O Vilão Reabilitado é a Esposa. Volume 2

Capítulo 31 - Duas irmãs.

O Palácio de Jade na seita Lin Yao era todo branco, desde o teto curvado até às flores que o rodeava. Era ainda mais magnífico sob a luz do sol, parecia brilhante e imponente, como uma flor de lótus entre folhas verdes.

Ling Li suspirou suavemente, entre lamento e falta de vontade.

Os edifícios onde as palestras eram dadas, os dormitórios e o refeitório, eram feitos de madeira bruta, que brilhavam com camadas extras de verniz. Podia sentir o cheiro de madeira polida sem precisar chegar muito perto, além do leve aroma de incenso.

Para onde olhasse, Ling Li podia ver discípulas em seus uniformes de tecidos delicadamente bordados e mangas flutuantes de musselina. Ela tinha noção que suas próprias roupas pareciam sem graça, o manto amarelo sobre a túnica simples, calças e botas brancas. Ling Li se arrependeu de não ter trazido sua espada, pelo menos pareceria imponente e não alguém que entrou pela porta dos fundos.

Ela ouviu vagamente alguns sussurros enquanto passava, pôde discernir alguns rostos no meio da multidão. Discípulas internas, velhas conhecidas.

Em Lin Yao, como em qualquer outra seita, se você não fosse forte o suficiente jamais poderia subir, continuaria estagnado no mesmo lugar ou cairia em desgraça. Para ela, foi o último. Lin Yao só ficava com discípulas consideradas fortes e talentosas. Depois de ter sido reprovada em inúmeros testes, sua incompetência não pôde mais ser ignorada.

Ling Li pode sentir a decepção e o leve desdém estampados nos rostos de suas ex amigas e irmã mais velha, esmagando-a com o peso de uma montanha.

Ling Li foi guiada por uma discípula interna desde o portão, mesmo que soubesse o caminho. Ling Li arriscou um olhar, a pessoa ao lado parecia silenciosa no primeiro instante, mas na verdade apenas continha suas perguntas por educação.

Lin Yao não recebia ex membros, regra básica.

A jovem ao lado, na época em que ainda morava em Lin Yao, era uma discípula externa com quem compartilhava alguns interesses. Agora ela era uma discípula interna, cheia de graça e beleza como uma flor recém desabrochada.

O engraçado era que Ling Li nem conseguia lembrar o nome daquela pessoa. Parecia vital naquela época socializar com outras meninas, ser admirada e reconhecida por sua astúcia e beleza. Em Cheng Fu, ela aprendeu a duras penas que vaidade e aparência sozinhas, não iam levá-la muito longe.

Ling Li sempre soube que seu trabalho na biblioteca era maçante, mas era sua área de conforto, segura e tranquila, onde não precisaria se preocupar com muita coisa. Sem muita habilidade, o lugar era perfeito para ela. Então estava tudo bem. Mas em algum ponto entre sua ida a Fuzhou e o casamento, percebeu que, no mundo do cultivo, nada era tão importante quanto levantar uma espada sem cortar a própria mão por acidente.

Ela estava ficando cada vez mais ansiosa e inconformada com consigo mesma. Por isso veio hoje, não  apenas para tratar dos assuntos oficiais, mais para tratar de seus próprios assuntos.