Zaya - Princesa De Pandora

Capítulo 48

— Alguns idiotas conseguiram ir para as ilhas vizinhas!

Este fora a mensagem que Jake nos transmitira antes de partir com alguns guerreiros, em busca dos homens que estavam ameaçando chegar nas outras ilhas.

Aparentemente estavam todos bem. Tivemos muitas baixas, mas o clã ficaria bem depois de um tempo. Os Omaticayas decidiram que ficariam conosco até que nos estabilizássemos novamente e ainda sendo muito surpreendente, Spider conseguira um corpo de Avatar para ele. Estava tão animado que queria fazer ligação com praticamente todos os animais que vira pela frente, mas fora impedido por Kiri.

— É tão estranho não ter que olhar para cima quando eu falo com vocês! — Disse ele com um sorriso largo — Nossa, e como é diferente respirar sem aquela coisa no meu rosto! Diz aí, Lo'ak, eu tô bonito?

Lo'ak riu pedindo para seu amigo se acalmar.

— Então, eles tinham mesmo um corpo guardado para você. — Comentou Neteyam.

— Parece que minha mãe adotiva pediu para que fizessem um para mim. Quando eu tinha quinze anos, tiraram algumas amostras minhas para fazer esse corpo. Eu não sabia que era para isso, ela disse que eram exames de rotina.

— Cara, demora cinco anos para um corpo desse ficar pronto. Se fizeram quando você tinha quinze anos, significa que esse corpo ficou pronto por agora. — Disse Lo'ak.

— Sim, é bem legal, não é? Aí, Zaya, o que achou? Uma pena toda vez que eu dormir eu ter que ser "desligado" dele. Mas só de conhecer a sensação que é ser um Na'vi, já vale a pena.

Sorri fraco para Spider.

— Quando acordar no laboratório, Spider, peço que venha para cá o quanto antes, está bem?

— Por quê?

— Estarei cumprindo uma promessa que fiz a você. Pode deixar seu corpo de Avatar em minha tenda até você chegar.

Spider não havia entendido o que eu dissera, até que viu Lo'ak, Kiri e Neteyam comemorarem.

Deixando os quatro amigos de lado, peguei meu Ilu e fui até o outro lado dos recifes, depois da barreira de corais, para cuidar de meu Akula e de Payakan.
O Akula estava próximo a superfície como eu havia ordenado e parte de sua barriga estava sangrando, deixando a água numa colocarão avermelhada. Suas costas estavam cheia de lanças cravadas.

Ao aproximar-me, toquei seu rosto delicadamente.

— Oi, meu amigo. Você muito corajoso hoje, sabia? Desculpe ter demorado tanto. Deve estar sentindo tanta dor.

O Akula fechou levemente seus olhos, como que concordando comigo. Neteyam, Kiri e Lo'ak aproximaram-se de nós com seus Tsurak e me ajudaram a tirar as lanças de cima daquele Akula. Lo'ak e Neteyam estavam um pouco machucados, mas conseguiram tirar os objetos das costas dele. Usando de meus poderes, fechei cada um de seus ferimentos, mas ao final do processo, percebi minhas mãos trêmulas. Isso devia ao fato de que para curar animais, eu usava parte de minha energia vital. Mas eu não me importava com isso, só com o bem estar daquele rapazinho.

— Obrigada pela ajuda, você foi incrível. Pode ir agora.

O Akula, depois de me lançar um olhar agradecido,  afundou naquelas águas e foi embora. Após isso, tratei dos ferimentos de meus meninos e me aproximei de Payakan, sentando em sua nadadeira.

— Eu não me esqueci de você, Payakan. Você e Lo'ak formam uma dupla e tanto.

Payakan levantou levemente sua cabeça, jogando um pouco de água em Lo'ak. Também fechei seus ferimentos, embora tenha ficado muito fraca depois disso. O enorme Tulkun permitiu que eu descansasse um pouco em cima de sua nadadeira.

— Zaya, o que aconteceu com a Varang? — Perguntou Lo'ak — Não encontraram o corpo, mas viram ela se rastejar, enquanto você caminhava calmamente atrás dela. O que fez?

Diante dessa pergunta, não ousei olhar para eles. Apenas respondi que fiz o que tinha que fazer para salvar a tribo. Mas é claro que isso não fora o suficiente. Neteyam fez com que seu Ilu se aproximasse de mim e tocou em minhas mãos trêmulas.

— Sei que fez o certo para a tribo, mas é muito estranho que não tenham encontrado o corpo dela. Então, me ajude a entender. — Pediu ele baixinho — Ela teve o mesmo destino que Quaritch?

Levantei meu olhar de encontro ao seu rosto, sentindo  meus olhos marejarem. Tentei dar-lhe uma resposta válida, mas antes que eu pudesse me dar conta, uma lança atravessará meu abdômen. O autor do lance estava escondido em um dos corais, atrás de uma enorme pedra. Lo'ak pegou seu arco e atirou no mesmo.

Eu estava perdendo muito sangue.

Kiri se desesperou, mas ficou com medo de arrancar a lança de mim, assim como Neteyam. Lo'ak foi quem a tirou, mas eu não conseguia fechar o sangramento. Foi então que Neteyam teve a ideia de voltarmos ao Mundo Espiritual.

— Como farão isso? — Indagou Lo'ak.

— Tenho que mergulhar com ela. Só espero que a passagem esteja aberta.

— Eu vou com vocês! — Exclamou Kiri, determinada.

— O que? Não. Você fica.

— Ela é minha irmã, Neteyam. Eu vou com vocês, sim!

— Tá, bem. Mas fique perto de mim.

Respirando fundo, os dois mergulharam puxando-me junto com eles. Vi como a luz da superfície diminuía ao modo como chegávamos no fundo. E quanto mais próximos estávamos, mais eu perdia minha consciência por conta do sangramento.