Capítulo 8

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Liö e eu retornamos para a Árvore Sagrada, onde nos sentamos as margens do pequeno lago. Formando uma pequena bolha de água com minhas mãos, vi Neteyam sentado no que parecia ser o pico onde vimos as auroras boreais. Ainda estava bem irritado. 

— Olha, sei que não é uma questão fácil de se pensar... — Comentou Liö — Mas não é algo impossível. Claro que por agora não seria muito viável, mas não quer dizer que não vá acontecer num futuro próximo.

— Liö, não tem como eu sair daqui.

— Só porque nunca tentou, não pode dizer que não consegue. Zaya, escute. Em todos esses milhares de anos anos que Eywa me permitiu viver aqui, eu nunca vi nada que pudesse comprometer a segurança desse lugar. Nem mesmo aquele ataque do Povo do Céu. E, apesar de nunca ter admitido isso, ter Neteyam aqui com a gente me fez perceber que finalmente eu devo parar e só... Descansar. Entende?

Deixei que a bolha de água escorresse por entre meus dedos, um pouco confusa e surpresa.

— Mas você adora dar suas escapadas para o Mundo Exterior.

— Eu gosto mesmo, não é? — Liö sorriu fraco — Mas eu já tive minha vida, senhora. E fico triste em ver que você não está nem tentando viver a sua. Veja bem, eu sei tudo o que é preciso para tocar esse lugar. Não posso deixar os novos Atokirinas amontoados aqui próximos a Grande Árvore, pois estes tem o tempo certo para passar do Plano Espiritual para o Plano Material. E nunca esquecer de levar os Atokirinas devolvidos ao Plano Espiritual, para o Bosque... Para, enfim, terem seu descanso merecido. E claro, devo sempre checar o Mundo Exterior através desse lago e ver se tudo está em equilíbrio. Viu? Não é tão difícil.

— Mas é muito para uma pessoa só, Liö.

— Zaya... Eu tenho uma eternidade pra fazer tudo isso. Literalmente! — Ela ri.

Apesar de as intenções de Liö serem boas, ainda assim, não conseguia me desprender de meus propósitos. Foram anos assim.

— Zaya, vamos fazer assim. Vá com Neteyam até os Recifes e não tenha pressa nenhuma de voltar, está bem? Aproveite cada segundo com nosso menino. Nade um pouco, mergulhe com os Ilu. Os Recifes são tão bonitos, irão te ajudar a relaxar e pensar melhor. 

— ... Ele 'tá bravo. — Comentei baixinho.

Liö riu e me olhou como se eu fosse uma criança.

— Coloca na sua cabeça que ele gosta de você.

— Será?

— Garota!

Ri um pouco, deixando de lado minha preocupação.

Mais tarde naquele mesmo dia, encontrei Neteyam próximo a uma jangada. O mesmo já havia preparado quase tudo e, com mais alguns preparativos, logo partiria rumo aos Recifes. Aproximei-me cautelosamente, até ficar a alguns passos dele, fazendo Neteyam me olhar com curiosidade.

— Vejo que já tem tudo pronto. — Comentei — Não está esquecendo de nada?

— Espero que não.

Após colocar uma rede de pesca em sua pequena embarcação, Neteyam veio ao meu encontro. Sua expressão demonstrava que o mesmo não estava mais com raiva, para o meu alívio, mas também, parecia hesitante com algo.

— Zaya, eu... Peço perdão. Eu não sei como funciona esse mundo, nem como você se relaciona com ele e com a Grande Eywa... E eu não devia ter feito tal pedido. Jamais quero te colocar entre mim e seus deveres. Se eu ainda puder pedir, gostaria que Liö viesse comigo.

— Liö irá ficar, pois a mesma me prometeu que cuidaria de tudo até eu voltar.

As orelhas de Neteyam ergueram-se de repente, assim como seu olhar. Pude notar o início de um sorriso em seus lábios azuis.

— Vai comigo até os Recifes?

— Se ainda quiser minha companhia.

O sorriso de Neteyam se abriu mais e logo após me vi sendo rodopiada no ar pelo mesmo, com suas mãos em minha cintura. Quando meus pés tocaram o chão novamente, Neteyam selou nosso lábios em um beijo calmo e apaixonado. Suas mãos em minhas costas me traziam mais para perto, enquanto minhas mãos em seus cabelos aprofundavam mais o beijo. 

Um barulhinho de água próximo nos fez voltar a realidade.

— Eu... Vou pegar um pouco mais de comida. — Disse Neteyam ofegante, já se afastando.

Olhei para o mar a minha frente com um sorriso bobo.

Zaya - Princesa De PandoraWhere stories live. Discover now