Capítulo 13

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Ela estava ali. A própria Eywa estava em minha frente, olhando-me com um sorriso doce. Mesmo que não estivesse presencialmente, vê-la sob a água como um reflexo, já me deixou me sentindo muito melhor.

— Oi, mãe. — Sorri, sentindo meus olhos marejarem.

— Minha filha. — Sua voz era doce e tranquila.

— Tão bom te ver. Por que não apareceu pessoalmente? Liö e Neteyam iriam gostar de vê-la.

— Não estou aqui para vê-los, e sim, você. Como está, Zaya?

— Estou bem, na medida do possível.

— Sinto muito que tenha se machucado com aquele ataque. Eu ouvi suas preces, mas não pude respondê-las de imediato. Eu precisava restaurar o que fora destruído. Me perdoe, pequena.

— Tá, tudo bem. Fiquei assustada por vê-la tão quieta, mas estou tranquila agora.

Mamãe sorriu, satisfeita. Sentei-me na borda do pequeno lago, para melhor conversar com a Grande Eywa. Não sabia ao certo quando ela aparecia novamente, por isso, decidi aproveitar.

— Mãe, sobre o Neteyam...

— Você gosta dele, não é?

— Sim... — Respondi um pouco sem jeito — Estive pensando... Será que eu posso visitar o Mundo Exterior? Liö disse poderia cuidar de tudo até eu voltar.

— É o que o seu coração quer?

— Acho que sim. Se a senhora permitir.

Eywa deixou sua cabeça cair levemente para o lado, aparentando estar pensativa. Admito que aquilo me incomodou um pouco.

— Minha menina está tão crescida. Você não é um soldado com um dever único, tão pouco tem seu destino pré-definido. Assim como qualquer criatura que eu tenha criado, você pode querer e fazer o que quiser.

— Mas e o Mundo Espiritual? 

— Ainda continuará aqui. Zaya, eu não a criei para ficar confinada aqui e eu não entendo como pôde pensar que está presa a esse lugar. Eu trouxe Liö para lhe fazer companhia e para que fizesse você pensar em querer sair daqui. Por isso a escolhi. Mas nunca imaginei que um rapaz faria isso. — Ela ri fracamente — Neteyam é muito especial, tenho que admitir. Mas sendo filho primogênito de Jake Sully, não pode se esperar menos dele. Os humanos podem ser cruéis, destrutíveis e manipuladores, mas ainda há quem podemos confiar.

— Eles não me pareceram confiáveis. — Comentei, lembrando-me das cenas de horror na floresta.

— Nem todos, filha. Mas sempre tem um alguém em que podemos confiar. Jake Sully, Doutora Grace...

— Sim, a senhora tem razão. 

Eywa sorrira novamente. Eu amava o sorriso dela.

— Nos veremos novamente, Mãe?

— Algum dia, minha filha. Sempre estarei contigo por onde for e sempre cuidarei de ti. Eu vejo você, minha doce e pequena, Zaya.

— Eu vejo você, Mãe.

Após me dirigir mais um de seus sorrisos acalentadores, mamãe sumiu quando as ondulações da água tornaram o reflexo em algo abstrato. Os peixinho, que antes estavam escondidos, agora nadavam tranquilamente. 

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Estar com Neteyam de repente se tornou algo rotineiro, como se o próprio sempre estivesse estado ali conosco desde o início de tudo. A passagem dos dias não era algo que eu me preocupava, pois os dias sempre eram os mesmos, com exceções de quando Neteyam me chamava para ele conhecer algum lugar novo, ou quando o mesmo ia para suas pescarias. Mas eu percebia como Neteyam estava mudando, ficando mais alto e robusto. Isso sempre me servia de alerta para o dia em que o mesmo deverá voltar ao Mundo Exterior. Estava cada vez mais próximo...

Zaya - Princesa De PandoraWhere stories live. Discover now