Capítulo 66: Pai e filha

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SAM

Ser pai era um trabalho muito difícil, mas também incrível. Todos os dias, eu acordava com a sensação de plenitude. Tinha a mulher da minha vida em meus braços pela manhã, minha filha de pulmões fortíssimos, meu trabalho dos sonhos... Era como se aquele Sam de 2011, desempregado, sem perspectivas ou esperanças de encontrar a felicidade, nunca tivesse existido.

Era como se ele finalmente tivesse encontrado o caminho de casa.

O sol estava fraco e era uma manhã fria, como só a Escócia podia proporcionar. Mas apesar do tempo, Aylla, estava animada.

Em seu carrinho, tomando o seu banho de sol e a tão essencial vitamina D do dia, ela fazia barulhinhos felizes e brincava com suas mãos e pés de maneira desordenada.

Era o nosso momento.

Cait precisava de uma pausa as vezes e eu precisava de momentos sozinhos com a nossa filha. Momentos de pai e filha. E esses momentos logo tinham se tornado meus favoritos do dia... Mesmo quando Aylla vinha dormindo e eu passava o passeio todo no condomínio florestal apenas admirando seu rostinho rechonchudo e tão parecido com a mãe.

- Querida, você acha que devemos andar pelo outro lado amanhã? Tem aquele laguinho com os patinhos que você gosta! - Aylla soltou um barulhinho gostoso, que parecia uma concordância - Quando você estiver maior, vamos roubar alguma coisa para alimentar os patos sem a sua mãe saber! Mas você não pode contar pra ela, Aylla. Isso aí, vai ser o nosso segredo de pai e filha.

Aylla seguia fazendo seus barulhos felizes, como se eu nem existisse, mas estava tudo bem. Apenas de estar sozinho com ela, observando a natureza, parecíamos extremamente próximos.

- Olha, filha! - disse ao avistar uma plantação de rosas azuis - Será que são forget me nots? Sua mãe adora essa flor!

Empurrando o carrinho de Aylla mais próximo o possível da rameira, me agachei e analisei a flor. Não era forget me nots, mas eram flores extremamente lindas...

- O que você acha, querida? Devemos levar uma para a mamãe?

Olhei para a minha menininha no seu carrinho, distraída com as árvores.

- Isso é um sim, ervilhinha? Acho que é!

Peguei uma florzinha para Cait e continuei o nosso passeio, até que os resmungos de Aylla mudaram de alegre para faminto. Estava na hora de voltar para casa...

- Amor? - Chamei ao entrar em casa com Aylla em um dos meus braços enquanto empurrava o carrinho com sua bolsa com a outra - Chegamos! Aylla está faminta!

- É só pra isso que eu sirvo para essa safada mirim? - Questionou vindo da cozinha. - A mamãe sentiu saudades, meu amor! - Falou, estendendo os braços para pegar nossa filha dos meus braços, enchendo-a de beijos em seguida.

- E do papai? - provoquei, colocando meu rosto na faixa de sua visão - Não ganho beijinhos?

- Não.

- Caitríona... - repreendi, fingindo estar chateado.

- Não vem com essa carinha de cachorro sem dono não, Heughan.

- Não mereço nem um beijinho, amor?

- Não. - ela me deu um selinho - Mas vou ser boazinha!

- Isso não é um beijo!

- É tudo o que você vai receber, querido. - Aylla resmungou, irritada - Calma, mocinha... Está com tanta fome assim?

Cait se afastou com Aylla nos braços, caminhando até o sofá para então libertar um dos seus seios para a nossa filha.

- Como foi o passeio?

- Ela ama a natureza! Quando estiver maior, vai querer escalar montanhas comigo!

- Deus me ajude! Além de perder meu noivo, agora vou perder minha filha para escaladas?

- Então você admite que sente minha falta quando tô longe?

- Um pouquinho... - Brinca, fazendo biquinho e eu não resisto, roubando um selinho - Ei!

- Sabia que eu amo você?

Ela estreitei os olhos, desconfiada.

- O que você aprontou, Heughan?

- Nada! Não posso falar que amo o amor da minha vida? - sorri, quando sua expressão desconfiada aumentou. Dei um beijo em sua testa. - Estava apenas pensando enquanto caminhava com ela... E é incrível ver que eu não apenas encontrei um trabalho fazendo o que eu amo, como também encontrei você. Sei que as vezes não damos tanto valor um ao outro, porque sabemos que não importa o que aconteça... Sempre estaremos aqui. Mas quero que você saiba, Cait, que você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Eu amo meu emprego, amo a Escócia... Mas nada disso fazia sentido antes de você.

Cait funga, secando uma lágrima que tenta esconder, mas não consegue.

- Meus hormônios estão descontrolados.

Sorrio.

- Isso não é emoção pela linda declaração que eu fiz?

- Não.

Ela deu um beijo na mãozinha de Aylla, que estava adormecida enquanto sugava o leite da mãe.

- Eu sei que não me declaro o suficiente, Sam... Sei que as vezes sou dura ou luto tanto para esconder o quanto te amo, que você acaba não vendo. Mas eu te amo, sabe? Muito. Eu já tive fama, sucesso e o mundo todo nas minhas mãos... Mas sempre falto algo. Faltava você. Você não é apenas o pai da minha filha, você é o amor da minha vida, meu melhor amigo, meu confidente... Eu te amo tanto... Tanto. - encostei nossas testas - Eu te amo mais a cada dia, sabia?

- É mesmo?

Sinto sua cabeça se mover para cima e para baixo e sei que está assentindo, mesmo estando com os olhos fechados.

- Toda vez que você me acorda com beijos ou com café da manhã, eu te amo mais.

- Interesseira. - ela ri.

- Toda vez que vou me deitar ao seu lado e você me puxa para mais perto do seu corpo.

- Você me esquenta mais que o cobertor...

- Toda vez que vejo o quão maravilhoso você é com a nossa filha. - ela acaricia minha bochecha - Tenho a certeza de que me apaixonei pelo homem certo, que escolhi viver o amor com o homem mais lindo, amoroso e maravilhoso do mundo...

- Eu amo você.

- Eu também amo você.

One More NightWhere stories live. Discover now