Capítulo 49

504 61 2
                                    

POV Autora

Kiri Neteyam conseguiram fazer a passagem para o Mundo Espiritual, mas quase se afogaram no processo. Segurando Zaya firmemente em seus braços, Neteyam a levou para o meio das raízes da Árvore Sagrada, encontrando Liö, que já estava a sua espera.

— Graças a Eywa vocês conseguiram. — Disse a azulada com uma expressão mais aliviada em seu rosto. — Ah, oi Kiri.

— Ela está perdendo muito sangue, o que faremos? — Indagou Neteyam.

O medo e o nervosismo eram nítidos em sua voz. Liö pediu para que ficasse com ela abaixo da árvore, enquanto a mesma fazia a ligação entre Zaya e Eywa, usando o Queue da mesma com um dos filamentos bioluminescente da árvore. Após a conexão, Zaya expeliu um pouco de sangue, deixando Neteyam e Kiri ainda mais nervosos.

— Liö, ela não está se curando.

— Fique calmo, ela está com Eywa agora.

— Ela... Morreu? — Perguntou Kiri, temerosa.

— O q... Não! Mas ela precisará da Grande Mãe para se recuperar. Preciso cuidar dos Atokirinas no Bosque, podem ficar com ela?

— Precisa de ajuda? — Perguntou Neteyam.

— Eu queria poder dizer que não... Mas ela causou muitas mortes.

— Eu vou. — Kiri levantou-se, indo ficar ao lado de Liö — Será melhor se meu irmão estiver com ela.

Neteyam agradeceu com um aceno de cabeça, vendo as duas Na'vi correrem até o Bosque.

*********************

Acordei com barulhinho de água próximo a mim. Abrindo lentamente meus olhos, vi um enorme lago a minha frente. Milhões de seres esvoaçantes pairavam sobre as águas, como se estivem em uma calma e vagarosa dança. Estava tão quieto. O único som audível, era dos peixes nadando próximos a superfície da água.

Estou... No Bosque das Almas?

Ao olhar para cima, deparo-me com um ser de cabelos e olhos brilhantes e de um sorriso acolhedor. Uma de suas mãos tocava gentilmente meu rosto, enquanto a outra afagava meus cabelos. Seu toque me trazia tanta paz, que por um segundo, permiti esquecer de tudo a minha volta.

— Mãe...

Eywa aproximou seu rosto do meu, deixando um beijo delicado em minha testa.

— Oi, filha.

— Senti sua falta, Mãe.

— Eu sei, querida. Mas eu sempre estive com você.

Em meio ao nosso momento de paz, um pensamento adentrara intrusivamente em minha mente: os três mil guerreiros que eu matara, assim como sua líder, Varang. Assustada, levantei-me sobressaltada sentindo-me com pouco ar.
Mamãe tocou meu ombro por alguns segundos, com o intuito de me acalmar. Respirei fundo algumas vezes, percebendo lágrimas rolarem pelo meu rosto.

— Mãe, eu sinto muito! Quebrei suas regras, destruí sua criação e deixei amostra minha verdadeira face aos nativos! Me perdoa! — Virei-me para ela e a abracei fortemente — Por favor, me perdoa!

— Acalme-se, Zaya.

— Eu sou uma péssima filha, eu sinto muito!

Em sua calmaria espantosa, mamãe limpou minhas lágrimas e pediu para que eu voltasse a deitar em seu colo. Obedeci-a sem hesitar, embora minhas lágrimas parecia ter adquirido vida própria, pois não paravam de cair.

— Quando eu a criei disse algumas palavras a você. Você se lembra delas?

— ... Que eu deveria proteger Pandora acima de tudo.

— Sim. Isso já tem um tempo, não é? Naquela época éramos só você e eu. Não existiam os Metkayinas, os Omaticayas e nem mesmo os humanos residentes haviam chegado. Mas agora está tudo mudado, Zaya. Você têm amigos que te amam. Você tem uma irmã. Então... Gostaria de reformular o meu pedido, está bem?

Assenti, ouvindo atentamente as palavras de minha mãe.

— Proteja aqueles que cuidam de Pandora acima de tudo. Sejam eles dos nossos ou não.

— Mas mãe... Suas regras...

— Eu as criei porque você ainda era muito nova para usar seus poderes. Você sabia muito sobre Pandora, mas quase nada sobre si mesma. Você evoluiu muito minha filha e seus amigos tiveram boa participação nisto. Toda a Pandora agora sabe de sua existência e isso pode ser perigoso. Você pode garantir sua segurança e a de seus amigos?

O momento em que estava na floresta conversando com eles surgiu em minha mente, como uma resposta clara a pergunta de minha mãe.

— Eu daria minha vida a eles, mãe. Não deixaria que nada acontecesse a eles.

Levantei-me e olhei seu rosto iluminado. Mamãe estava com uma expressão suave, mas não sorria.

— Mãe, sobre as mortes... Eu...

— Todos nós temos nosso lado sombrio, Zaya. Cabe a cada um de nós o compreendermos e usá-lo em nosso favor, visando a segurança de quem amamos. O equilíbrio entre o bem e mal.

Olhei para minhas mãos, vendo a marca do Atokirina. Mamãe colocou sua mão sobre as minhas e com a outra, tirou uma mecha de cabelo que estava em meu rosto.

— Cuidarei deles mãe. Eu prometo.

— Eu sei que vai. — Ela sorri — Que tal conversarmos com sua irmã?

— Com a Kiri? Há muito ela não se conecta com uma Árvore das Almas. Ela tem medo do que pode acontecer.

— Bom... Está na hora de resolvermos isso de uma vez por todas.

Zaya - Princesa De PandoraWhere stories live. Discover now