Girl On Fire

1K 55 7
                                    

CAMI POV

Os dias após meu ataque de Pânico no curso foram calmos, percebi que de imediato alguns ficaram com receio de se aproximar e outros acharam melhor me deixar quieta, então me cumprimentavam de longe. Mas o grupo mais próximo, que almoça comigo todos os dias e me ajuda nos estudos, continuaram ao meu lado.

O professor Melton provavelmente me achou maluca demais e parou de me tocar a todo instante e fazer sussurrando no meu ouvido. Se voltar não deixarei que avance, sei que posso enfrenta-lo.

Assim como sei que vou ter que enfrentar o tribunal, ou tribunais, juízes, júris e também meus carrascos. Meus pais estão cuidado da maior parte de tudo, eles querem me manter afastada  e conseguem na maior parte, mas em algum momento sei que terei que falar de novo. Por algum motivo tudo parece muito lento. Hoje terei mais detalhes já que o advogado que cuida do caso vira até em casa para conversarmos. Estou nervosa, enjoada, com dor de cabeça, mão gosto de falar sobre tudo aquilo, na maior parte do tempo tento nem mesmo pensar. Quando penso posso sentir tudo, o cheiro, o frio, a solidão, a dor física, a dor na minha alma e desabo. Odeio me sentir fraca e indefesa.

Não vejo a hora de tudo isso acabar, as coisas ficarem no passado e eu não precisar falar sobre mais nada sobre. Eu vivi todos aqueles anos, todos aqueles dias, sei que nunca serei a pessoa que poderia ter sido, sei também que meu sequestro, cárcere e estupros de certa forma vai moldar todo meu futuro. Mas seria demais não querer viver isso a cada poucos dias?

- Hey, Cami, o advogado chegou. - Dylan fala do outro lado da porta - Cami?

- Já vou, só ... Só um minuto. - respiro fundo e aperto o colchão - chama a mamãe pra mim?!

- Cami ... - a porta abre mas não consigo me mexer - Está tudo bem, estamos com você.

- Já deveria ter me acostumado.

- Ninguém se acostuma a falar de coisas ruins, mana, ainda mais coisas que aconteceram com nós mesmos ... E o que te aconteceu ... Me deixa orgulhoso cada dia que você levanta e sorri, porque eu teria morrido.

- Foi fácil ... Não tinha como morrer naquele lugar. - Dylan senta ao meu lado e passa o braço em meus ombros - não de uma forma digna ... Ou rápida e com pouca dor.

- Cami ... Não faça isso. - ele sussurra e me aperta mais forte - Vamos descer se uma vez. Nós dois, juntos. Tudo bem?

- Não quero que você escute nada.

- Coloco o fone. - ele dá de ombros - mas vou ficar segurando sua mão.

- Vocês não tem que ficar passando por isso junto comigo.

- Mas nós queremos. Você não está mais sozinha, Cami.

- Eu sei. - respiro fundo e aperto a mão do meu irmão - Vamos lá então.

Dylan me ajuda a levantar já que meus joelhos estão ameaçando ceder, respiro fundo e me preparo. Estou segura, estou em casa, não estou sozinha.

- Olá - meu advogado cumprimenta,  ele e sua assistente estão sentados na sala da minha casa de forma confortável - como você esta?

- Bem. - dou de ombros.

- Mãe, pode ir que eu fico com a Cami. - Dylan pede pra nossa mãe que está sentada no sofá com os olhos já úmidos - pode ir, está tudo bem.

- Tem certeza, querido? - Dylan acena em concordância e eu permaneço calada - Camila?

- Tudo bem, mãe. Vou ficar bem.

Minha mãe caminha até mim, ela procura algo em meu rosto que peça para ela ficar. Mas não tenho esse direito, perdi as contas de quantas vezes ela já teve que ouvir as histórias nojentas que tenho para contar. Não precisa disso de novo, então só balanço a cabeça para mostrar que está tudo bem, ela me beija e sai.

Stolen Life (Repost)Where stories live. Discover now