Capítulo 46

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Parte da floresta estava sendo incendiada pelo Ash, fazendo que animais fugissem assustados. Procurei por Neteyam e Lo'ak e os achei próximo a clareira, lutando com vários homens que desferindo golpes extremamente violentos.
Tocando no tronco espesso e volumoso de uma arvores, fiz com cipós descessem e agarrassem os pescoços desses guerreiros e puxassem de volta para cima, asfixiando-os. Lo'ak e Neteyam pareciam cansados e quando voltaram sua atenção para mim, suas expressões eram de puro choque. Um pouco mais atrás Ao'nung estava com dificuldades em lidar com outro guerreiro Ash; Neteyam pegou seu arco e o mirou no homem, acertando seu coração.

Senti o solo abaixo de nossos pés vibrar, como se algo estivesse chegando. Tocando-o com as pontas de meus dedos, notei que se tratavam de cascos sendo pisados contra o chão, provavelmente pertencentes aos Pali. Apenas tribos da floresta utilizavam os Pali como meio de se locomoverem.

E então, Jake Sully surgiu em cima de seu grande e majestoso Toruk e o fez pousar no centro da clareira. Jake abandonara seu penteado com mechas emaranhadas para dar lugar a compridas tranças com algumas folhas inseridas. Em sua mão havia uma arma produzida pelos humanos e em sua orelha algum mecanismo do qual não consegui identificar o que era de início, mas logo descobri ser para comunicação. E, ao seu lado, estava sua esposa, Neytiri.

— Pai, você conseguiu Toruk de volta? — Perguntou Lo'ak extasiado.

— Uma vez Toruk Makto, sempre Toruk Makto. — Respondeu Neytiri com uma expressão séria.

— Zaya, o que aconteceu com você? — Perguntou Jake.

A princípio não entendi sua pergunta, até que Neteyam se aproximou de mim e pegou uma mecha de cabelo minha, mostrando-me sua cor. Estavam completamente brancos.

— Ah... Isso não é nada.

— Bom, enquanto sobrevoava a ilha, notei muitos barcos vindo em nossa direção. Alguns foram danificados pelo Payakan, mas os outros conseguiram ancorar na praia — Informou Jake — Mesmo com a quantidade de Omaticayas vindo, ainda assim somos um número menor.

— Quanto a isso, não se preocupe, Sr. Sully.

— Sr. Sully? Filhinha, você é praticamente uma deusa. Não tem que me tratar assim não.

— Bom, mesmo que venham para o interior da ilha, eles não conseguirão passar por nós. Lo'ak, volte para a praia e vá até o Payakan.

— Mas e as outras tribos? — Perguntou o rapaz, preocupado.

— Jake o acompanhará. Está na hora de se tornar um cavaleiro também.

Lo'ak olhou para seu pais, que não fizeram mais do que concordarem comigo.

— Ficarei aqui na floresta. Preciso fazer uma coisa.

— Então, ficarei com você. — Disse Neteyam.

Antes de partir, Jake nos dera alguns dispositivos de comunicação pedindo para que o deixasse atualizado de tudo. Assim que ambos pai e filho partiram, ajoelhei no chão e o toquei com as duas palmas de minhas mãos. Concentrando-me, senti cada criatura que pisava, corria e se rastejava por aquela floresta. O Clã Omaticaya estava perto, assim como os membros de outras tribos que sobreviveram ao Payakan e ao Akula.

Então, usando meu poder, chamei todos os predadores que residiam naquela floresta. O primeiro a escutar e obedecer ao meu chamado fora um Palulukan, que com sua velocidade, chegara rapidamente até o local onde estávamos. Neytiri e Neteyam se assustaram com suas presenças e até miraram suas armas para ele, até que o animal veio ao meu encontro e lambeu o meu rosto.

— Não precisam se preocupar. Este é Säfyep, será seu parceiro durante a batalha, Sra. Sully.  (Lê-se "safiê", significa 'garra')

Com os olhos arregalados, Neytiri se aproximou cuidadosamente do predador. Säfyep se curvou para ela e permitiu que a mesma fizesse ligação com ele.
Após a mesma já estar montada, Neytiri saiu com seu Palulukan selva adentro, emitindo seu grito de guerra. Neteyam estava completamente abismado.

— Toruk, Palulukan e Payakan. Tenho praticamente uma família de guerreiros!

— Talvez deva pegar A'tanvi.

— Como se eu fosse te deixar aqui.

De repente, senti como se tivesse golpeado meu estômago. Uma, duas, três vezes. Neteyam abaixou-se preocupado e perguntou o que estava acontecendo.

— Estão atacando Payakan e nosso Akula! — Respondi entredentes.

— Lo'ak, na escuta? O que está havendo?

Estão nos atacando com lanças! O Akula que estava conosco está extremamente ferido! Tem muito sangue na água! Payakan está bem, mas estamos sozinhos! Nosso pai está tentando falar com os líderes das outras tribos, mas está sendo atacado também. Vamos ter que recuar!

Neteyam olhou preocupado para mim e assenti, concordando com seu irmão.

— Não deixe que atinjam o Payakan. Saiam logo daí!

— Não posso chamar pelos Tulkuns, há muito bebês em seu bando. Temos que manter o conflito em terra. — Falei com certa dificuldade.

— Deixamos que eles venham, então?

Senti a vibração do solo cada vez mais forte.

— ... Sim. Deixe que venham.

Enquanto os guerreiros Omaticayas não chegavam, Neteyam me protegia de alguns guerreiros Ash que ousavam atacar. Após alguns minutos, Tarsem, líder do Clã Omaticaya chegara montado em um Pali. Seus guerreiros formaram um círculo ao nosso redor como medida preventiva contra futuros ataques.

— Tarsem?

— Então, é verdade. Você está vivo!

Neteyam e Tarsem se abraçaram brevemente.

— Tarsem, está é Zaya. Está nos ajudando com esse conflito.

Tarsem ofereceu sua mão para me ajudar a levantar, mas neguei quando percebi que além de terem escapados de Payakan e o Akula, guerreiros aliados da tribo Ash estavam dando a volta na ilha e indo em direção às ilhas vizinhas.

— Estão indo atrás das mulheres!

— Mandei alguns guerreiros protegerem as outras ilhas. — Informou Tarsem — Devo me juntar a eles agora mesmo. Diga a Tonowari que meus guerreiros estarão ao seu dispor.

Neteyam assentiu e Tarsem voltou a montar em seu Pali, sendo seguido por alguns seus homens. Após me ajudar a levantar, Neteyam deu a ordem aos Omaticaya restante para que fossem para a praia, ajudar Tonowari.

Mas antes que eu pudesse me dar conta, senti como se tivessem desferido outro golpe em mim. Neteyam passou seu braço em volta de meu corpo para que eu não caísse.

— Zaya, o que foi?

— Querem matar o Akula que está fora dos recifes. Preciso chegar na água logo.

— Chame por A'tanvi e eu te levo lá.

Assenti e tentei me concentrar, mesmo com aquela dor horrível em meu estômago.

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Curiosidade: Zaya sente a dor ser maior quando atacam animais (por terem a conexão maior com o Mundo Espiritual), do que quando atacam os Na'vi.

E calma que logo Spider é Kiri vão chegar:)

Zaya - Princesa De PandoraWhere stories live. Discover now