos nossos pais ou a perda deles ou em ideias fantasiosas que nós contamos para nós mesmos durante a infância..., mas quando chegámos a idade adulta, toda a redoma que nos protegia dos medos reais do mundo, ruí. Nossos medos mudam. Os meus mudaram... Comecei a ter medo de coisas mais mundanas como: contas, dívidas e boletos. Medo de que todo o meu trabalho não fosse o suficiente para os outros, mas especialmente para mim. Medo de não encontrar o meu lugar no mundo ou de encontrá-lo e nunca conseguir alcançá-lo...

Ao longo dos anos, esses meus medos foram se dissolvendo conforme eu alcançava fama e sucesso em minha carreira de modelo. Rodei o mundo, desfilando para diversas marcas. Conheci pessoas, culturais, paisagens, comidas e animais diferentes, explorei tudo aquilo que me foi apresentado e, logo depois, todos os medos retornaram com intensidade quando decidi largar a carreira de modelo e ir atrás do meu sonho de ser atriz, me encontrando perigosamente perto de me tornar nada.

E então, mais uma vez, consegui passar por cima das minhas dificuldades e alcançar o meu sonho de atuar, não como figurante ou modelo de perna, mas como a protagonista de uma prestigiada série de livros!

Era isso! Eu tinha enfrentado meus medos e ganhado. Me tornando a mulher que sempre quis ser, desde quando aprontava aquelas travessuras na minha infância. Eu lutei e venci meus medos.

Bom, quase todos. Ainda morria de medo do amor e suas nuances, de ficar presa em um elevador ou ser deixada de fora de coisas importantes e de aranhas. Especialmente de aranhas grandes e peludas, como a que estava desfilando nesse exato momento em minha sala de estar, como se o flat fosse dela e eu nem existisse.

Se ela não estivesse no caminho entre a porta e eu, eu poderia muito bem sair do jeito que eu estava, no frio congelante da Escócia e deixar o apartamento só para ela. Como ela estava... tomei a segunda decisão mais estúpida que poderia tomar: liguei para o meu co-star.

"Sam!" Fiz minha voz manhosa, eu estava tão apavorada!

"Cait?" Sua voz estava rouca, ele provavelmente estava dormindo. Não acredito que eu o acordei!

"Desculpa foi engano!" Encerrei a ligação, envergonhada.

Merda! Não acredito que sou tão medrosa ao ponto de ligar para ele no meio da noite e não pensar que ele poderia estar dormindo ou com alguém. Fiz careta involuntariamente ao pensar sobre isso, porque se ele realmente estivesse com alguém, eu poderia ter acabado de interromper algo. O que eu faço agora? Sam era meu único amigo de verdade aqui, apesar de só nos conhecermos há alguns meses... e se ele realmente estava ocupado.

Não pense nisso.

Não, Caitríona! Você não vai pensar nisso!

Droga! O que eu faria com aquela asquerosa agora?

One More NightWhere stories live. Discover now