Shen LongYu trilhou um caminho repleto de crimes e maldades, tudo para ter a chance de se vingar das pessoas da seita ChengFu que o humilharam. Tudo o que conseguiu foi morrer pela espada da pessoa que mais odiava, Jiang ZhengHe.
A espada sagrada Yu...
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A Matriz dos Horrores mostrava as pessoas o que elas mais temiam, seus medos mais profundos.
Shen Yu ouviu seu grito antes de vê-lo, soava como uma animal ferido, ácido sendo jogado em sua ferida aberta. Então enxergou Jiang ZhengHe, de joelhos e derrotado, vendo seu eu mais velho de outra vida, majestoso e implacável punindo-o com Mil Golpes de Espada.
Jiang ZhengHe sempre cuidou dele, mesmo quando Shen Yu não apreciava o gesto. E seu medo não era outro senão machucá-lo. Medo que ficou gravado em sua alma por causa daquele momento, mesmo que o tempo tivesse voltado, suas lembranças apagadas, toda uma cadeia de tragédias impedidas.
A Matriz dos horrores não trouxe algo banal como a morte de um ente querido ou algo como insetos nojentos rastejando por sua pele, trouxe o passado de volta. Era uma ilusão, mas nem por isso menos real.
Shen Yu atravessou a clareira fantasmagórica bem a tempo de proteger Jiang ZhengHe da visão do milésimo golpe, aquele que fez sua cabeça rolar. Ele estava acostumado a ver sangue e morte e também não queria ver. Shen Yu ficou meio ajoelhado e puxou o rosto de Jiang ZhengHe contra seu peito, para que ele não viesse mais nada, nem mesmo um vislumbre da paisagem pelo canto dos olhos.
Suas mãos tremiam enquanto acariciava os cabelos dele. Seu coração tinha ficado minúsculo, insuficiente para conter tamanha amargura.
— Está tudo bem. Está tudo bem. — Shen Yu conseguiu dizer em um sussurro com uma calma que realmente não sentia. Em nenhum momento Jiang ZhengHe não o abraçou de volta.
— Não está. Sei que isso é real, ou pelo menos foi, em algum momento. — a voz de Jiang ZhengHe estava rouca, quebrada. — Não lembro como chegamos a isso, mas sei que o matei. Eu sinto.
— Estou vivo. Sinta. — Shen Yu o abraçou com mais força ainda, tão forte que doía. — Estou bem aqui e não irei a lugar nenhum sem você.
Mas Jiang ZhengHe estava perdido no que a matriz havia lhe mostrado, que não desaparecia mesmo quando fechava os olhos. Mil Golpes de Espada; mil razões para desprezar a si mesmo. Ele não se suportava neste momento, e não podia se entregar ao calor e ao conforto que Shen Yu oferecia. Sentia que não merecia, que era indigno. Não podia abraçar Shen Yu sabendo que o havia condenado.
— Eu o matei. — Jiang ZhengHe tentou afastá-lo, empurrando seus ombros para longe dele, mas ao olhá-lo nos olhos, Jiang ZhengHe percebeu, para seu horror, um traço de reconhecimento. Ele congelou. — Você sabia. Sempre soube.
Jiang ZhengHe não parecia furioso, falou com tanta calma que Shen Yu desejou que ele tivesse gritado, que o acusasse de ser um criminoso e um mentiroso. Mas Jiang ZhengHe nunca faria isso. Ele culparia a si mesmo.
— Não foi sua culpa! — Shen Yu se apressou em dizer assim que Jiang ZhengHe se levantou. Shen Yu desabou sobre os joelhos, como se fosse implorar a qualquer instante. E ele estava prestes a fazer isso.
