If I Believe You

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Tudo aconteceu muito rápido, em um minuto eu estava sozinha no chão do meu quarto, em seguida mais garotas foram chegando, no final éramos 12, contando com as duas meninas que estavam no sótão. Ficamos todas juntas, assustadas e chorando e pela primeira vez em anos eu abracei alguém. Joy foi a primeira a chegar e se jogou ao meu lado, ficamos chorando juntas, apavoradas e aliviadas ao mesmo tempo. Em silêncio.

Só nos tiraram daquele quarto horas depois, a casa toda estava vazia quando descemos os degraus acompanhadas pelos policiais, todas tremendo de frio. Entramos todas em uma espécie de furgão, na hora pensei que seriam os levadas direto para a delegacia, mas nós trouxeram direto para esse hospital onde coletaram todo tipo de exame e depois nos acomodaram em quartos separados.
E agora, deitada aqui nessa cama onde não consegui dormir nem um único segundo, ainda sinto o medo até os meus ossos. Fico relembrando como a  maioria de nós mal conseguia ficar de pé quando os policiais nos chamaram para fora do quarto, algumas não conseguiram nem falar o próprio nome. Anos de cárcere mental e físico não podem ser rompidos em algumas horas, eu sei porque depois que falei meu nome ao policial, não consegui dizer mais nenhuma palavra, minha  boca abria mas não saia som nenhum. O medo é paralisante, é terrível.

Respiro fundo mais uma vez, e uma crise de tosse me pega em seguida. Me sinto doente, fraca e cansada. Quero minha mãe e meu pai, quero ouvir suas vozes e saber que ainda pertenço a algum lugar nesse mundo, espero que não tenham mudado de endereço e telefone, deixado tudo pra trás só para poder superar a filha que desapareceu.

Alguém bate a porta interrompendo meu fluxo de pensamentos confusos.

- Pode entrar. - respondo e minha voz sai rouca demais.

Duas mulheres entram no quarto, a primeira vestida em um jaleco branco que eu defino ser uma médica, e logo atrás uma mulher mais jovem, vestida em uma roupa social, ela sustenta uma expressão séria e desconfiada.

- Como se sente? - a médica pergunta - Sou a Dra. Anna - ela estica a mão e sorri, retribui o gesto e ela aperta minha mão - conseguiu dormir?

- Não. Já posso ligar para minha casa?

- Sua família já foi avisada assim que te encontramos, seu caso ainda estava em aberto. A propósito, sou a Detetive Abramov. - aceito sua mão e aperto de leve - estão a caminho.

- Estão vindo pra cá? - me animo. 

- Sim. - a detetive concorda - Mas agora preciso que responda algumas perguntas.

Me acomodo melhor na cama e me preparo para responder o que eu puder.

POV Marisol

A sala de casa está cheia, observo todos sentados em volta da mesa de centro cheia de bagunças, Dylan e Cole com as namoradas, Bárbara e Lili, Madelaine, Vanessa e KJ, os 3 últimos chegaram em nossa vida no momento mais difícil e deixaram nossa casa menos triste. É mais fácil suportar os dias quando sua casa não parece um túmulo silencioso, quando a vida e risos e música, quando seus filhos tem amigos incríveis com quem desabafar e seguir em frente.

Não há substituto para a minha garotinha, jamais haverá, Camila era a luz da nossa casa, o sorriso constante, a doçura, e as traquinagens. Ela não foi um bebê planejado, Mark e eu planejamos não ter filhos biológicos, por isso adotamos os gêmeos eles chegaram com 4 anos e eram uma bolha de energia, mas também eram carentes, um pouco rebeldes, e cheios de amor.

Acho que a vida com duas crianças tomou toda a minha atenção e 1 ano depois Camila nasceu, ela era linda, pequena, delicada e com os olhinhos mais brilhantes que já vi, os meninos ficaram apaixonados e todo aquele ciúmes que tiveram durante minha gravidez simplesmente foi embora, eles só queriam fazer tudo por ela, era uma luta fazê-los dormir no próprio quarto.

Stolen Life (Repost)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora