Capítulo 16

1.2K 148 13
                                    

Toda a tribo Metkayina estava reunida para ver o milagre. O filho mais velho de Jake Sully, morto em combate, estava de volta à vida. E trouxera uma companhia com ele.
Todos aqueles olhares sobre mim estavam me deixando nervosa e percebendo isso, Tsireya ficou ao meu lado o tempo todo.
Neytiri veio correndo por entre a multidão abraçar o seu filho. Ela chorava tanto, que as lágrimas acabavam molhando um pouco de Neteyam também durante o abraço.

— Graças a Eywa! Meu filho voltou! — Dizia ela com a voz trêmula.

Jake veio logo depois. Ele ficou alguns segundos olhando para Neteyam, como quem estava assimilando o que estava acontecendo. Neteyam, por sua vez, aproximando-se vagarosamente de seu pai e o abraçou. Jake levou um tempo, mas este abraçara seu filho de volta. Era nítido a felicidade do casal. Neytiri não parava de agradecer a Eywa pela volta de Neteyam. Jake olhava para Neteyam e voltava a abraça-lo diversas vezes.
Até que Lo'ak e Kiri apareceram. Kiri deu um abraço rápido e disse que estava feliz em vê-lo, o que me chamou a atenção. Ela não chorou ou demonstrou estar surpresa, na verdade, até parecia que ela sabia que ele voltaria. Logo após foi a vez de Lo'ak.

Lo'ak era uns três centímetros mais baixo que Neteyam, mas seu porte físico era mais forte que o do irmão. Jake devia ter ficado em seu pé após Neteyam ter partido. Lo'ak estava com uma expressão indecifrável em seu rosto.

Parecia abismado em ver seu irmão vivo. Ele o encarava de cima abaixo, como se o fato de o próprio Neteyam estar ali na sua frente não era o suficiente pare ele acreditar que seu irmão estava de volta.

— Oi, mano. — Neteyam disse, num tom baixo de voz.

— Como... Como isso é possível?

— Eywa me trouxe de volta.

— Você tá bem...

— Sim. E você também. Mudou pra caramba, eu não esperava que... — Neteyam fora interrompido pelo abraço apertado de Lo'ak.

De todos os familiares e amigos de Neteyam, aquela cena com seu irmão foi o que mais mexeu comigo. Além de irmãos, Neteyam e Lo'ak eram melhores amigos e mesmo não admitindo, Lo'ak se culpava pela morte do irmão. Mas vê-lo ali bem e vivo, fez com que Lo'ak se sentisse mais aliviado. E feliz.

— Mano, quero que conheça alguém. — Disse Neteyam.

— Quem?

Neteyam olhou para mim com um sorriso e Lo'ak olhou na mesma direção. Neytiri e Jake também me olharam, perplexos.

— O nome dela é Zaya. Ela veio comigo.

— Eywa te trouxe de volta também? — Indagou Neytiri.

— ... Sim.

Ouvi burburinhos vindos da multidão Metkayina. Senti-me desconfortável, mas logo Ronal e Tonowari, líderes do Clã, vieram ver o que estava acontecendo. Aonung e Tsireya informaram aos seus pais sobre a volta de Neteyam e minha aparição, pedindo permissão para que eu ficasse na ilha. Ronal não pareceu gostar nada.

— A que tribo pertence? — Perguntou Tonowari.

— Ela não se lembra de nada, pai. Apenas do nome. — Respondeu Aonung.

Tonowari virou-se para Ronal, como quem estavam conversando apenas por olhares.

Todos estavam calados, a espera de uma resposta.

— O que saber fazer, Zaya? — Questionou Tonowari e todos voltaram sua atenção a mim.

— Eu... Hum...

— Um Akula arrancou sua língua? Fale, garota! — Exigiu Ronal.

Tsireya me incentivou a falar, me dirigindo um sorriso doce.

—  ... Eu sei caçar, senhor. E sei nadar também. Sei como montar em Ilu's e os Tsurak também.

— Sabe montar em um Tsurak? — Espantou-se Tonowari.

— Impossível! — Exclamou Ronal — Grandes guerreiros levam meses até conseguir a primeira ligação com um Tsurak. E mais alguns meses para poder montá-lo com maestria.

Mãe, o que eu faço?, pensei preocupada.

Neteyam, de repente, ficou entre mim e os dois líderes.

— Zaya não se lembra de sua terra natal, mas suas habilidades ainda são perfeitas. Se permitirem que ela fique, verão que ela será muito útil para a tribo.

Tonowari parecia pensativo. Já Ronal, me fuzilava com o olhar. Eu só pedia a Eywa que aquilo tudo acabasse o mais rápido possível, pois eu me sentia um peixe fora d'água com tantos olhares sobre mim.

— Zaya,  permitirei que fique conosco em nosso clã. Os Sully ficarão encarregados de cuidarem de você e a ajudarem a se adaptar. Sobre sua montaria nos Tsurak,  eu mesmo gostaria de ver.

— ... Sim, senhor.

— Jake, a responsabilidade é sua.

— Pode deixar.

Tonowari assentiu, se afastando com sua esposa e pedindo para que sua tribo voltasse para seus afazeres. Tsireya me abraçou repentinamente, alegando estar contente com a decisão de seu pai. Aonung não pareceu se importar tanto.

— Eu disse que meu pai permitiria.

— Fiquei um pouco nervosa com sua mãe. — Admiti baixinho.

— Ela é assim mesmo, logo você se acostuma.

Espero que sim.

— É... Zaya, não é? — Jake chamara minha atenção.

— Isso mesmo, Sr. Sully.

— Sr. Sully...? Não, não precisa me chamar assim. Pode me chamar de Jake.

Neytiri o olhou incomodada.

— Acho que prefiro chamá-lo de Sr. Sully, se não for incômodá-lo.

— Se é o que quer. Tsireya, Tuk e Kiri vão te ensinar nossa rotina. Aliás, onde está Kiri?

Todos olharam ao redor. Kiri havia sumido durante aquela reunião, mas eu sabia bem onde ela estava. Kiri estava em cima de uma tenda, olhando-me como quem estava me analisando. Olhei-a com um sorriso doce e acenei para ela.

— Oi, Kiri.

Neteyam assustou-se, pois não esperava ela ali.

— Kiri, desça daí. Venha conhecer Zaya.

Sem tirar os olhos de mim, Kiri desceu da tenta com um pulo. Ela caminhou em passos curtos até ficar frente a frente comigo e estendeu-me sua mão, como cumprimento.

— Bem-vinda a ilha Metkayina, Zaya.

Olhei para sua mão, desconfiada e a apertei. Uma leve onda de choque passou pelo meu corpo, me fazendo soltar a mão de Kiri, repentinamente. E pela sua expressão, pude ver que ela sentira o mesmo.

— O que foi isso? — Indagou Neteyam.

— Como você...?

Antes mesmo de Kiri terminar sua frase, Tsireya puxou-me para perto dela, dizendo que iria me mostrar a ilha naquele momento. Agradeci mentalmente a Metkayina por este feito, pois não queria ter que lidar com Kiri agora. Ter enfrentando a família de Neteyam, os líderes do clã e uma multidão de nativos olhando-me estranhamente fora demais para um dia só.

Zaya - Princesa De PandoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora